O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, mostrou-se, esta quinta-feira, "muito preocupado" com o cenário de droga na cidade. Afirma, contudo, não poder "fazer coisa nenhuma em termos de proteção e segurança a não ser ajudar a polícia" e que a situação atual é "um paraíso" para os traficantes.
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Perante o cenário de droga que voltou a ocupar o mercado S. Sebastião, na Sé, no Porto, tal como noticiou esta quinta-feira o JN, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, mostra-se "muito preocupado". Em declarações aos jornalistas, o autarca adiantou até ter recebido, nos Paços do Concelho, pelas 17 horas desta quarta-feira, "uma associação de moradores do Pinheiro Manso, extremamente preocupados com as condições de segurança na cidade", reconhecendo que a situação existe um pouco por toda a cidade. Essa reunião terá durado duas horas.
Questionado sobre que medidas pode o Município tomar para minimizar os riscos de um cenário como o que se vive atualmente no Porto, afirma não poder "fazer coisa nenhuma". "Em termos de proteção e segurança, não podemos fazer coisa nenhuma a não ser ajudar a polícia em tudo aquilo que nos é solicitado", lamenta, rejeitando qualquer associação entre a subida do número de imigrantes na cidade com episódios de violência.
"Nenhuma das oito pessoas que estiveram comigo ontem fizeram referência a isso. Fizeram ao tráfico de droga, à toxicodependência, às seringas que aparecem à porta dos prédios onde eles vivem, mas não houve nenhuma referência à imigração", sublinha o presidente da Câmara do Porto. Ao autarca, foi relatado um episódio em que o mesmo carro foi assaltado três vezes num mês, apesar de no interior do automóvel não estar nada de valor.
"Há muito poucos polícias"
Para Rui Moreira, este é um cenário transversal a todo o país e até à Europa. Neste caso, o que o Município pode fazer, acrescenta, é "colaborar com a polícia, e falar na visibilidade da polícia". "Não há nenhuma câmara de vigilância que substitua, em termos do nosso sentimento de segurança, a presença de um elemento policial. A polícia está muito pouco presente, há muito poucos polícias", insiste o presidente da Câmara do Porto, recordando o apelo feito com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, no final de um encontro entre os dois, na semana passada.
Questionado sobre quando espera ter uma resposta do Governo sobre esse assunto, responde: "Sabemos aquilo que nos vai sendo prometido, que se espera a chegada de mais não sei quantos polícias. Mas como não nos dizem quando, o que é que nós podemos fazer?".
"É importante que a população se mobilize, perceba o que está a acontecer e não se deixe influenciar por aquilo que lhes é dito, que são determinados extratos da população que provocam esse tipo de situações, porque não são", reitera. Quanto ao consumo de droga, considera existirem duas soluções: "Ou se quer uma legalização plena, ou então é preciso combater o tráfico".
"Isto é que não pode ser. A situação atual é um paraíso para os traficantes", conclui.