Advogado acusa PJ de se ter precipitado ao deter suspeito de homicídio em café de Loures
O advogado do jovem que foi preso pelo homicídio de Ninto Mendes, de 41 anos, em confrontos que envolveram quatro pessoas num café de Loures, em setembro, afirma que o seu cliente é inocente. Pedro Pestana diz que a detenção do seu cliente pela PJ foi "precipitada", tendo em conta “as dúvidas sobre a autoria do crime”.
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O crime que aconteceu no café Cristiano’s, na Apelação, em Loures, na tarde de 4 de setembro. Pelas 15 horas, Ninto Mendes, a vítima, entrou no café e dirigiu-se à proprietária, dizendo que o filho desta o andava a ameaçar há vários dias. O visado, de 16 anos, refutou a acusação, e começou logo ali uma cena de pancadaria entre ambos.
Na esplanada, dois amigos ouviam música. Nada teriam que ver com a situação, nem conheciam os intervenientes, mas decidiram intervir. Segundo a Polícia Judiciária de Lisboa, foi um deles, de 19 anos, que deu três facadas a Ninto Mendes, uma das quais no coração.
Os primeiros indícios recolhidos apontavam para que o autor do crime fosse o filho da proprietária do café, com quem o guineense Ninto Mendes se envolveu em confrontos, mas a PJ afastou essa hipótese, mesmo que tenha identificado o adolescente e o amigo do detido, como tendo estado envolvidos na querela.
Pedro Pestana, advogado do principal arguido, diz que há “versões pouco precisas e com uma série de omissões e imprecisões”, após os depoimentos de dez testemunhas. “Nenhuma das testemunhas foi categórica e assertiva em apontar o dedo à pessoa que esfaqueou”, afirma o advogado de defesa, acrescentando que uma delas mudou o depoimento para beneficiar outro dos envolvidos.
O advogado também fala de imagens de videovigilância, de outro café, que mostrarão um dos suspeitos a fugir com a arma na mão, mas diz que o proprietário de tal estabelecimento não as entregou à polícia. “Alegou terem-se perdido após 24 horas dos factos”. diz Pedro Pestana.
O sangue do arguido foi identificado pelo Laboratório da Polícia Científica da PJ numa parede junto do local do crime, mas o advogado diz que tal “não é suficiente para se presumir de que foi ele a dar as facadas". "Até porque existe ainda [na parede] um [vestígio hemático de um] perfil genético de outro arguido”.
Pedro Pestana admite vir a recorrer da medida de coação de prisão preventiva aplicada ao seu cliente.