Um cientista francês teve a entrada nos Estados Unidos negada e foi expulso após as autoridades de imigração norte-americanas terem encontrado no telemóvel do investigador mensagens críticas à Administração Trump. O caso foi revelado pelo ministro do Ensino Superior e da Investigação de Paris, Philippe Baptiste.
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Um cientista espacial gaulês chegou a Houston, no Texas, no dia 9 de março, mas os agentes de imigração não autorizaram a entrada nos EUA e, em seguida, expulsaram-no. "Esta medida foi aparentemente tomada pelas autoridades norte-americanas porque o telefone do investigador continha trocas [de mensagens] com colegas e amigos nas quais expressava uma opinião pessoal sobre a política de investigação da Administração Trump", revelou o governante francês, citado pela agência France-Presse (AFP).
"A liberdade de opinião, a livre investigação e a liberdade académica são valores que continuaremos a defender com orgulho. Defenderei o direito de todos os investigadores franceses a serem-lhes fiéis, respeitando a lei", acrescentou o ministro.
Uma fonte ouvida pela AFP disse que o investigador foi acusado de "mensagens de ódio e conspirativas". O Departamento Federal de Investigação (FBI) dos Estados Unidos chegou a investigá-lo, mas as acusações foram retiradas antes da expulsão.
Baptiste tem sido um grande crítico de Trump, tendo publicado uma carta a convidar investigadores norte-americanos para irem a França. "Muitos investigadores de renome já estão a questionar o seu futuro nos Estados Unidos. Gostaríamos naturalmente de acolher alguns deles", publicou.
Outros casos
Cidadãos de outros países foram também alvo das autoridades de imigração dos EUA, com o Governo alemão a atualizar os avisos de viagem para o país. Berlim destaca agora que ser aprovado pelo Sistema Eletrónico para Autorização de Viagem norte-americano ou ter um visto dos Estados Unidos não garante automaticamente a entrada no país.
O aviso surge após três casos que envolveram cidadãos da Alemanha. Um deles, com residência permanente nos EUA, foi detido no aeroporto de Boston, na última semana, quando regressava do Luxemburgo. O indivíduo continua sob custódia, segundo a família.
Um outro alemão, de 25 anos, ficou sob custódia durante duas semanas e foi deportado após ter sido detido enquanto cruzava a fronteira com o México com a noiva norte-americana, em fevereiro, noticiou a revista "Der Spiegel". Uma cidadã germânica de 29 anos questionada pelas autoridades norte-americanas na mesma fronteira, em janeiro, foi deportada na última semana, noticiou a mesma publicação.
Casos envolvendo cidadãos do Canadá também foram reportados nos últimos dias. Desde a campanha eleitoral, Donald Trump tem utilizado o combate à imigração como bandeira do segundo mandato. O episódio mais conhecido é o de Mahmoud Khalil, residente permanente detido pelas autoridades de imigração após ter sido um dos líderes de protestos pró-Palestina na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, na última primavera.
Outro caso mediático é a expulsão da professora e médica Rasha Alawieh para o Líbano. O Departamento de Segurança Interna norte-americano afirmou que a docente da Universidade Brown, especialista em nefrologia, participou, na última visita que fez ao país natal, no funeral público do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah. "Um visto é um privilégio, não um direito - glorificar e apoiar terroristas que matam americanos é motivo para que a emissão do visto seja negada. Isto é segurança de senso comum", acrescentou a tutela.