Países nórdicos aconselham população sobre como preparar-se para a guerra. Esta segunda-feira, os suecos começam a receber panfletos com as indicações para um conflito. A mesma estratégia é seguida na Finlândia e na Noruega. De conservas a medicamentos, autoridades divulgam listas do que todos devem ter em casa.
Corpo do artigo
A Proteção Civil da Noruega fez uma lista de bens essenciais que as pessoas devem começar a armazenar em casa. Conservas, latas de feijão, barras energéticas e massas estão entre os principais alimentos a guardar e, no caso dos medicamentos, recomenda-se especial atenção para ter comprimidos de iodo, para a eventualidade de um ataque nuclear.
Os temores de uma escalada no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, agravados pela autorização dos EUA para Kiev utilizar mísseis de longo alcance, ainda que de utilização limitada, têm levado as entidades de segurança e defesa dos países nórdicos a reforçarem a partilha de indicações sobre como preparar-se e reagir a uma crise, nomeadamente a um conflito militar.
Esta segunda-feira, na Suécia, a estratégia passa por entregar milhões de panfletos. O documento "Se a guerra chegar", explica a BBC, tem sido atualizado ao longo dos últimos seis anos, depois de Estocolmo ter considerado que esse cenário pode estar mais próximo. No entanto, a missiva tem décadas de vida, tendo sido produzida durante a II Guerra Mundial e adaptada depois durante a Guerra Fria.
Na Finlândia, as indicações estão publicadas online sobre como reagir a "incidentes ou crises" e abrangem conselhos de preparação antecipada e de reação. A lista inclui situações de pandemia, e também de conflito militar, caso em que se indicam que os abrigos estão preparados para a eventualidade de ataques que provoquem explosões ou que envolvam substâncias tóxicas e perigosas. O país explica ainda a resposta política, do presidente e do governo, a uma situação extrema, garantindo que está "bem preparado para autodefender-se".
A Finlândia, que tem uma longa fronteira com a Rússia, manteve sempre o nível de alerta elevado, ao contrário da Suécia, que recuou na preparação para um conflito, voltando a dar-lhe força mais recentemente, recorda a BBC.
No verão, os serviços de emergência da Dinamarca enviaram um email à população adulta, referindo que deveriam ter comida e medicamentos para três dias, se ocorresse uma situação de crise nacional.
No caso da Noruega, a estratégia foi também o envio de mais de dois milhões de cópias de uma brochura para cada lar, explicou Tore Kamfjord, responsável pela campanha de autodefesa promovida pela Proteção Civil.
Batatas e comprimidos de iodo
Os guias destes três países nórdicos incluem o que armazenar de comida e os equipamentos a ter.
Aos finlandeses é perguntado por exemplo como reagiriam a dias a fio sem energia, com temperaturas de inverno de -20º.
A lista de verificação inclui comprimidos de iodo, alimentos fáceis de cozinhar e rações para animais de estimação.
A lista sueca recomenda batatas, couves, cenouras e ovos, juntamente com latas de molho bolonhesa e sopa. Uma das recomendações mais importantes é manter alimentos e água potável suficientes durante 72 horas.
“Não estou muito preocupado com todo este cenário, por isso aceito-a com bastante calma. É bom termos informação sobre como devemos agir e como nos devemos preparar, mas não sigo todos os conselhos lá em casa”, afirmou o economista sueco Ingemar Gustafsson, de 67 anos, à BBC.