Era o deus grego Dionísio e não Jesus. Criador responde a polémica da "Última Ceia"
O mentor da ambiciosa cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris rejeitou no domingo as críticas de que o seu espectáculo de quebra de fronteiras tenha ido longe demais, dizendo que criou uma "nuvem de tolerância" e negando qualquer referência à "Última Ceia" que irritou a Igreja católica.
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Alguns grupos católicos e bispos franceses condenaram o que consideraram ser “cenas de escárnio do cristianismo” no desfile de sexta-feira coreografado por Thomas Jolly, um importante diretor de teatro.
As críticas centraram-se numa cena que envolvia dançarinos, drag queens e um DJ em poses que faziam lembrar representações da "Última Ceia", a última refeição que Jesus terá feito com os seus apóstolos.
“É evidente que nunca houve qualquer intenção de mostrar desrespeito por qualquer grupo religioso”, disse a porta-voz do Paris 2024, Anne Descamps, aos jornalistas no domingo.
“Se as pessoas se sentiram ofendidas, é claro que lamentamos muito, muito”, acrescentou.
Jolly, de 42 anos, negou ter-se inspirado na "Última Ceia" na sua produção de quase quatro horas, que decorreu debaixo de chuva intensa ao longo do rio Sena, a primeira vez que os Jogos Olímpicos foram inaugurados fora do principal estádio de atletismo.
A cena, que pretendia promover a tolerância às diferentes identidades sexuais e de género, contou ainda com a participação do ator francês Philippe Katerine, que apareceu numa travessa de prata, quase nu e pintado de azul.
Deveria ser Dionísio, o deus grego do vinho e do prazer, que era pai de Sequana, a deusa do rio Sena. “A ideia era fazer uma grande festa pagã ligada aos deuses do Olimpo”, disse Jolly ao canal BFM. “Nunca encontrará no meu trabalho qualquer desejo de denegrir alguém.
Bispos espanhóis juntaram-se às vozes críticas
Os bispos espanhóis juntaram-se à crítica dos bispos franceses pela representação do que dizem ser "A última Ceia" de Leonardo Da Vinci na cerimónia, uma cena que foi qualificada de "provocação" aos cristãos.
Numa mensagem publicada este fim de semana, a Conferência Episcopal Espanhola (CEE) fez eco da denúncia da última Conferência Episcopal Francesa.
"Pensamos em todos os cristãos de todos os continentes que foram se sentiram feridos pelo excesso e pela provocação de determinadas cenas. Esperamos que compreendam que a celebração olímpica vai muito mais além dos preconceitos ideológicos de alguns artistas", reza a publicação da na rede social X, acompanhada do comunicado completo dos bispos franceses.
No referido comunicado, a Conferência Episcopal Francesa sinalizou que a cerimónia de abertura oferecia "momentos maravilhosos de beleza, alegria, ricos de emoções e universalmente elogiados", mas lamentou que também incluísse "cenas de escárnio do cristianismo".