Ator francês está a ser acusado por duas mulheres, que terão sido vítimas de crime em filmagens de 2021. A decisão judicial surge após interrogatório policial em Paris. Há mais quatro queixosas.
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O Ministério Público de Paris anunciou, em comunicado, esta segunda-feira à noite, que o ator francês Gérard Depardieu foi convocado para comparecer “perante o tribunal penal”, na sequência de um interrogatório policial que aconteceu naquele dia. Em causa estão duas queixas de agressão sexual feitas por duas mulheres e que se reportam a acontecimentos de 2021.
O advogado do ator, que tem 75 anos e nega os crimes, apenas se pronunciou sob a custódia policial imposta também na segunda-feira, afirmando que tinha sido anulada.
O julgamento, que começa em outubro, diz respeito, segundo os procuradores, a “agressões sexuais que terão sido cometidas em setembro de 2021" contra "duas vítimas, no cenário do filme 'Les Volets verts'".
Segundo o jornal francês “Le Parisien”, as queixosas são uma decoradora de cenário, de 53 anos, que afirma que Depardieu tocou no seu corpo sem consentimento. Através da sua advogada, apresentou queixa ao Ministério Público em fevereiro passado.
A outra queixosa é a atriz Anouk Grinberg, que participou naquele filme. À agência noticiosa AFP, a artista referiu ter ouvido comentários obscenos “de manhã à noite”. E referiu: "Quando os produtores contratam Depardieu para um filme, eles sabem que estão a contratar um agressor".
Outras queixas
Para além destas alegadas vítimas, uma antiga assistente do ator também o acusa de agressão sexual em 2014 durante as rodagens do filme "Le Magicien et les Siamois.
Numa carta aberta, divulgada em outubro e publicada no jornal “Le Figaro” como opinião, Depardieu afirmou: "Nunca, nunca abusei de uma mulher".
Há mais três queixas de violação, sendo que uma é da atriz Charlotte Arnould e outra da jornalista espanhola Ruth Baza.
Recorde-se que, em dezembro de 2023, o canal "France 2" exibiu, no programa "Complément d'investigation", imagens captadas durante uma viagem de Depardieu à Coreia do Norte em 2018, nas quais o ator surge a fazer comentários de caráter sexual sobre mulheres e uma criança.
A exibição do programa levou várias personalidades do teatro e do cinema a afirmar que não voltariam a trabalhar com Depardieu e esteve na base das declarações da antiga ministra da Cultura francesa, Rima Abdul Malak, sobre a possibilidade de ser retirada a Legião de Honra ao ator.
Depardieu, através dos advogados, colocou a condecoração à disposição do Governo e declarou-se vítima de "um linchamento mediático".
Na altura, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse à "France 5" ser um "grande admirador" de Depardieu e afastou a possibilidade de retirar a Legião de Honra sem haver uma condenação na justiça.