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"Oassoreamento do rio Mondego está a atingir níveis muito elevados e preocupantes. Cerca de 70 centímetros, em média, acima da cota normal. Situação que pode vir a provocar inundações em várias zonas da cidade". Quem o afirmou, ontem, na reunião da Câmara Municipal de Coimbra, foi o vereador da Protecção Civil, Álvaro Seco, alertando o Executivo de Carlos Encarnação para a necessidade de intervenção urgente no leito do rio, desassoreando, sobretudo, a área entre as pontes Rainha Santa Isabel e Açude Ponte.
"Em situação de cheia, o caudal que o rio Mondego debita entre margens é muito menor do que o pressuposto e, assim, o espraiamento das águas ocorre mais cedo e atinge cotas mais elevadas e pode, por isso, vir a provocar inundações em zonas da cidade a que já não estamos habituados", alertou, com ar de inquietação, o vereador da Protecção Civil, dando como exemplos de zonas "em perigo" a Arregaça, Santa Clara e a Baixinha (uma zona de comércio tradicional com inúmeras lojas de rés-do-chão).
Álvaro Seco considera que "a situação é agravada porque, em caso de chuvas torrenciais, os colectores que drenam para o rio ficam mais cedo a debitar sob pressão, como já está a acontecer com a vala da Arregaça".
"O caso será grave se o mesmo se vier a verificar com o sistema de drenagem do casco urbano (Centro Histórico) - situação já hoje agravada com um aumento da impermeabilização a cotas mais altas da cidade -, do que podem ocorrer elevados prejuízos como os que ainda recentemente registámos na Avenida Sá da Bandeira", frisou o responsável municipal pela Protecção Civil, apelando a uma intervenção do Instituto Nacional da Água (INA) e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
Álvaro Seco acusa o Estado de "incúria" e "desleixo" e sugere às vítimas de inundações que exijam à Administração Central indemnizações por eventuais prejuízos.
O presidente da Câmara, Carlos Encarnação, concordou com as preocupações do vereador da Protecção Civil, mas afirmou-se céptico relativamente à disponibilidade do Governo para resolver o problema do assoreamento do rio Mondego.
PS pede sindicância à Câmara e PSD fala em videovigilância
O vereador do PS Vítor Baptista desafiou, ontem, o Executivo de Carlos Encarnação a aprovar uma sindicância à Câmara. Uma sugestão que o presidente da autarquia se recusou a submeter a votação, que foi apresentada na sequência da revelação ali feita de que o ex-director municipal de Urbanismo e presidente da Académica, José Eduardo Simões, se tinha "passeado pelos corredores da Câmara" a solicitar dossiês para consulta. Facto que o vereador comunista Gouveia Monteiro e a socialista Fátima Carvalho consideram merecedores de "uma atenção especial". Gouveia Monteiro disse mesmo que "ninguém gostaria de ver elementos de processos em curso serem desencaminhados". À margem desta polémica, Encarnação avançou, ontem, com a hipótese de instalação de câmaras de vigilância, ligadas à PSP, em "locais mais sensíveis". Uma solução que surge para combater o actual estado de insegurança vivido na cidade.