Empresário ofereceu 30 mil euros a jogador do Marítimo para não rematar contra o Benfica
Um agente de jogadores de futebol foi acusado de um crime de corrupção ativa agravado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Na época de 2015/2016, terá oferecido 30 mil euros a um avançado do Marítimo para que este jogasse mal e não rematasse à baliza no jogo contra o Benfica.
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Segundo o Departamento de Investigação de Ação Penal, o empresário, que será Miguel Pinho, agente entre outros de Bruno Fernandes, foi acusado de um crime de corrupção ativa agravado, nos termos do regime de responsabilidade penal por comportamentos antidesportivos.
A acusação agora anunciada surge na sequência de uma certidão retirada do chamado "Processo dos Emails". No despacho de encerramento, o Ministério Público considerara que Miguel Pinho e o pai, Luís, teriam praticado um crime de corrupção ativa e extraíra uma certidão para a instauração de um processo autónomo relativo a estes factos. Todavia, optou por arquivar a parte respeitante à Benfica SAD, a eventual beneficária do crime.
No inquérito dos Emails, o MP recolheu indícios que a 6 ou 7 de maio, Miguel Pinho e o pai, terão abordado Edgar Costa, avançado do Marítimo. Identificaram-se como empresários de futebol e propuseram-lhe 30 mil euros para que no jogo da penúltima jornada contra o Benfica, que se ia realizar a 8 de maio, apresentasse um desempenho desportivo contrário aos interesses da própria equipa, visando beneficiar a equipa adversária.
"Bastaria jogar mal e não rematar à baliza"
Segundo o MP, disseram-lhe que “bastaria jogar mal e não rematar a baliza”, prometendo que, caso aceitasse a oferta, assegurar-lhe-iam também um novo contrato de trabalho, melhor remunerado, num outro clube, sem, contudo, referirem o nome do mesmo. O jogador terá recusado a proposta.
O Benfica venceria o jogo por 2-0, acabando por sagrar-se campeão essa época com dois pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o Sporting Clube de Portugal.
Este fevereiro do ano passado, o empresário César Boaventura foi condenado por três crimes de corrupção ativa. Provou-se que, também na época de 2015/2016, terá tentado aliciar dois jogadores do Rio Ave para que "facilitassem" no jogo contra o Benfica. Foi condenado a três anos e quatro meses de prisão, pena suspensa na sua aplicação.
Perda de 30 mil euros e proibição de exercício da atividade
Segundo o DCIAP, foi agora proferida acusação contra Miguel Pinho, empresário que representa, entre outros jogadores, o internacional português Bruno Fernandes. Foi pedida a aplicação da pena acessória de proibição do exercício da profissão ou atividade de agente desportivo e "perda de bens e vantagens no valor de €30.000,00 (trinta mil euros), correspondente ao valor da vantagem/recompensa prometida pelo arguido".