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À oitava entrega da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN são várias as forças políticas que apresentam o seu pior resultado. A AD (33,7%) é uma delas, ainda que mantenha uma vantagem superior a sete pontos percentuais sobre um PS (26,3%) estagnado. Também com o pior registo desde que arrancou a sondagem diária, a 2 de maio, estão o Chega (15,7%) e a IL (5,9%). Muito próximo dos liberais está o Livre (5,2%), com a melhor projeção desta maratona. Seguem-se a CDU (3%), que também toca no fundo, o BE (2,5%) e, finalmente, o PAN (1,3%), que supera, pela primeira vez, a barreira de um ponto. Tendências que coincidem com o facto do número de indecisos estar em mínimos (16,5%).
No que diz respeito à luta pela vitória, a coligação liderada por Luís Montenegro perde meio ponto de um dia para o outro e toca no fundo (33,7%), quando estamos precisamente a meio da série de sondagens diárias, que se iniciaram a 2 de maio e vão prolongar-se até ao próximo dia 16, nas vésperas da ida às urnas. A AD já perdeu dois pontos desde que atingiu o topo, a 5 de maio, mas tem ainda como prémio de consolação o facto de ser a força política que mais cresce relativamente às legislativas do ano passado (cinco pontos percentuais). E é também privilegiada pela dinâmica de vitória: 70% dos inquiridos dizem que vencerá a 18 de maio.
Quanto a Pedro Nuno Santos, fica exatamente no mesmo lugar em que estava no dia anterior (26,3%), o que não é uma boa notícia, uma vez que, a confirmarem-se estes resultados a 18 de maio, o PS ficaria quase dois pontos abaixo do que conseguiu nas últimas eleições. Tanto o socialista como o social-democrata têm um problema adicional, se tivermos em conta a “estabilidade” que o presidente da República pede para dar posse ao próximo Governo: a soma de AD e IL é um pouco inferior aos 40 pontos percentuais, enquanto os cinco partidos mais à Esquerda totalizam pouco mais de 38 pontos. Em nenhum dos casos é suficiente para assegurar uma maioria parlamentar, ou seja, o Chega continuaria a ser o fiel da balança.
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Iniciativa Liberal e Livre taco a taco na luta pelo quarto lugar
O partido de André Ventura mantém-se num sólido terceiro lugar (15,7%), relativamente imune aos casos de polícia que afetaram vários dos seus deputados e dirigentes ao longo dos últimos meses. Ainda assim, as notícias não são boas. Se a projeção atual se refletisse nas urnas, o Chega seria o partido com a maior queda relativamente às últimas legislativas (mais de dois pontos percentuais) e não repetiria os 50 eleitos na Assembleia da República.
No que diz respeito ao quarto lugar, a luta, pelo menos nesta altura, está em aberto. A Iniciativa Liberal (5,9%) continua a ser a favorita, mas o Livre (5,2%) está muito próximo. Ao ponto de, se tivermos em conta a margem de erro da sondagem (mais ou menos 3,51%), o patamar máximo de Rui Tavares (6,8%) ser superior ao mínimo de Rui Rocha (4,2%). Sendo certo que o contrário também é verdadeiro: o patamar máximo da IL é de 7,6% e o mínimo para o Livre é 3,6%. Se as intenções se materializassem em voto, os liberais de Esquerda teriam mais dois pontos do que nas últimas eleições e os liberais de direita cresceriam um ponto. Mas há um dado sombrio a pesar sobre ambos os partidos: um quarto dos seus eleitores do ano passado está indeciso sobre o voto. Nenhum outro partido se aproxima destes valores.
PAN pela primeira vez acima de um ponto. Mas ainda é curto
O Livre encabeça o pelotão de partidos à Esquerda, sendo que o único para o qual há boas notícias é o PAN (1,3%), porque ultrapassa pela primeira vez o ponto percentual. Mas Inês Sousa Real não pode festejar. É preciso perceber se a tendência se mantém e, por outro lado, este resultado seria insuficiente para conseguir manter o seu lugar na Assembleia da República. Para a CDU (3%) não há boas notícias, uma vez que regista o seu pior resultado na sondagem diária da Pitagórica (apesar de Paulo Raimundo ser dos poucos líderes com uma imagem positiva). Mas ainda se pode dizer que a coligação liderada pelos comunistas é a força mais estável, uma vez que, ao longo destes oito dias as oscilações têm sido mínimas.
Pior do que a CDU está o Bloco de Esquerda (2,5%). Volta a perder algumas décimas de um dia para o outro e, com a projeção atual, veria ainda mais reduzida a sua bancada parlamentar (tem agora cinco deputados), uma vez que perderia quase dois pontos percentuais relativamente às eleições do ano passado. O prémio de consolação é que tem agora mais um ponto do que no arranque da sondagem diária, a 2 de maio. Sendo que, para o BE, como para os restantes concorrentes, há menos indecisos para captar. O número nunca foi tão baixo ao longo da “tracking poll”, estando agora nos 16,5% (já foi de 20%). Destacam-se as mulheres (18%), os que têm 35 a 54 anos (19%) e os que vivem no sul e nas ilhas (18%).
Chega lidera nos mais jovens, AD e PS monopolizam os mais velhos
Na análise aos diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe social e geografia), percebe-se que há indicadores que se mantêm estáveis, mesmo que as percentagens vão oscilando. Desde logo, o facto de AD e PS concentrarem maior apoio à medida que o eleitorado vai ficando mais velho: a soma do Bloco Central entre os que têm 18 a 34 anos é de apenas 28 pontos (49 pontos para os outros seis), sobe para 42 pontos na faixa etária dos 35 a 64 anos (33 pontos para os restantes) e atinge a máxima expressão entre os portugueses com 55 ou mais anos: 68 pontos (apenas 12 para os mais pequenos).
Curiosamente, a vantagem de Montenegro sobre Pedro Nuno em todos os escalões é de seis pontos (resultados sem distribuição de indecisos).
Em sentido contrário aos dois maiores partidos, o Chega, a Iniciativa Liberal, o Livre e o Bloco de Esquerda perdem muitos votos à medida que os eleitores envelhecem e estão portanto muito dependentes da mobilização dos mais jovens. Aliás, na intenção de voto da faixa etária dos 18/34 anos, quer André Ventura (21%), quer Rui Rocha (12%) estão à frente de Pedro Nuno Santos (11%), sendo que Rui Tavares está por perto (10%).
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Montenegro mais forte entre as mulheres e quem vive no Norte
No que diz respeito ao género, as mudanças têm sido superficiais. Mantém-se o equilíbrio de género no eleitorado socialista e o pendor feminino na coligação PSD/CDS, ao ponto de se poder afirmar que é às mulheres que Luís Montenegro deve agradecer a confortável vantagem sobre Pedro Nuno Santos (nove pontos percentuais). Se dependesse apenas dos homens, haveria nesta altura um empate técnico entre os dois principais concorrentes ao cargo de primeiro-ministro. O Chega continua a ser mais masculino do que feminino, mas a diferença é escassa. E os liberais também caminham no sentido de um maior equilíbrio, embora isso se faça à custa da perda de eleitores masculinos e não tanto por estarem a conquistar mais eleitoras.
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Relativamente à geografia, a oitava sondagem diária da Pitagórica volta a colocar a Região Norte como o principal bastião da AD. É aí que tem a percentagem mais elevada (30%, sem distribuição de indecisos) e a maior vantagem sobre os socialistas (dez pontos). Mas também é relevante que a coligação de centro-direita tenha agora mais quatro pontos do que o PS na região de Lisboa, que é aliás a menos generosa para o Bloco Central.
O Chega fica em terceiro lugar em todo o país, mas destaca-se no sul e ilhas (18%), enquanto a IL tem um pouco mais no Norte (6%), que inclui círculos eleitorais da dimensão do Porto (elege 40 deputados) e Braga (19 deputados), do que na região da capital, que inclui os círculos de Lisboa (o maior do país, com 48 eleitos) e Setúbal (18). Os liberais são ultrapassados em Lisboa, pelo menos nesta vaga, pelo Livre (7%) e pela CDU (6%).
Dois “Ruis” empatados na empatia, com um comunista no pódio
Os líderes do Livre e da Iniciativa Liberal estão empatados, no topo da tabela que mede a evolução da opinião sobre os diferentes líderes partidários: seguem ambos com um saldo positivo de 14 pontos percentuais (a diferença entre os que dizem que “melhorou opinião” e os que dizem que “piorou opinião”). A presença de Rui Tavares e Rui Rocha em terreno positivo tem sido consistente ao longo dos primeiros oito dias da sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN e têm também tendência de melhoria. Só há mais um candidato no “verde”: o comunista Paulo Raimundo, ainda que esta sexta-feira tenha um saldo positivo de apenas um ponto.
Entre os restantes, destacam-se, pela negativa, André Ventura (Chega) e Mariana Mortágua (BE), ambos com um saldo negativo de 21 pontos. Não muito longe segue Pedro Nuno Santos (saldo negativo de 14 pontos). O próprio Luís Montenegro (AD), que nos estudos de opinião que antecederam a campanha eleitoral conseguiu sempre manter-se à tona, está agora abaixo da linha de água (saldo negativo de quatro pontos).
O atual primeiro-ministro destaca-se de todos os outros, aí sim, na exposição mediática (64% recordam-se de o ver ou ouvir em notícias) e na avaliação à prestação nos debates e entrevistas: 31,1% dizem que Luís Montenegro tem sido o melhor. Pedro Nuno Santos surge com menos de metade desse valor (14,4%), um pouco à frente de André Ventura (8,4%).
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Ficha técnica
Durante 4 dias (5, 6, 7 e 8 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1555 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 52,09%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.