A estimativa foi feita esta quarta-feira pela Fenprof: cerca de 40 mil alunos começam o segundo período sem, pelo menos, um dos professores, e destes, dois mil não tiveram aulas a uma disciplina desde o arranque do ano letivo. Quase um quarto das escolas não conseguiram completar o corpo docente até ao Natal.
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No início de dezembro, o contador da Federação Nacional de Professores estimava em cerca de 32 mil os alunos sem todos os professores. Um número que a Fenprof estima que aumentou por as escolas não pedirem substituições desde antes da interrupção letiva e pelas aposentações: 371 em dezembro e 434 em janeiro, mais 52% do que os que se reformaram em janeiro de 2023 (289 docentes), frisou hoje Mário Nogueira.
No dia que marca o regresso às aulas e em que a Porto Editora revela que a palavra escolhida pelos portugueses para representar o ano de 2023 foi a de "professor", Nogueira revelou que cerca de dois mil alunos não tiveram aulas a, pelo menos, uma disciplina desde o início do ano letivo. O líder da Fenprof sublinha ser "quase uma impossibilidade" a recuperação da matéria de um período inteiro "por muito esforço dos professores que venham a ser colocados".
Nogueira voltou a insistir que a falta de professores só não é ainda pior porque tem sido disfarçada pela atribuição de horas extraordinárias e recrutamento de licenciados sem profissionalização (mestrado em ensino).
"O ministério divulgou em dezembro que durante o 1.º período foram recrutados cerca de 3100 professores com habilitação própria, um número superior ao do ano letivo passado", frisou.
Durante a segunda e terceira semanas de dezembro a Fenprof fez um inquérito junto das escolas. Responderam 208, mais de um quarto dos agrupamentos. Desse levantamento, 22,6% dos estabelecimentos garantiram que não conseguiram completar o corpo docente até às férias de Natal e quase 60% afirmaram ter tido necessidade de recorrer a docentes não profissionalizados.
Só menos de metade dos agrupamentos (41,3%) tinham todos os professores colocados até final de setembro e só 17% responderam não ter falta de docentes, revelou Nogueira. De acordo com as respostas, para mais de 70% das escolas as dificuldades de recrcutamento agravaram-se.
Dos 24 grupos de recrutamento só Latim, Ciências Agripecuárias, Alemão, Música e Educação Física do 3.º ciclo e Secundário não tiveram falta de professores. Os mais carentes são so de Informática, Inglês, Português, História, Geografia e Matemática (todos do 3.º ciclo e Secundário).