Apoiantes e críticos concordam que Pedro Nuno não estava obrigado a vencer. Luta interna não é para já.
Corpo do artigo
Ao ser entrevistado no programa de Ricardo Araújo Pereira, na quarta-feira, o líder do PS deixou um aviso: “Cá estarei durante muitos anos, seja qual for o resultado”. E parece ter margem para isso: a julgar pelo que o JN apurou junto das “forças vivas” socialistas - mesmo as que não apoiaram o atual líder na disputa com José Luís Carneiro -, a derrota de ontem não fará subir a contestação interna a Pedro Nuno Santos. Pelo menos para já, avisam alguns dos menos entusiastas da sua liderança.
Tanto entre os socialistas que apoiaram Pedro Nuno contra Carneiro como entre os que não o fizeram, predomina o sentimento de que o atual secretário-geral tem todas as condições para continuar. Pedro Nuno, recorde-se, chegou à liderança do PS há quatro meses, quando só contava ir fazendo oposição interna contra Costa. Mas, com a queda do Governo, tudo teve de mudar.
Assim, entre as hostes que não apoiaram Pedro Nuno nas eleições internas de dezembro, dá-se como quase garantido que nem Carneiro nem nenhum crítico da direção começarão, por enquanto, a subir o tom da contestação ao líder. Nessa ala, há quem sublinhe ao JN que, se o PS tiver de liderar a Oposição, não será a primeira vez que o fará.
Há pouco tempo no cargo
Entre os mais próximos de Pedro Nuno, essa convicção é ainda mais sólida. Muitos lembram que o secretário-geral ainda agora chegou ao cargo, havendo também a perceção de que, fosse qual fosse o líder, nunca estaria obrigado a vencer umas eleições inesperadas. O próprio Pedro Nuno lembrou, na campanha, que o PS só teve nove líderes e o PSD já teve 19, procurando realçar que, no seu partido, há uma menor ânsia pelo poder. Recorde-se que, com Pedro Nuno, o PS já perdeu as regionais dos Açores. Em junho há eleições europeias.
Mesmo Costa tem vincado que estas eleições não deveriam ter sido convocadas. No comício do Porto, comparou a queda precoce do seu Governo com um jogo de futebol que termina aos 40 minutos. No entanto, indicou a Marcelo Mário Centeno - e não Pedro Nuno - para seu sucessor.
Entre os potenciais adversários internos de Pedro Nuno deverá, para já, reinar o recato. Na campanha, Carneiro, Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva estiveram ao lado do líder - e discursaram - sempre que este se deslocou aos distritos pelos quais eles são cabeças de lista. Fernando Medina, embora não tenha falado em nenhuma ação de campanha, foi ao comício e à arruada de Lisboa.