Sondagem diária: Campanha acaba com a AD favorita, PS em queda e Chega imparável
Corpo do artigo
O entusiasmo de Pedro Nuno Santos durou pouco. Depois de se ter aproximado de forma surpreendente da AD na sondagem anterior, o PS volta agora a distanciar-se e a diferença para o primeiro lugar alarga-se para 6,7 pontos percentuais (p.p.), segundo a penúltima tracking poll diária da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN sobre as eleições legislativas de 18 de maio. Além disso, os socialistas têm o Chega mais perto, a 6,1 p.p. de diferença, graças ao ímpeto de André Ventura no eleitorado jovem e masculino.
O assalto do PS ao primeiro lugar verificado na última sondagem perdeu fôlego e a AD voltou a distanciar-se. A pouco mais de um dia do fim da campanha, Luís Montenegro é o favorito a vencer as eleições do próximo domingo, com 31,9% das intenções de voto, contra 25,2% do PS, num cenário com distribuição de indecisos.
No último dia, a AD subiu 0,4 p.p. e os socialistas recuaram 1,1 p.p., o que alarga a diferença entre ambos para 6,7 pontos. Estava em 5,2. O empate técnico verificado na última sondagem já não existe, pois o máximo que o PS atingiria se as eleições fossem hoje era 28,3%, abaixo do mínimo que a AD conseguiria (28,6%).
Aliás, os socialistas estão agora mais próximos do terceiro lugar (Chega) do que do primeiro (AD). É que, além de se ter verificado a descida do PS, o Chega continua num imparável crescimento e atinge nesta penúltima sondagem o valor mais alto desde o início da tracking poll, 19,1%. Está acima dos 18% obtidos nas eleições legislativas do ano passado e garantiria a André Ventura mais do que os atuais 50 deputados.
Carregue nos dias para ver os resultados diários e nas linhas para isolar os partidos
As últimas 200 entrevistas desta tracking poll já foram realizadas depois do primeiro episódio em que André Ventura se sentiu mal, na terça-feira, no comício no Algarve, tendo precisado de assistência no Hospital de Faro. Ainda não tinha ocorrido o segundo episódio, o desta quinta-feira, em que André Ventura se sentiu mal em Odemira.
A campanha do Chega nos dias em que as novas entrevistas foram adicionadas ficou marcada pelo primeiro episódio de indisposição de André Ventura e pelo recrudescimento das críticas do partido aos portugueses de etnia cigana. Um destes fatores, ou ambos, podem explicar a subida nas intenções de voto, embora se tenha de ressalvar que o crescimento deste partido já se verificava de forma consistente desde o último sábado, 10 de maio.
IL cai quando se fala de coligação
A Direita está mais longe do que ontem de uma maioria por causa da queda vertiginosa da IL nesta sondagem. O partido de Rui Rocha reúne 5,6% das intenções de voto, mas cai 1,4 p.p. face à sondagem anterior, naquele que é o maior recuo entre todos os partidos.
A queda acontece depois da admissão tácita por parte da AD e da IL de que haverá negociações à Direita caso haja hipótese de uma maioria, o que gerou logo apelos ao voto útil que beneficiam a AD e prejudicam a IL. Também foi neste período que os ativistas ambientas interromperam Rui Rocha num comício há três dias, atirando-lhe pó verde. Foram estes, sobretudo, os destaques da campanha liberal no último par de dias.
Já o Livre reforça a liderança dos partidos mais à Esquerda, alcançando 5,5% das intenções de voto, mais 1,1 p.p. do que na sondagem anterior. Em dificuldades segue a CDU, com 3,3% e um recuo de 0,4 p.p. em comparação com a última sondagem. Mas também o BE, que teima em não descolar da casa dos 2%. Tem agora 2,6%, mais 0,2 p.p. do que na sondagem anterior. O PAN sobe ligeiramente de 1,1% para 1,4%.
Como evoluiu cada partido em duas semanas
Com a campanha perto do final, é possível perceber agora qual a evolução que os partidos tiveram ao longo destes 14 dias de sondagens. A candidatura que mais cresceu em duas semanas foi a do Chega. André Ventura partia desfalcado após um mau resultado nas europeias e uma série de polémicas internas com candidatos em julgamento durante a campanha, como é o caso de Cristina Rodrigues. A primeira sondagem, a 2 de maio, até nem era favorável: tinha 16,6%, abaixo dos 18% das legislativas do ano passado. No entanto, o partido de André Ventura cresceu 2,5 p.p. em duas semanas e está agora em 19,1%, o que já seria uma evidente vitória.
A seguir vem o Livre. Rui Tavares começou com 3,4%, o que já estava acima dos 3,2% conquistados nas eleições legislativas do ano passado, mas deu um salto de 2,1 p.p. para 5,5%. É o segundo maior crescimento. Segue-se Mariana Mortágua, que terá nestes resultados um sabor agridoce. Por um lado, é o terceiro partido que mais cresce em duas semanas e sobe de 1,5% das intenções de voto, a 2 de maio, para 2,6%, hoje. É um crescimento de 1,1 p.p., mas ainda fica muito aquém dos 4,4% obtidos nas últimas legislativas. Neste cenário, o grupo parlamentar de cinco deputados pode ficar reduzido.
O mesmo acontece com o PAN. Em duas semanas até cresceu 0,8 p.p. e passou de 0,6%, a 2 de maio, para 1,4%, agora. Contudo, pode ser insuficiente para reeleger Inês Sousa Real. No ano passado, a deputada do PAN foi eleita com 2% dos votos. A CDU mantém os 3,3% de intenções de voto que tinha a 2 de maio, o que pode valer a manutenção do grupo parlamentar de quatro deputados, dado que em 2024 alcançou 3,2% dos votos.
Em nítida queda estão três dos quatro partidos da frente. O que mais perdeu votos em duas semanas foi o PS. A 2 de maio estava com 27,5% das intenções de voto e caiu 2,3 p.p., para 25,2%. Estaria bem abaixo dos 28% alcançados em 2024 e isso significaria uma forte redução do grupo parlamentar. Além de ser o pior resultado dos últimos 38 anos.
Com uma perda semelhante está a AD, que começou esta tracking poll diária com 34% e foi baixando, sobretudo na última semana, até chegar a 31,9%. Ficaria, ainda assim, com mais deputados do que os alcançados em 2024. A IL também não tem todos os motivos para estar contente, pois perdeu 2,2 p.p. em duas semanas: passou de 7,8% para 5,6%. Reforçaria o grupo parlamentar, mas pouco, quando a expectativa podia estar acima disso.
Igualmente contra todas as expectativas está a percentagem de indecisos, que desceu ligeiramente no último dia, mas ainda se cifra em 18,6%. É o suficiente para virar o tabuleiro e, curiosamente, está acima do valor de 17,3% de indecisos registado a 2 de maio, no arranque da campanha.
Esta é a penúltima tracking poll diária que o JN vai publicar até 16 de maio, último dia em que é permitida a publicação de sondagens. Poderá seguir a evolução das intenções de voto na edição online, sempre às 20 horas, ou na edição impressa. Esta amostra volta a ter 810 entrevistas, com cerca de 200 realizadas em cada um dos dias, entre 11 e 14 de maio.
Chega cresce nos homens e jovens
A análise das intenções de voto, sem distribuição de indecisos, identifica claramente onde é que o Chega está a crescer: é nos homens, com idade entre os 18 e os 34 anos, residentes no Norte, no Sul e nas Ilhas. Vamos por partes. Entre a sondagem de 2 de maio e a atual, André Ventura passou de 15% dos votos dos homens para 21%. O voto das mulheres até baixou, de 12% para 11%. Para elas, a melhor é a AD (27%) e, depois, o PS (23%).
Carregue nos ícones para ver as percentagens
Outro segmento claramente identificado onde o Chega cresceu é o dos jovens. Nas duas últimas semanas, as preferências desta faixa etária por aquele partido subiram de 17% para 24%. É a candidatura preferida dos jovens, seguida pela da AD (17%), do PS (11%) e da IL (9%). Nas restantes faixas etárias, a subida do Chega é ténue ou inexistente.
Carregue nos ícones para ver as percentagens
Ao nível regional, é no Sul e nas Ilhas que o Chega mais ganha desde 2 de maio, pois passa de 14% para 22%. Nestas regiões, André Ventura é ultrapassado pela AD (24%) e está distante do PS (17%). O Chega também dá um salto no Norte, onde passa de 12% para 17%. Está em terceiro lugar nesta região, atrás da AD (25%) e do PS (19%).
Se a análise incidir sobre o rendimento dos inquiridos, foi na classe média que o Chega mais subiu: desde 2 de maio passou de 16% para 23%. Aqui surge empatado com a AD e em terceiro está o PS (16%). A AD lidera nos três estratos sociais (classe baixa, média e alta).
Líderes: Mortágua é a pior, Montenegro menos mal
À medida que se aproxima a reta final da campanha, também fica mais clara a avaliação que os portugueses fazem dos líderes políticos. Na qualificação da exposição mediática, Mariana Mortágua é quem tem a pior avaliação, com um saldo de 21 pontos negativos. Este saldo é calculado com base na diferença, em p.p., das opiniões negativas e das positivas.
O segundo pior é André Ventura, com 18 pontos negativos. O líder do Chega conseguiu, ainda assim, melhorar a imagem que os portugueses têm dele, visto que começou com 27 pontos negativos a 2 de maio. O terceiro pior é Pedro Nuno Santos, com 11 pontos negativos, seguido por Inês Sousa Real, com oito pontos negativos.
Luís Montenegro vem logo a seguir, com três pontos negativos. O primeiro-ministro até começou esta tracking poll com um saldo neutro, ou seja, as mesmas opiniões positivas do que negativas, mas piorou três p.p. em duas semanas. A seguir vem Paulo Raimundo, o líder que melhor aproveitou a campanha eleitoral, tendo sido o que mais cresceu nas avaliações positivas. Começou com nove pontos negativos, a 2 de maio, e chega à reta final da campanha com um saldo positivo de dois pontos.
Em segundo lugar está Rui Rocha, com oito pontos, os mesmos que tinha a 2 de maio. A meio da campanha ainda cresceu para 14 pontos e chegou a estar empatado com Rui Tavares, mas regressou à casa de partida e mantém os oito pontos. A liderar nas opiniões positivas continua Rui Tavares, com 14 pontos. O porta-voz do Livre também foi dos que melhor aproveitaram a campanha pois começou com apenas sete pontos.
Independentemente do sentido de voto de cada inquirido, a esmagadora maioria acha que vai ser a AD a festejar no dia 18 de maio. Esta percentagem é de 77% e está a crescer. Apenas 10% acham que vai ser o PS a ganhar e são cada vez menos, sendo que há ainda 2% que apostam no Chega.
Ao nível da prestação nos debates e entrevistas, Luís Montenegro segue na frente com 26,9% das preferências, mas há uma mudança no segundo lugar. André Ventura (10,9%) ultrapassou Pedro Nuno Santos (10,5%) e Rui Tavares (8,9%) anda lá perto. Mais abaixo está Rui Rocha (3,8%) e Mariana Mortágua (1%).
Carregue nas figuras para saber mais
Mais de dois terços dos inquiridos (68%) defendem que a maneira de governar se deve manter nalguns aspetos e mudar noutros. Há 21% que querem uma mudança total na forma de governar e 8% que acham que a continuidade total seria a melhor opção.
Ficha técnica
Durante 4 dias (11, 12, 13 e 14 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1561 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 51,89%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.