Maria Manuel Cruz, presidente da Câmara Municipal de Espinho, retirou a confiança política e os pelouros ao atual vice-presidente, Luís Canelas. Está em causa a escolha do autarca como candidato pelo PS à presidência da autarquia nas próximas eleições autárquicas.
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“Ontem (…) fui informada de que o candidato do PS à Câmara Municipal de Espinho nas próximas eleições será o presidente da Comissão Política Concelhia do PS e atual vice-presidente da autarquia, por mim indicado para esse cargo”, explica, em comunicado, Maria Manuel Cruz.
A autarca justifica que perante "a forma desrespeitosa" como foi tratada e "a falta de transparência e frontalidade de todo este processo", teve de ponderar "de forma cuidada o caminho a tomar”.
Falta de "lisura"
“Em democracia não podemos pactuar com manobras de bastidores, arranjos partidários e esquemas de poder que colocam interesses pessoais acima do bem-estar da população”, assevera, criticando o facto de o vice-presidente não ter tido "a lisura" de lhe comunicar pessoalmente a sua decisão, "optando por um silêncio esclarecedor". "Desejo-lhe, sinceramente, os resultados que da sua atitude advenham”, adianta.
Por esses motivos, retirou a confiança política e os pelouros ao vereador, que, além de vice-presidente da Câmara de Espinho, preside à concelhia do PS. “Este cargo pressupõe uma lealdade que não foi demonstrada e, o que é mais grave, um comportamento ético inquestionável, que também não se verificou”, justificou.
“Para manter a máxima transparência e permitir ao mesmo tempo ao presidente da Comissão Política do PS concentrar-se na árdua tarefa que tem pela frente, entendo que não deve continuar como vice-presidente da autarquia”, diz a presidente.
No comunicado, Maria Manuel Cruz recordou que assumiu a presidência da Câmara Municipal de Espinho em janeiro de 2023, tendo “enfrentado o maior desafio da história recente do concelho", a Operação Vórtex, "que deixou um rasto de incerteza e instabilidade".
Críticas à direção nacional do PS
“Ao longo destes mais de dois anos enquanto presidente da Câmara Municipal de Espinho, nunca recebi um único contacto da direção nacional do Partido Socialista, o partido pelo qual fui eleita. Nem uma mensagem, nem um telefonema, nem um gesto de apoio, apesar das dificuldades e desafios que enfrentámos”, lamentou.
O JN tentou contactar sem êxito o vice-presidente da autarquia.