Procuradora-Geral da República escreveu parágrafo que levou à demissão de António Costa
A Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, será a autora do parágrafo do comunicado sobre a "Operação Influencer" que esteve na origem da demissão do primeiro-ministro António Costa.
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"Foi Lucília Gago quem tomou a decisão de incluir o último parágrafo, que revelava a existência de uma investigação criminal contra António Costa e que levou à demissão imediata do primeiro-ministro, no comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR)", escreve o jornal "Expresso", esta sexta-feira.
Segundo fontes judiciais, "ao contrário do que sucede habitualmente", a procuradora-geral "quis acrescentar um ponto", acrescenta aquele semanário. Lucília Gago defendia que "o texto tinha de fazer referência às suspeitas que recaem sobre o primeiro-ministro", acrescenta o "Expresso".
De acordo com a notícia, a Procuradora-Geral "temeu que o Ministério Público pudesse ser acusado de estar a proteger António Costa quando se soubesse - e isso seria inevitável - que estava a ser investigado por um procurador" do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
"Além disso, era do conhecimento público que, no passado recente, havia escutas relacionadas com a investigação em que o primeiro-ministro fora intercetado acidentalmente: aconteceu em dezembro de 2020, quando uma conversa com o então ministro do Ambiente, Matos Fernandes, foi validada pelo anterior presidente do STJ, António Piçarra", acrescenta o "Expresso", segundo o qual o presidente da República foi o primeiro a saber do comunicado.