Autópsias revelam que socorristas morreram em Gaza com "tiros na cabeça e no tronco"
Os 15 funcionários mortos, em março, perto de Rafah, foram atingidos com "balas borboleta", que explodem no corpo com o impacto, dilacerando carne e osso. O patologista que efetuou as autópsias encontrou "lacerações, perfurações de bala e ferimentos provocados por explosões" sobretudo na cabeça, nas costas e no tórax.
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O médico que realizou a autópsia aos socorristas assassinados, em março, pelo exército israelita, em Gaza, revelou que a maioria deles morreu com tiros na cabeça e no tronco.
O caso suscitou protestos internacionais, após a análise forense ao áudio extraído de um vídeo gravado com o telemóvel de um dos profissionais ter revelado que foram disparados mais de 100 tiros, "a uma distância muito próxima". Os 15 trabalhadores do Crescente Vermelho Palestiniano, da Defesa Civil e da ONU estavam numa operação de resgate no sul de Gaza, perto de Rafah, quando a coluna de ambulâncias foi alvo dos disparos.
Os corpos dos médicos e os veículos destruídos foram enterrados numa vala comum e, dias depois, as Nações Unidas garantiram que os funcionários tinham sido executados "um a um". Ahmed Dhair, o patologista que realizou 14 das 15 autópsias às vítimas, contou ao "The Guardian" que encontrou "lacerações, perfurações de bala e ferimentos provocados por explosões" sobretudo na cabeça, nas costas e no tórax.
Segundo Dhair, a maioria morreu dos ferimentos causados pelas chamadas "balas borboleta", que explodem no corpo com o impacto, dilacerando carne e osso. O patologista referiu, contudo, que a conclusão das autópsias não sugere que os tiros tenham sido disparados à queima-roupa, embora admita não ser especialista em munições.
O vídeo, recuperado do telemóvel do médico Rifaat Radwan, mostra a coluna de ambulâncias a deslocar-se, à noite, usando faróis e luzes de emergência intermitentes. Pelo menos um médico pode ser visto a usar um colete de alta visibilidade. As imagens obrigaram Israel a alterar a sua versão inicial dos factos, uma vez que havia garantido que a coluna se aproximou, de forma "suspeita", com as luzes apagadas. Sem apresentar provas, assegurou que seis dos funcionários mortos eram membros do Hamas, informação desmentida pelo Crescente Vermelho.
Soube-se esta semana que Assad al-Nsasrah, um dos dois socorristas que sobreviveram ao ataque, e cujo paradeiro era desconhecido desde então, está detido em Israel.