André Villas-Boas: "Serão necessários três mandatos para sanear financeiramente o F. C. Porto"
André Villas-Boas, candidato à presidência do F. C. Porto, afirmou este domingo que deverão ser necessários três mandatos para concretizar a reestruturação financeira completa do clube, a sua grande prioridade, juntamente com a “expansão” como uma “uma grande marca” a nível nacional e internacional.
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O antigo treinador dos dragões, que falava em Ponte da Barca, na primeira visita a casas do clube - anunciou que se seguirão outras, em Lausana (Suíça) a 7 de março, Penafiel e Vizela, 14 e 15, e ainda Felgueiras, Seia, Arouca, Esposende, Lisboa e Argoncilhe -, manifestou-se preocupado “com os negócios realizados a dois meses das eleições” pela atual administração da SAD. E garantiu aos sócios que “não tem intenção de vender o clube”.
“Pensam que vou vender o clube a árabes e a príncipes. Era o que mais faltava. Isso não passa de uma história, de uma rábula, que determinados candidatos querem inventar”, declarou. “Quem está a vender neste momento parte do seu capital é a Porto Comercial, para criar uma nova empresa, onde o Porto, que era detentor de 100% dos seus direitos, passa a ser detentor apenas de 70%”, revelou. “E entra numa parceria de direitos comerciais a 70/30 com outra empresa. Portanto, quem está a vender neste momento parte do coração do clube, que tem muito valor comercial, gera receitas da ordem dos 40 milhões por ano, é a atual administração”.
“Temos a consciência que nenhum portista nos vai permitir não ser exigentes do ponto de vista desportivo. Estamos bem conscientes que o nosso primeiro e segundo anos para a sustentação do nosso projeto é fundamental ganhar imediatamente, tornar o F. C. Porto campeão. Portanto, temos de ser altamente criteriosos e rigorosos nas nossas escolhas, e permitir ao longo dos anos reestruturar a dívida financeira para a qual pensamos que sejam necessários possivelmente três mandatos, ou doze anos, até o clube se encontrar financeiramente restabelecido”.
André Villas-Boas foi recebido, este domingo, por cerca de duas dezenas de sócios em Ponte da Barca, a quem apelou que façam com que 2024 seja “um ano de mudança” para o clube, regularizando as quotas atempadamente, no caso de não as terem em dia, e votando em massa no escrutínio, que deverá "decorrer a 27 de abril, na véspera do F. C. Porto-Sporting”. “É importante que estas eleições sejam as mais votadas de sempre”, disse, apelando: "Votem com o coração”.
André Villas-Boas lembrou que o F. C. Porto tem “um passivo acima de 500 milhões de euros”, e considerou que o êxito do saneamento financeiro está diretamente interligado com os êxitos desportivos. “Vamos ser obrigados a uma grande reestruturação financeira. É um desafio que temos pela frente. Felizmente para o F. C. Porto caminhamos num grande sucesso desportivo, mas infelizmente acabamos por cair na ruína e temos a nossa sustentabilidade no futuro em risco”, declarou, referindo: “Essa é a principal das razões pelas quais me quis rodear imediatamente dos melhores. Escolhi um administrador financeiro de elevada reputação no mercado, porque os desafios que se avizinham têm essa dimensão”.
O candidato disse que anunciará o programa eleitoral completo “20 dias antes das eleições”. Mas adiantou, desde já, que é sua intenção apostar na “reformatação desportiva” do clube, para que este se “encontre na forma como protege e promove o seu talento”.
Explicou também o seu projeto de “mudar a formação para o Olival (Vila Nova de Gaia) e construir ao lado um centro de alto rendimento para a equipa profissional, equipa B, sub-19 e eventualmente para a equipa feminina se, em dois anos, concretizarmos o sonho de ter equipa feminina”. E ainda a ideia da construção de um pavilhão para “as modalidades profissionais”, que atualmente constituem “um custo” para o clube, mas que pretende se tornem auto-sustentáveis. “Não queremos pôr em causa nenhum projeto que está a ser desenvolvido na Maia, mas entendemos que este é o projeto que favorece o F. C. Porto”, comentou, adiantando que já realizou reuniões, entre elas com a Câmara de Gaia e a APA, para levar avante o empreendimento. E que já foi celebrado "um contrato de compra e venda de um terreno perto do centro de treinos”.
A expansão da massa associativa a todo o país e ao estrangeiro é outro dos objetivos da candidatura liderada por André Villas-Boas. Referiu que atualmente “no centro e a sul quase não há associados”, já que “88% estão concentrados em três distritos: Porto, Braga e Aveiro”.