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O prédio mais estreito da Europa, situado numa rua lisboeta, na zona da Arroios, corre o risco de ser demolido por vontade da câmara municipal, apesar da contestação dos proprietários e do pesar manifestado por alguns vizinhos.
A fachada do degradado edifício de três andares no número 16 da Rua Aquiles Monteverde, perto do Jardim Constantino, tem apenas 1,60 metros. Apesar desta particularidade, a Autarquia alega que o imóvel apresenta perigo iminente de colapso, não está classificado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) e não tem "interesse municipal, nem está em zona de protecção".
Os proprietários defendem-se e garantem que, se não fizeram obras de conservação, foi porque houve uma derrocada no prédio contíguo, pelo que ainda aguardam pela indemnização correspondente aos prejuízos sofridos. Avisam, por outro lado, que, se houver demolição, os dois prédios vizinhos também vêm abaixo.
O princípio do fim do número 16 deu-se em Julho de 2000, quando a estrutura de ferro que escorava a empena do edifício contíguo ruiu devido a escavações para uma nova construção. Esta derrocada provocou danos muito graves no imóvel, obrigando ao realojamento de duas idosas que ainda ali viviam. Na altura, o proprietário do imóvel, Manuel da Fonseca Serrão, avançou com uma acção por danos contra a Câmara de Lisboa e o empreiteiro que construiu o prédio, conforme contou à Lusa.
Fonte camarária disse à Lusa que a decisão da demolição se baseou numa vistoria realizada em Agosto do ano passado ao prédio, depois do tribunal ter dado razão à autarquia em Abril. Na vistoria foi constatada a necessidade de executar obras de demolição e proceder ao despejo imediato e definitivo do imóvel, revelou . "O imóvel está em risco de ruína estrutural e em perigo de colapso", conclui.