Corpo do artigo
Cerca de 30 elementos de Extrema-Direita, entre os quais militantes e altos dirigentes do PNR (Partido Nacional Renovador), foram ontem detidos numa operação da Polícia Judiciária, suspeitos do crime de discriminação racial, mas também de posse ilegal de armas. A operação decorreu em Lisboa, Porto e Braga, mas ao princípio da noite de ontem ainda não estava concluída, com a polícia a cumprir mais de 20 mandados de busca nas três cidades. Foram apreendidas várias armas e material de propaganda, assim como o conteúdo de discos rígidos de computadores.
Um dos detidos estará relacionado com o processo de tráfico de armas na PSP, sendo um dos 28 indivíduos acusados pelo Ministério Público, mas também um dos dirigentes do PNR no Porto foi detido, enquanto a sede do partido extremista de direita, em Lisboa, foi alvo de buscas durante a tarde de ontem por parte da Judiciária. Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, militante do PNR e líder da organização extremista Hammerskin, foi igualmente detido.
O desenrolar da operação esteve a cargo da Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB), da Polícia Judiciária, tendo juntado mais de 60 inspectores. No entanto, segundo fontes policiais adiantaram ao JN, as investigações já decorriam há cerca de dois anos, incidindo sobre as actividades de grupos da extrema-direita, nomeadamente no que diz respeito à sua orgânica e modos de financiamento.
O ano passado, por exemplo, um outro dirigente dos Hammerskin foi detido no aeroporto de Lisboa com um quilo de cocaína, quando chegava de Cabo Verde. A detenção levou a PJ a investigar as eventuais ligações do tráfico de drogas e de outras actividades criminosas ao financiamento dos grupos.
Ligações a claques
O JN sabe, no entanto, que vários dirigentes de extrema-direita foram alvo de escutas telefónicas e vigilância electrónica, inclusive o indivíduo que no ano passado foi detido pela PSP, no âmbito do processo por tráfico de armas.
Elementos da DCCB chegaram a contactar a PSP há quatro semanas, no sentido de solidificarem a informação já recolhida, uma vez que a PSP tem muita informação sobre os suspeitos, incluindo as ligações às claques de futebol, que são seguidas por departamentos da Direcção Nacional.
Vários elementos informativos individuais foram cedidos à Judiciária e já agregados aos dados entretanto recolhidos, numa altura em que a operação estava a ser preparada. O inquérito decorre no âmbito do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, do Ministério Público, onde a procuradora Maria José Morgado acabou de entrar para a função de coordenação. Aliás, a operação de ontem foi acompanhada por um procurador do DIAP. Os detidos deverão ser hoje presentes a tribunal.
Hammerskin (na foto numa homenagem a Rudolf Hess, em 2005) foram o principal alvo da operação policial