As autoridades francesas, que, na quarta-feira, encerraram as buscas pelo pequeno Émile, estão agora a analisar os elementos recolhidos nos últimos quatro dias. A Polícia está atenta a novos detalhes que, alegadamente, ligam os progenitores do menino a grupos de extrema-direita.
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Desde sábado, dia em que o pequeno Émile, de apenas dois anos, desapareceu do jardim da casa dos avós, em Le Vernet, nos Alpes da Alta Provença, em França, que têm surgido novas informações relevantes para a investigação, apesar de as buscas no terreno não terem resultado na descoberta de pistas consistentes que possam encaminhar as autoridades até ao paradeiro da criança.
Uma fonte próxima da investigação relatou à televisão BFMTV, na quarta-feira, que, ao contrário do que foi adiantado inicialmente, quando o menino desapareceu não estaria apenas sob a alçada dos avós. Entre os presentes na reunião familiar estariam ainda tios e tias da criança, bem como outros menores. Segundo o jornal francês "La Dépêche", a mãe de Émile já foi interrogada na terça-feira, embora não se saiba o que resultou da conversa com as autoridades, e os familiares que estavam na casa de onde o menor desapareceu também deverão ir pelo mesmo caminho, depois de todos serem devidamente identificados.
Uma das linhas de investigação que as autoridades estão agora a ter também em conta diz respeito à alegada ligação do pai de Émile, Colomban S., a grupos de extrema-direita franceses.
O engenheiro de 26 anos, que não prestou depoimentos aos órgãos de comunicação social desde o desaparecimento do menino, esteve ligado ao grupo Bastião Social de Marselha, um movimento político que entretanto foi dissolvido, mas que tinha como principal objetivo a defesa do nativismo e a remigração, tendo sido responsável por vários ataques racistas.
O envolvimento no movimento fez com que o pai de Émile fosse chamado a comparecer em tribunal em 2018, depois de, juntamente com outros membros do grupo, ao qual à mãe de Émile, Marie, também terá estado ligada, ser acusado de espancar dois jovens em Marselha, cidade no Sul de França onde a família vive.
Mas as ligações da família de Émile à extrema-direita não ficam por aqui. Em 2021, durante as eleições regionais francesas, Colomban S. fez campanha pelo partido do ultranacionalista Eric Zemmour, estando o seu nome presente em listas eleitorais que prometiam "desfazer o sistema".
De acordo com o mesmo meio de comunicação, para já, o procurador de Digne-les-Bains, Rémy Avon, não observa indícios suficientes para fazer uma ponte entre as alegadas ligações à extrema-direita do pai de Émile e o desaparecimento da criança. No entanto, o responsável admitiu que "todas as hipóteses estão em aberto".
"São muito unidos"
Sabe-se ainda que a família do pequeno Émile é extremamente católica e é na fé que deposita todas as esperanças de encontrar o menino com vida.
No Facebook, Marie, a mãe da criança fez uma publicação na qual mostra que confia o destino do filho a Benoîte Rencurel, uma freira que há vários séculos se terá perdido nas montanhas, tendo encontrado o caminho para casa graças à luz de um anjo que apareceu para a salvar. Desde então, as mensagens não param de chegar à página "Prions pour Émile" ("Rezemos por Émile"), que tem mais de oito mil membros.
Na manhã desta quinta-feira, informa a Imprensa local, os pais, avós, tios e tias do pequeno Émile, tal como habitantes da localidade onde o menino desapareceu, reuniram-se numa missa na qual rezaram para que a criança seja encontrada em segurança.
“São todos muito unidos, quase místicos. Claramente, refugiam-se na religião para enfrentar esta tragédia”, disse uma testemunha ao canal francês BFMTV.
Comprometidos com a comunidade católica, a família de Émile organizava todos os anos um concerto de música religiosa na igreja, sendo que os avós do menino, participavam em diversas atividades da paróquia.
Embora as buscas tenham terminado, as autoridades francesas mantêm o apelo para que quem tiver informações relacionadas com o caso contacte a polícia.