As tensões entre Elon Musk e Donald Trump explodiram, na terça-feira, quando o homem mais rico do Mundo ridicularizou a principal legislação económica do presidente norte-americano, numa rutura surpreendente poucos dias depois de deixar um cargo controverso na Casa Branca.
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"Este projeto de lei de gastos do Congresso, massivo, ultrajante e cheio de carne de porco é uma abominação repugnante", publicou Musk no X (antigo Twitter) enquanto acompanhava o progresso à margem, nos seus comentários mais cáusticos sobre a agenda de Trump. "Que vergonha para aqueles que votaram a favor: sabem que erraram". Musk disse ainda que o projeto de lei iria sobrecarregar "os cidadãos com uma dívida extremamente insustentável".
"O presidente já sabe a posição de Elon Musk sobre este projeto de lei, isso não muda a sua opinião", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, aos jornalistas numa resposta rápida à publicação de Musk.
A publicação expôs uma relação cada vez mais tensa entre a Casa Branca e Musk, que doou quase 300 milhões de dólares (263 milhões de euros) à campanha eleitoral de Trump em 2024.
Este não foi o primeiro comentário de Musk sobre o chamado "grande e belo projeto de lei" de Trump, que deverá acrescentar três biliões de dólares (2,6 biliões de euros) aos défices dos EUA num horizonte de 10 anos, apesar dos cortes profundos nos programas de saúde e assistência alimentar. No entanto, as críticas anteriores de Musk foram mais contidas, com o magnata da Tesla e da SpaceX a afirmar apenas que isso minava os seus esforços de redução de custos.
Segundo os meios de comunicação norte-americanos, Musk ficou desiludido, uma vez que os seus objetivos para ações na Casa Branca que o beneficiariam pessoalmente não foram alcançados.
O projeto de lei que criticava corta o crédito fiscal para veículos elétricos, sendo uma má notícia para a Tesla. Além disso, de acordo com a "Axios", Musk queria prolongar o seu papel para além do limite legal de 130 dias, em vão. Também não conseguiu que o seu sistema de satélite Starlink fosse utilizado para controlo de tráfego aéreo e ficou irritado com a retirada da nomeação de Jared Isaacman, aliado de Musk, para diretor da NASA por Trump.
Esta tensão surge dias depois de Musk ter sido elogiado por Trump quando deixou o cargo consultivo no Departamento de Eficiência Governamental, na semana passada, apesar das críticas por não ter cumprido as promessas de cortes radicais nas despesas.
O DOGE liderou uma onda de ataques ideológicos no governo federal, com cortes de dezenas de milhares de empregos. No entanto, as suas conquistas ficaram muito aquém da promessa original de Musk de que poderia poupar dois biliões de dólares (1,8 biliões de euros) — mais do que todo o orçamento de despesas discricionárias do governo para 2024.