Empresas com dificuldade para recrutar mão de obra, que é sobretudo imigrante. As autoridades começam a multar infratores no início de junho.
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A Guarda Nacional Republicana (GNR) está a notificar os cidadãos para limparem os terrenos florestais até dia 31 de maio, mas, até ao momento, já há mais sinalizações do que no ano passado. As autoridades apontam que os trabalhos estão a ser adiados devido à chuva, mas alertam para a falta de mão de obra e os custos elevados para limpar o mato. O preço por hectare chega aos mil euros.
Entre 16 de fevereiro e 30 de abril de 2025, a GNR sinalizou 10.417 terrenos para serem limpos. Em 2024, foram registadas 10.251 sinalizações durante toda a campanha que também decorreu até 31 de maio. As ações da autoridade estão enquadradas na Campanha Floresta Segura 2025, tendo em vista a prevenção dos incêndios florestais. As multas começam a ser aplicadas em junho aos infratores.
A maioria dos terrenos identificados para limpeza encontra-se no distrito de Leiria (2606), Bragança (1162) e Santarém (941), seguindo-se Viseu (798), Castelo Branco (657) e Braga (652). É em Évora (51) e Portalegre (57) que se registaram menos advertências.
Menos incêndios
A GNR avança também ao JN que, entre 1 de janeiro e 11 de maio, as ocorrências de incêndio diminuíram, mas a área ardida aumentou e passou de 1700 hectares nos primeiros meses de 2024 para 3700 hectares ardidos este ano, sobretudo nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real.
“Notámos que os cidadãos estão a esperar até ao dia 31 de maio para fazer a gestão do combustível nas suas propriedades ou então não arranjam empresas no mercado para fazer o trabalho”, explica o tenente-coronel Ricardo Vaz Alves, chefe da divisão técnica ambiental do SEPNA. Ainda assim, o responsável do SEPNA aponta que o objetivo das autoridades não passa pela aplicação de multas, mas pela “correção das infrações”.
Preço ronda os 1000 euros
A realidade é que a contratação destes serviços está mais cara e as empresas estão a ter dificuldades em recrutar mão de obra face à penosidade do trabalho. A Giestas, com sede em Barcelos, não tem mãos a medir. Atualmente, a empresa especializada em serviços de limpeza florestal e urbana trabalha com mais de 20 municípios e as solicitações por parte dos privados também não param de chegar. Os preços rondam os 1000 euros por hectare e 800 ou 900 euros para terrenos mais pequenos. “Estão a aumentar proporcionalmente à inflação, mas estamos a falar à volta dos 10% a 15%. Mas estão abaixo dos custos que temos com aquisição e manutenção de máquinas e pagamento aos trabalhadores”, refere Luís Cortes, gestor de projetos da Giestas.
Apesar disso, a principal dificuldade que o setor enfrenta está no recrutamento de mão de obra. “Não é fácil arranjarmos trabalhadores para trabalharem nesta área. Estamos a recorrer muito à mão de obra estrangeira, sobretudo indianos e brasileiros, que estão mais disponíveis para o trabalho. E, mesmo assim, é escassa para as necessidades”, diz Luís Cortes. O cenário não está a parar os trabalhos, mas tem impacto na sua execução.