NAV Portugal afirma que o sistema "deverá" ficar totalmente operacional ainda no mês de junho.
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Mais de duas dezenas de voos, com partidas e chegadas ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia, foram cancelados durante o dia de ontem. A situação ocorreu devido ao nevoeiro e à falta de sistema de aterragem, o mecanismo que orienta o avião na fase de aproximação à pista e que está inoperacional devido às obras na infraestrutura. É a segunda vez, esta semana, que há constrangimentos no Aeroporto Internacional do Porto. Segundo a NAV Portugal, o sistema "deverá estar totalmente operacional durante a primeira quinzena de junho".
Com malas às costas ou pela mão, os passageiros, portugueses e estrangeiros, esperavam novidades sentados no chão do aeroporto ou nas filas dos postos de atendimento. Cancelado, atrasado ou sem informação eram as mensagens que iam aparecendo nos vários ecrãs de informação.
Durante a manhã de ontem, a maioria dos voos estava com atraso e muitos acabaram por ser cancelados ou desviados para outros aeroportos devido ao nevoeiro. "O nevoeiro que se fez sentir esta manhã [ontem] na zona do Porto teve algum impacto nas operações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, com o registo de algumas divergências nas primeiras horas do dia", informou a NAV Portugal ao JN.
A empresa adianta que "o sistema de aterragem por instrumentos (ILS) do Aeroporto do Porto se encontra temporariamente fora de serviço de forma programada, no âmbito das obras em curso naquela infraestrutura". Além disso, acrescenta que "esta indisponibilidade" foi "prevista e comunicada atempadamente a todos os operadores aéreos" e que se enquadra no planeamento habitual para este tipo de intervenções. "A conjugação entre esta situação temporária e as condições de visibilidade reduzida explica as restrições verificadas esta manhã [ontem]", garante a NAV Portugal.
Sem soluções
Entre partidas e chegadas, foram cancelados cerca de 25 voos até às 16 horas. Sentados no chão, Elsa, Sofia e Guilherme desesperam por uma solução. A primeira viagem da família, com destino a Paris e com uma aventura planeada na Disneyland, não começou da melhor forma. Os residentes em Melgaço chegaram por volta das três da manhã e cerca das 11 horas ainda não tinham saído do aeroporto. "Estamos à espera de uma solução. A companhia dá o reembolso do bilhete e paga a diferença para outro voo, mas não conseguimos arranjar nenhum", disse Elsa Ribeiro, desanimada.
Enquanto uns esperavam para viajar pela primeira vez, outros ansiavam voltar a casa e ver os filhos. A família de Talia Costa ficou pendurada no aeroporto, depois de o voo para Lisboa, onde fariam escala para seguir viagem até Recife, no Brasil, ter sido cancelado. "Já tínhamos o check-in feito quando nos disseram que o voo estava cancelado. Estamos aqui quase há uma hora a tentar resolver esta situação. Já não temos tempo de apanhar o voo em Lisboa", conta Talia Costa.
Uns metros ao lado estão Maria Dolores e o marido, que também vão chegar a casa mais tarde do que o previsto. Mas já sabem a hora do novo voo para Madrid (Espanha), que chegará a tempo de apanharem um outro avião até ao Equador.
Na mesma semana, a situação aconteceu duas vezes, deixando milhares de passageiros à espera e alguns com as férias "estragadas". No entanto, a NAV Portugal garante que o sistema de aterragem "deverá estar totalmente operacional durante a primeira quinzena de junho, acompanhando a evolução dos trabalhos no terreno".
"O que aconteceu é um mal necessário"
Luís Pedro Martins, presidente do Turismo Porto e Norte
Como é que vê os constrangimentos no Aeroporto Francisco Sá Carneiro?
O que aconteceu é um mal necessário. Não é possível controlar as condições climatéricas e era preciso tomar opções, porque esta obra tinha que ser feita. Vamos ganhar, seguramente, um aeroporto mais bem capacitado para receber aeronaves em qualquer circunstância.
Que impactos é que esta situação poderá ter no turismo?
A informação que temos é que a situação em poucos dias estará terminada. Por isso, se for uma situação pontual, não nos vai afetar em rigorosamente nada. O aeroporto é servido por mais de 30 companhias, com cerca de 120 rotas e com grandes ligações aos nossos mercados estratégicos.
Quais são as expectativas para este verão?
As expectativas são muito boas. Aumentámos rotas para destinos que são muito importantes e estamos a trabalhar afincadamente com a ANA Aeroportos e com o Turismo de Portugal para poder receber a maior companhia do mundo, a Delta Air Lines.
Saber mais
Domínio low-cost
Com 32 companhias aéreas a operar voos regulares, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro é dominado pelas companhias low-cost, com destaque para Ryanair, easyJet, Transavia e Vuelin.
TAP em terceiro
No final do ano passado, em termos de passageiros, a TAP era apenas a terceira companhia do Sá Carneiro, com 11% da quota de mercado. Em Lisboa, era a líder destacada, com 44%.
Charters e carga
Aeroporto Sá Carneiro é usado por oito companhias charters regulares de passageiros e quatro companhias regulares de carga.