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O desporto e sobretudo o futebol sempre a cativou, desde criança, quando acompanhava o pai a ver jogos. Os estudos levaram-na para o jornalismo e, rapidamente, para a televisão. A sorte que a acompanha, segundo ela, levou-a para a secção que queria a desportiva. Não a incomoda mesmo nada ser a única mulher quando faz as reportagens de jogos de futebol.
alvez o facto de lidar desde nova com o futebol tenha contribuído para o seu gosto pelo desporto. Natural do Porto, estudou jornalismo na Universidade Fernando Pessoa. Em 2001, na NTV, integrou, depois do estágio, a secção desportiva. Em 2003, com a passagem para a RTPN, continuou a fazer parte da secção e a fazer aquilo que mais gosta.
Jornal de Notícias|O desporto foi logo uma opção sua?
Inês Gonçalves| As pessoas falaram-me porque percebiam que eu gostava, costumava ir ver futebol e falava sobre os jogos. Na NTV, quando foi definido o que cada um iria fazer, tentaram colocar as pessoas na área em que se sentiam mais à-vontade. Eu logo concordei, claro, porque além de ser uma boa área, sempre gostei e por isso estou aqui. Quando fomos absorvidos pela RTP colocaram-me de imediato na equipa do Desporto, e já lá vão três anos.
Como apareceu a hipótese da televisão?
Também era o que eu mais gostava. Fiz um estágio no "Diário d Notícias", no 4º ano da Universidade, quando o que eu já preferia era a rádio e a televisão. Quando do estágio na NTV fiquei ainda a gostar mais porque correspondeu mesmo às minhas expectativas. E tudo acabou por correr bem, pois sou uma pessoa de sorte. Como costumo dizer nasci no ano certo, comecei a estudar no ano certo e acabei o curso no ano certo.
Além do jornalismo trabalhou noutra coisa?
Estive na Associação Nacional dos Jovens Empresários durante ano e meio, antes da NTV. Gostava mais de trabalhar ali do que no "DN".
Já não é estranho uma mulher como profissional no jornalismo desportivo?
Acho que hoje em dia já é normal, já há muitas mulheres.
Mas já pode dizer-se que as mulheres são em bom número nesta área do jornalismo?
Sim, por exemplo, na RTP, há algumas, logo não é uma coisa tão fora do comum. No entanto, aqui no Porto sou a única dos cerca de dez que existem na secção.
Não se sente um bocadinho intimidada por ter de fazer reportagem, no caso do futebol, num mundo de homens?
Quando vou fazer um treino de futebol de jornalistas no feminino só mesmo eu. Mas como é uma coisa que gosto nunca me senti intimidada por ter de trabalhar só com homens. Sinto que sou respeitada, mas também faço por sê-lo. Acho não tenho de ser beneficiada nem discriminada pelo facto de ser uma mulher no desporto, mas sim que devo ser igual e tratada com o outro colega qualquer, em todas as situações. Hoje em dia, mesmo da parte dos jornalistas desportivos acho que começam a achar normal haver mulheres e encaram como mais um colega de trabalho.
Também apresenta habitualmente noticiários da estação. É mais complicado estar frente às câmaras em estúdio?
Gosto das duas coisas. Desde 2001 que faço as duas coisas. Aqui na RTP, os nossos horários são feitos assim uma semana apresentamos, outra fazemos reportagem. Dá-me muito gozo fazer as duas. É bom andar na rua, lidar com as pessoas e ter contacto com as situações; mas também é muito gratificante fazer os jornais. Espero que ninguém me pergunte qual quero escolher...
E com o Mundial, como foi?
É muito gratificante. Desde o Euro 2004 - a minha primeira experiência numa grande competição - acho que todos os anos devia haver uma coisa deste género. Sai-se do "rame rame" normal e é bom poder fazer o programa diário sobre o Mundial e todos os dias poder entrevistar pessoas diferentes sobre isso
Certamente tinha gostado de ter ido à Alemanha?
Se me dessem a oportunidade de escolher, estava lá. Tive uma experiência de estar fora da redacção mais tempo na Volta a Portugal de 2005 e adorei. Não me assusta o facto de trabalhar de manhã à noite e dias seguidos sem folgas. Ter novos desafios para ver até onde conseguimos ir.