Ex-namorada acusa Ico Costa de agressões verbais, físicas e psicológicas e diz haver mais seis agredidas. Indie Lisboa cancela filmes do realizador.
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O realizador português Ico Costa, de 42 anos, foi acusado de violência doméstica e, escassas horas depois da denúncia, foi cancelado no Indie Lisboa 2025. A decisão dos organizadores do festival internacional de cinema foi tomada com base numa carta aberta divulgada na rede social Instagram por uma conta de nome “@maisumcasting”.
A alegada vítima assinou o documento identificando-se: Joana Sousa Silva, 28 anos. É ilustradora, ex-estudante de cinema, e refere agressões verbais, físicas e psicológicas por parte do realizador, que usa “estratégias de intimidação, de chantagem emocional e de vitimização para se justificar dos seus atos”.
A autora da denúncia, que viveu uma relação afetiva de seis meses com Ico Costa, há cerca de quatro anos, diz ter conhecimento de outras seis vítimas das suas agressões “ao longo de pelo menos dez anos”. E classifica o cineasta como “um agressor em série de mulheres”.
Joana escreve que “as histórias sobre os abusos de Ico Costa já foram dadas a conhecer”, sendo que “uma das vítimas chegou a fazer uma participação à Polícia depois de ele a deixar com um olho negro, descalça na rua a meio da noite, apenas para a persuadir depois a retirar a queixa”. Acrescenta que ela própria tentou apresentar, sem sucesso, uma queixa-crime contra o realizador: “A polícia só me levantou dificuldades, argumentando que não o ia conseguir levar avante por já não apresentar sinais visíveis de agressão física”.
Ao JN, Ico Costa nega qualquer tipo de comportamento agressivo e afirma que “essa pessoa [a alegada vítima Joana Sousa Silva] não existe”. E mais: “Ela nunca deu a cara. Quando responde a emails, nunca se mostra disponível para ser contactada telefónica ou presencialmente”.
“Chocado” com o Indie
Quanto à retirada dos seus filmes “Balane 3” e “Nha Balila” do cartaz do Indie Lisboa, o realizador revela estar “chocado” com a decisão da direção do festival e descreve-a como “um posicionamento a favor de um linchamento público”, que deu azo a mais “burburinhos” sobre o caso. Acrescenta ainda que não foi consultado antes da tomada desta decisão por parte do certame: “Não se reuniram comigo nem obtiveram confirmação da existência da suposta vítima”.
Num comunicado divulgado no site do Indie Lisboa, o festival declara que “a situação exige integridade e responsabilidade social”. A direção do festival acrescenta: “Somos profundamente sensíveis a denúncias de violência e temos consciência de que o contexto social e legal da violência de género é, muitas vezes, revitimizante na forma como trata quem denuncia. Perante quaisquer dúvidas que persistam, a convicção do Indie Lisboa no que diz respeito a estas situações é a de que deve ouvir as vítimas. Por essa razão, decidimos retirar ambos os filmes da programação do festival”.
Perante o sucedido, Ico Costa disse ao JN que vai “tomar medidas legais”.