Sondagem: Liberais dão maior salto em dia de queda da AD e PS. Chega e CDU também sobem
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A Iniciativa Liberal é o partido que mais sobe nas intenções de voto da décima sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN. Os liberais crescem para 6,8% e têm mais 1,2 pontos percentuais (p.p.) do que no dia anterior, enquanto a AD (33,1%) e o PS (25,7%) descem. O Chega e a CDU recuperam ao fim de vários dias de queda.
Numa altura em que cada vez mais se teoriza sobre uma possível coligação de Direita entre a AD (PSD e CDS-PP) e a IL, este cenário ainda é matematicamente difícil, a julgar pelos resultados da 10.ª tracking poll da Pitagórica. Juntos, a AD e a IL apenas perfazem 39,9% dos votos, o que está longe de ser suficiente para uma maioria.
Depois de quatro dias em queda, a IL surge na 10.ª tracking poll com 6,8%, mais 1,2 p.p. do que no dia anterior e é o partido que mais cresce. Os últimos 200 entrevistados da amostra, inquiridos no dia em que Rui Rocha pediu a confiança “dos portugueses zangados”, parecem ter acolhido bem a mensagem dos liberais.
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Ao Centro, AD e PS estão em queda. Luís Montenegro, autoproclamado “farol deste país”, alumia agora menos e cai de 33,7% para 33,1%. É a candidatura que mais desce, a par da do BE. A perda de votos da AD aconteceu entre as mulheres, no eleitorado a partir dos 35 anos, no Sul e Ilhas e na classe média.
O PS perde apenas 0,2 p.p. das intenções de voto, mas confirma-se a tendência decrescente dos socialistas verificada na maioria das sondagens diárias que o JN publica desde 2 de maio. A diminuição das intenções de voto nos socialistas foi mais visível nos homens, nas idades a partir dos 55 anos, nas regiões Centro e Lisboa e nas classes sociais mais desfavorecidas. Em dez dias, Pedro Nuno Santos perdeu quase dois p.p., tendo passado de 27,5% para 25,7%.
Chega dispara na meia-idade
Com as descidas do último dia quem aproveitou foram os liberais, mas também o Chega. O partido de André Ventura recuperou terreno depois de ter caído nos quatro dias anteriores e está agora em 16%, mais 0,7 p.p. do que na última sondagem diária. Apesar da subida, o Chega está ainda a dois p.p. dos 18% que lhe permitiram a eleição de 50 deputados para a Assembleia da República no ano passado. No último dia, o ganho do Chega foi mais visível nas idades compreendidas entre os 34 e os 54 anos (onde subiu três p.p.). De resto, a vantagem alcançada por André Ventura nesta sondagem não resulta de segmentos específicos por género, região ou classe social.
À Esquerda, a única candidatura que sobe é a da CDU. Tem mais 0,5 p.p. e chega aos 3,2%. Nos restantes, depois de na última sondagem ter sido o partido que mais subiu nas intenções de voto, o BE é agora o que mais cai (a par da AD). Os bloquistas passam para 2,8%, menos 0,6 p.p. do que na tracking poll anterior.
O Livre também tem uma queda acentuada, de 0,4 p.p., e reúne 4,9% das intenções de voto. Ao contrário do BE, que está bem abaixo do resultado de 4,4% que alcançou nas últimas legislativas, o Livre continua com números que lhe permitiriam reforçar a bancada parlamentar, dado que continua acima dos 3,2% que lhe valeram a eleição de quatro deputados no sufrágio anterior.
Por fim, o PAN cai ligeiramente para 1,5%, o que também pode não ser suficiente para garantir a reeleição de Inês Sousa Real. Em 2024, este partido elegeu a líder com 2% dos votos do país.
Esta sondagem regista o número mais baixo de indecisos desde o início da tracking poll, a 2 de maio, mas ainda são 16%, o que é um número suficientemente grande para tirar a vitória à AD ou influenciar de forma decisiva se os partidos mais pequenos reforçam os grupos parlamentares ou não. Os indecisos são mais mulheres (18%) do que homens (14%), com idades acima dos 35 anos (17%). Os jovens estão mais decididos e só 14% estão indecisos. Por regiões, Lisboa continua a ter mais gente que não sabe em quem vai votar (21%), seguida pela região Centro (17%), Sul e Ilhas (15%) e Norte (12%). A classe média (17%) está mais indecisa do que as classes alta (16%) e baixa (15%).
A tracking poll da Pitagórica está a ser divulgada pelo JN desde 2 de maio e prolonga-se até ao próximo dia 16, o último da campanha, com resultados diários. Poderá seguir a evolução das intenções de voto na edição online, sempre às 20 horas, ou na edição impressa. Nesta nona entrega, a amostra continua a ser de 800 inquéritos, mas as 200 entrevistas recolhidas a 6 de maio foram substituídas por outras 200 recolhidas a 10 de maio. Esta metodologia será repetida nas próximas sondagens diárias.
AD recupera liderança nos jovens
Na distribuição das intenções de voto por género, verificam-se ligeiras mudanças no trio da frente. A AD continua a liderar nos homens e nas mulheres, mas perdeu um ponto no voto masculino. Está agora com 26% das preferências dos homens, seguido pelo PS (22%) que ganhou um ponto no último dia. O Chega também cresceu ligeiramente no voto masculino e tem agora 15%. Em quarto segue a IL (8%) e os restantes estão abaixo dos 5%. Quanto ao voto feminino, a AD mantém os 29% que lhe valem a liderança destacada, a seguir vem o PS com 21% (menos um ponto), e depois o Chega com 12% (mais um do que ontem).
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Por idades, a AD recupera a liderança entre os mais jovens que pertencia ao Chega nas três sondagens anteriores. Tem agora 21% das intenções de voto dos inquiridos entre os 18 e os 34 anos, embora continue a ter o Chega perto (18%) e o PS distante (13%), empatado com a IL. Os votos dos jovens ganhos pela AD no último dia não lhe permitiram subir nas intenções de voto globais porque se registou uma perda nas restantes faixas etárias.
Assim, nos inquiridos entre os 35 e os 54 anos, a AD continua na frente com 25%, mas perdeu um ponto desde ontem, enquanto o PS está em 20% e ganhou um ponto. O Chega, que tinha caído três pontos nesta faixa etária na sondagem anterior, recupera-os agora e cresce igualmente três p.p., para 17%. Quanto aos votos dos que têm 55 ou mais anos, a AD segue destacada na frente com 34% (menos um do que ontem), seguida pelo PS, com 27% (menos dois) e pelo Chega, com 9% (mais um).
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Por regiões, quase não houve alterações a Norte, onde a AD se mantém com 31%, o PS com 21% e o Chega com 12%. Destaque, ainda, para os 9% da IL nesta região, sendo de longe aquela em que os liberais alcançam mais votos. Recorde-se que Rui Rocha integra as listas da IL no círculo eleitoral de Braga, sendo o único líder que é cabeça de lista por um círculo eleitoral da Região Norte entre os partidos com assento parlamentar.
Na Região Centro também é a AD que lidera (30%) e com realce para o aumento da diferença em relação ao PS. É que a AD manteve-se, mas o PS caiu dois p.p. nesta região e baixou para 22%. O Chega tem 13% e os restantes estão todos abaixo de 5%. Em Lisboa, a AD também vai na frente, com 25% (mais um ponto). Em segundo está o PS, com 19% (menos um), e a seguir o Chega, com 13% (mais dois).
É, no entanto, no Sul e nas Ilhas que acontece a maior alteração na tracking poll. A AD, que na sondagem anterior liderava nesta região com 26% dos votos, cai agora para 23% e passa para o segundo lugar. A crescer está o PS, que lidera nas intenções de voto no Sul e Ilhas, com 27% (mais três pontos). O Chega não está longe e regista agora 19%, menos um p.p. do que no dia anterior.
PS ultrapassado entre os mais pobres
Ao décimo dia, pela primeira vez nesta tracking poll, a AD ultrapassa o PS nos votos das classes sociais mais baixas. Montenegro sobe um ponto e consegue 28% entre os mais pobres, enquanto o PS cai três pontos para 27% e em terceiro está o Chega (16%). Na classe média, a AD também está em primeiro, com 25%, mas vê a vantagem para o PS encurtar, dado que os socialistas subiram dois pontos, para 22%. O Chega é terceiro, com 17%.
Entre as classes mais altas a vantagem da AD para o PS é ainda maior, com Montenegro nos 30% e Pedro Nuno nos 18%. O destaque vai ainda para a IL (10%), que é a terceira candidatura preferida dos que têm mais rendimentos, sendo que só a seguir vem o Chega (9%).
Independentemente das intenções de voto, os inquiridos foram chamados a pronunciar-se sobre se têm avaliações positivas ou negativas dos candidatos na sequência de notícias que tenham visto, lido ou ouvido. Neste capítulo do impacto mediático, Luís Montenegro foi o que mais piorou no último dia, tendo passado de três pontos negativos para sete pontos negativos. Este resultado decorre da diferença entre as opiniões favoráveis ou desfavoráveis, sendo que uma avaliação de sete pontos negativos significa que houve mais 7% de inquiridos com opinião má do primeiro-ministro do que aqueles que têm boa impressão.
André Ventura continua a ser o político com pior avaliação (22 pontos negativos), seguido por Mariana Mortágua (menos 18%), que melhorou ligeiramente. Paulo Raimundo sai do verde e entra no vermelho, passando de dois pontos positivos para um negativo. Os únicos que têm mais avaliações boas do que más são Rui Tavares (15 pontos) e Rui Rocha (13 pontos).
Apesar da queda da AD nas intenções e voto e de Luís Montenegro ter hoje uma pior avaliação do que ontem no impacto mediático, 72% dos inquiridos acham que vai ser esta coligação a ganhar as eleições do dia 18 de maio. Apenas 11% apostam na vitória do PS e só 2% acham que vai ser o Chega a vencer. Há ainda 15% que não sabem ou não respondem.
Quando a questão versa sobre as políticas do país, 65% querem que mudem algumas coisas e continuem outras, ao passo que 21% defendem uma mudança total no rumo do país e 11% são favoráveis à manutenção total. Quanto a quem esteve melhor nas entrevistas dos últimos dias, 29,1% acham que foi Luís Montenegro, 13,6% optam por Pedro Nuno Santos e 8,5% por André Ventura. A seguir vem Rui Tavares (5,6%), Rui Rocha (4,2%) e Mariana Mortágua (1,9%).
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Ficha técnica
Durante 4 dias (7, 8, 9 e 10 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1565 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 51,76%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.