Começaram a ser julgados, esta quarta-feira, no Porto, mãe e filho por, alegadamente, entre 2011 e 2016, terem enganado, com falsas promessas, 19 pessoas da zona de Chaves e Bragança, para trabalharem em quintas espanholas. O marido e pai dos arguidos já foi condenado, no caso, a 12 anos de cadeia, em abril de 2023.
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Segundo a acusação, as vítimas nunca receberam o salário prometido, viviam “em currais e pocilgas, teriam uma alimentação miserável e, quando se revoltavam, seriam agredidos e fechados à chave”.
João Peres, o advogado de defesa, iniciou o julgamento com ironia, chamando a atenção do tribunal para o facto de o arguido Valdemar, agora com 27 anos, ser uma criança na altura dos alegados factos, o que não foi tido em conta na acusação que lhe imputa os mesmos pretensos crimes do que à mãe e pai. “Começou a ser um criminoso aos 13 anos”, enfatizou João Peres.
Os acusados decidiram falar para dizerem que desconheciam o que reza a acusação. Mas negaram parte, especialmente no que concerne a alimentação e condições de vida dos trabalhadores. “Enchia a arca de carne e pão, duas vezes por semana”, garantiu a arguida, Guilhermina dos Anjos, qualificando de “velhas mas limpas” as habitações dos trabalhadores.
Quanto a agressões, sequestro e proibição de contactos com familiares, a mulher afirmou que de nada sabia. No fim, Guilhermina acabaria por dizer, em lágrimas, que “fazia apenas e só” o que o marido lhe ordenava.
O tempo a que remontam os factos passou-o a “cuidar dos cinco filhos, todos menores” e sem direito a mais nada. “Era muito ciumento”, e impedia-a de contactos com os trabalhadores.
O filho, Valdemar, menor no tempo dos alegados factos, depôs no mesmo sentido.
O julgamento continua na próxima semana.
Guilhermina dos Anjos e o filho, Valdemar, começaram ontem a ser julgados por terem aliciado 19 pessoas em situação de fragilidade cognitiva e social, todas de Trás-os-Montes, para trabalhar em explorações agrícolas espanholas.