Governo garante apoios este mês, mas há agricultores que "não vão arredar pé"
Os agricultores portugueses começaram, durante a madrugada desta quinta-feira, a bloquear estradas de norte a sul do país, numa iniciativa de cariz "espontâneo" que replica os movimentos originados em França que se têm espalhado por toda a Europa. Reclamam melhoria das condições do setor primário.
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Centenas de tratores e máquinas agrícolas estão a percorrer, em marcha lenta, a Estrada Nacional (EN) 111 em direção à baixa de Coimbra, onde os promotores do protesto esperam juntar, ao final da manhã, meio milhar de veículos.
A manifestação, aparentemente espontânea e não integrada na programação do protesto do Movimento Civil Agricultores de Portugal, que hoje decorre em vários pontos do país, partiu de um grupo de produtores agrícolas do Baixo Mondego, que se concentraram em Montemor-o-Velho, a cerca de 25 quilómetros de Coimbra.
Em declarações à agência Lusa, o agricultor Armindo Valente explicou que o 'cortejo' de tratores saiu de Montemor-o-Velho cerca das 10.30 horas e vai "em marcha lenta até à avenida Fernão de Magalhães", com concentração agendada junto às instalações da Direção Regional de Agricultura do Centro. "Alguns vão-se juntar a nós [ao longo do percurso] e o que esperamos é [ter] cerca de 500 tratores, meio milhar de tratores" em Coimbra, disse Armindo Valente.
A GNR cortou o acesso à Autoestrada 23 (A23) e impediu a entrada naquela via de agricultores do Oeste e Ribatejo que queriam bloquear o trânsito, constatou a agência Lusa no local.
Os cerca de 800 agricultores e 100 tratores que participaram esta manhã numa marcha lenta na Ponte da Chamusca, no distrito de Santarém, decidiram depois dirigir-se para a A23 para cortar a via ao trânsito, segundo informou o Movimento Civil de Agricultores.
No entanto, a GNR cortou o acesso à autoestrada, o que impediu os agricultores de bloquear a via.
Os agricultores reorganizaram-se e, segundo disseram à Lusa, dividiram-se em dois grupos que vão aceder à A23 em carrinhas, por outras vias de acesso, para cortarem o trânsito.
A Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve (CSHA) enviou uma carta ao primeiro-ministro sobre a redução de água para a agricultura no Algarve, alegando que as medidas "comprometem a sobrevivência" de várias zonas e culturas.
Na carta enviada na quarta-feira e a que a agência Lusa teve acesso, a comissão questiona a fundamentação que esteve na base das propostas para a redução do abastecimento de água para o setor e como é que se "poderão considerar necessárias, adequadas e proporcionais ou suficientes para acautelar a escassez hídrica no Algarve".
A posição da CSHA, que integra 120 produtores, agricultores e associações de regantes da região, surge depois de o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, ter anunciado este mês que o Algarve iria ter cortes de água de 25% para a agricultura e de 15% para o setor urbano, incluindo o turismo.
Os agricultores que estão em hoje em protesto em Coimbra deliberaram às 18.15 horas cortar totalmente a Avenida Fernão de Magalhães, naquela cidade, por não terem resposta ao caderno reivindicativo entregue à Direção-Geral de Agricultura do Centro.
Os manifestantes vão posicionar os tratores e máquinas agrícolas de forma que a emergência médica e de socorro possa operar em caso de necessidade nos dois sentidos.
Esta decisão foi transmitida às centenas de agricultores presentes em Coimbra por João Grilo, que tem sido porta-voz nesta manifestação.
Os agricultores decidiram também manter esta ação de protesto na sexta-feira.
O trânsito automóvel já circula no Itinerário Complementar (IC) 1, na zona da Mimosa, concelho de Santiago do Cacém (Setúbal), desde as 21 horas, após os agricultores que cortaram aquela via terem começado a desmobilizar.
"Desmobilizamos cerca das 21 horas, mas ainda permanecem alguns tratores no local que devem sair durante a madrugada", disse à agência Lusa José Miguel Contreiras, porta-voz do grupo de agricultores que bloqueou o IC1 num protesto que juntou dezenas de manifestantes.
A via, na zona da Mimosa, esteve bloqueada, desde as 11 horas, por cerca de 70 tratores e outros veículos agrícolas que percorreram o IC1 numa marcha lenta de agricultores oriundos dos concelhos de Ourique, Castro Verde, Aljustrel, Odemira, no distrito de Beja, e Santiago do Cacém (Setúbal).
"Saíram do local uns 40 tratores porque ainda tinham de percorrer grandes distâncias até às suas explorações, mas ainda permanecem pouco mais de 30" viaturas que deverão "sair durante a madrugada", explicou.
Os agricultores em protesto junto à fronteira de Vila Verde de Ficalho, no distrito de Beja, não vão desmobilizar antes da manhã de sexta-feira, pelo menos. "As nossas condições iniciais não estão cumpridas, portanto a desmobilização imediata está fora da mesa", garantiu João Pedro Pereira.
Segundo o porta-voz, os agricultores vão "com certeza, ponderar a situação, verificando a realidade nacional", mas, "em princípio, até amanhã [sexta-feira] de manhã não haverá nenhuma decisão definitiva".
"Sem prejuízo de ponderarmos desmobilizar, para nós, não estão cumpridas as condições iniciais e não é nossa intenção desmobilizar imediatamente. Nem temos condições logísticas para isso. Há pessoas que estavam aqui há 24 horas que foram descansar e uma desmobilização imediata está fora de questão", vincou.
"Surpreendidos com a desmobilização" dos protestos "noutros sítios", os agricultores que se encontram na Estrada Nacional 260 (EN260) junto à fronteira de Vila Verde de Ficalho, no lado português, e Rosal de la Frontera, no lado espanhol, insistem que não são movidos "só por dinheiro, nem sequer pelos cortes nas ajudas que foram a gota de água" que despoletou o movimento a nível nacional.
"Há aqui questões mais abrangentes. Há o regresso das florestas ao ministério da Agricultura, há a recuperação das direções-regionais de Agricultura, há o discutir a programação do PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum] com os agricultores para tentarmos chegar a soluções mais adequadas para a nossa agricultura", elencou João Pedro Pereira.
Os agricultores concentrados na A25, no Alto do Leomil, perto da fronteira de Vilar Formoso, concelho de Almeida, começaram a desmobilizar, pelas 22 horas, depois de conhecerem as conclusões da reunião com o Governo.
O porta-voz do Movimento Civil de Agricultores, Ricardo Estrela, que participou na reunião por videoconferência, em que esteve a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, deu a conhecer as conclusões aos manifestantes, considerando que o acordo alcançado foi o possível nas atuais circunstâncias.
O acordo corrige no essencial as reivindicações que suscitarem a concentração de agricultores em vários locais do país, designadamente na A25, a cerca de 13 quilómetros da fronteira de Vilar Formoso, no concelho de Almeida (distrito da Guarda).
Os agricultores em protesto bloquearam a circulação desde as 6.15 horas desta quinta-feira entre o nó de Pínzio, no concelho de Pinhel, e Vilar Formoso, concelho de Almeida.
"A única certeza é que se as promessas do Governo não forem cumpridas, voltaremos à rua", sublinhou Ricardo Estrela.
Descontentes com os cortes dos apoios da Política Agrícola Comum (PAC), os agricultores portugueses convocaram uma onda de protestos nas estradas de norte a a sul do país, seguindo a contestação que se faz sentir um pouco por toda a Europa. Saiba aqui o que está em causa nestas manifestações.
A maior parte das medidas do pacote de apoio aos agricultores portugueses, que foi anunciado na quarta-feira, com mais de 400 milhões de euros de dotação, entra em vigor ainda este mês, anunciou o Governo.
Na quarta-feira, o Governo avançou com um pacote de ajuda aos agricultores, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que não travou os protestos agendados para esta quinta-feira, de Norte a Sul do país.
Leia mais aqui.
Os agricultores que estão em Coimbra vão manter-se em protesto até pelo menos sexta-feira, à espera de respostas positivas da tutela ao caderno reivindicativo apresentado à tarde na Direção Regional de Agricultura do Centro.
"O que veio [resposta] foi a resposta que a ministra da Agricultura disse na quarta-feira e hoje de manhã, que vamos recuperar o pagamento em falta dos 25% na produção integrada e 35% na produção biológica e mais nada, continuando sem respostas para o futuro", salientou Carlos Plácido, do movimento organizador do protesto.
O produtor de milho, batata e carne pretende que sejam dadas respostas às outras questões apresentadas no caderno reivindicativo, como por exemplo o fim do nivelamento nacional, já que a região do Baixo Mondego "é uma das mais prejudicadas e tem características muito específicas".
Os manifestantes exigem também o recomeço da construção da barragem de Girabolhos, "que protege toda a cidade [de Coimbra] das cheias", descontos no gasóleo agrícola, "que está mais caro do que na época da pandemia da covid-19, o abaixamento dos fatores de produção das principais culturas: arroz e milho e apoios à perda de rendimentos.
"Não houve resposta às nossas reivindicações e, portanto, não vamos arredar pé", frisou Carlos Plácido, referindo que os participantes estão disponíveis para continuar o protesto, "não prejudicando as pessoas e minimizando os danos", dando um "passo de cada vez".
Os agricultores que bloquearam a fronteira do Caia, em Elvas, distrito de Portalegre, começaram a desmobilizar depois de receberem a garantia de que vão receber, até final do mês, os apoios que tinham sido retirados.
"Vamos desmobilizar, penso que a nível de todo o país, a nossa atuação", afirmou José Eduardo Gonçalves, um dos porta-vozes dos agricultores em protesto junto à fronteira do Caia, em declarações aos jornalistas.
O agricultor revelou que os manifestantes decidiram dar por terminado o protesto depois de terem recebido uma comunicação do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), na sequência de uma negociação "ao mais alto nível" com o Governo.
"O IFAP não é uma entidade política, é a entidade que paga aos agricultores" e a comunicação deste instituto "dá-nos uma certa tranquilidade, pela negociação que foi feita com personalidades deste Governo", realçou.
O presidente da Câmara de Coimbra manifestou solidariedade às centenas de agricultores que "invadiram" a Baixa da cidade em protesto por melhores condições para o setor, considerando que é necessário defender a agricultura nacional.
"A agricultura é absolutamente essencial e estratégica para Portugal e, portanto, temos de apoiar os agricultores, defender a nossa agricultura e dar condições para que a nossa agricultura e os nossos agricultores sobrevivam", sublinhou José Manuel Silva.
Para o autarca, a agricultura é "fundamental e uma riqueza muito particular do concelho de Coimbra", pelo que não podia deixar de manifestar solidariedade com os agricultores e dizer que está "do lado deles".
De acordo com fonte policial, mais de 400 tratores e máquinas agrícolas começaram a entrar na cidade de Coimbra às 14 horas, no seguimento de uma marcha lenta pela Estrada Nacional (EN) 111 que começou em Montemor-o-Velho.
Às 18.15 horas, os manifestantes deliberam cortar totalmente a avenida Fernão de Magalhães, naquela cidade, por não terem resposta ao caderno reivindicativo entregue à Direção-Geral de Agricultura do Centro, embora só metade daquela artéria tenha sido fechada, mas de forma a permitir a circulação dos veículos de emergência médica e de socorro.
Os agricultores vão manter-se em protesto até pelo menos sexta-feira, à espera de respostas positivas da tutela.
Representantes do movimento estiveram reunidos durante a tarde com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, por videoconferência, na autarquia de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco. Ao JN, Ricardo Estrela, porta-voz da região das Beiras, explicou que apresentaram propostas à governante, "numa tentativa de negociação" e que cabe a cada zona decidir se mantêm ou não os bloqueios consoante o defecho do encontro - que devem comunicar em breve.
"A senhora ministra ouviu as nossas pretensões, comprometeu-se a adotar medidas. Vamos agora transmitir em direto aos agricultores em Vilar Formoso justamente o que foi falado. Depois caberá aos agricultores que estão presentes decidirem se com a informação que nós levamos mantêm ou não mantêm a manifestação. De qualquer das formas, os agricultores estão preparados para ficar", explica o porta-voz, lembrando que este é um movimento civil e livre.
O bloqueio da A23 pelos agricultores, na zona do Alto de Leomil, no concelho de Almeida, está a provocar constrangimentos sobretudo à circulação dos camiões que têm de entrar ou sair de Portugal pela fronteira de Vilar Formoso. O trânsito está a ser desviado para a EN 16 entre o nó de Pínzio, no concelho de Pinhel, e Vilar Formoso (Almeida), no distrito da Guarda. Há um corredor na A23 para passagem de ambulâncias em marcha de urgência.
"É um transtorno muito grande", salientou José Oliveira, camionista de Paços de Ferreira em viagem para Inglaterra, que aproveitou o desvio para almoçar num restaurante no Alto de Leomil. "As vias alternativas não estão preparadas para receber a circulação dos camiões. São estreitas, há limitação de velocidade e em alguns casos há semáforos", apontou José Oliveira, camionista há 23 anos.
Ainda assim, destacou que as implicações não são comparáveis às que sentiu na semana passada em França. "Apanhei muitos [bloqueios]. Uma viagem para durar dois ou três dias pode demorar cinco ou seis dias".
A trajetória da viagem de Ricardo Montinho e Nuno Bento também foi inesperadamente alterada. Vindos de Pamplona numa deslocação em negócios, em Espanha, foram surpreendidos com a presença da GNR em Vilar Formoso e obrigados a desviar o percurso pela EN16. "Não sabíamos o que se estava a passar. Depois é que fui ver ao telemóvel para tentar perceber o que passava e vi", relatou Nuno Bento. O plano era chegar à empresa no Cartaxo por volta das 14:00, mas não foi possível cumprir. Decidiram parar e almoçar no Alto de Leomil_ "E não correu mal. Porque assim não comíamos uma magnífica jardineira".
No restaurante "Solar do Côa" vive-se a azáfama da hora de servir almoços. "Não tem nada a ver com os outros dias", salientou Amélia Pereira. O movimento no estabelecimento regressou hoje "aos tempos antigos", disse, com satisfação, lembrando quando a A25 ainda não desviava os clientes. Ainda mesmo sem ter terminado a hora do almoço, Amélia Pereira garantiu acreditar que hoje tenha havido um aumento de 35% na atividade.
A proprietária admitiu que se prepararam para a eventualidade de se confirmar o bloqueio, na expectativa de que isso pudesse trazer mais clientes. "Na noite de quarta-feira, já havia pessoas de Idanha-a-Nova a deixar aqui os tratores, na zona de estacionamento", relatou.
Os agricultores do Ribatejo e Oeste que se concentraram em protesto na ponte da Chamusca, no distrito de Santarém, começaram a desmobilizar ao início da noite.
"A concentração terminou cerca das 20.15 horas, depois de dos dois lados das ponte [uma no concelho da Chamusca e outra no concelho da Golegã], os agricultores começarem a retirar os tratores e a desmobilizar o protesto", disse à Lusa um dos agricultores, António Falcão.
O agricultor, do Tramagal, afirmou desconhecer ainda "o resultado da reunião que estava agendada" com a ministra da Agricultura, mas "face às informações que foram divulgadas por alguns organismos, os agricultores [do Ribatejo e Oeste] decidiram desmobilizar e ver o que vai acontecer nos próximos dias".
O protesto no Ribatejo e Oeste mobilizou cerca de 800 agricultores e mais de 100 tratores que desde as 6 horas concentraram-se na ponte da Chamusca, que liga este concelho ao da Golegã.
Agricultores presentes no protesto junto da fronteira de Vila Verde de Ficalho, no concelho de Serpa (Beja), com a Andaluzia espanhola desafiaram "todos os partidos do arco da governação" a comprometerem-se com as suas reivindicações.
Em declarações aos jornalistas, Helena Cavaco, do Movimento Civil Agricultores de Portugal, promotor dos protestos que decorreram hoje um pouco por todo o país, afirmou que os manifestantes querem garantias dos partidos e não apenas do Governo que está em gestão. "Estamos completamente empenhados em manter-nos aqui até que haja um compromisso por parte quer do atual Governo quer dos partidos que possam vir a formar o próximo governo com as reivindicações que estão preparadas" pelos agricultores, disse.
Os agricultores continuam "muito empenhados em continuar a mobilização", ou seja, este "movimento que surgiu espontaneamente e que, entretanto, tem vindo a ser engrossado".
O acesso à fronteira de Bemposta, no concelho de Mogadouro, distrito de Bragança, está normalizado após ficar ter ficado condicionada ao trânsito durante a tarde de hoje devido ao protesto dos agricultores. "Os agricultores têm a sua lavoura e os seus animais para tratar, uma situação que levou à desmobilização dos tratores e das alfaias mais cedo" no protesto que estava a condicionar o trânsito junto a fronteira de Bemposta", disse à Lusa Dário Mendes, um dos porta-voz dos homens da terra, segundo o qual a desmobilização iniciou-se cerca das 18.30 horas.
O presidente do PSD comprometeu-se, esta quinta-feira, a dialogar quer com as forças de segurança quer com os agricultores, considerando justas as reivindicações de ambos os setores, mas sem quantificar promessas antes das eleições de março.
Na sua declaração inicial aos jornalistas, Montenegro fez questão de se referir também à "enormíssima manifestação dos agricultores portugueses" que decorre hoje por todo o país. Denotam toda a sua frustração e desilusão com a falta de apoio por parte do Governo", considerou.
Questionado o que pode a AD oferecer diferente aos agricultores, o líder do PSD respondeu: "Desde logo, dignidade e respeito". "Para mim a agricultura é um setor estratégico, estratégico para criar riqueza, para termos mais autonomia alimentar, para fixar pessoas no território", disse, comprometendo-se também a ter membros num eventual Governo que tenham uma "relação dialogante e leal" com os agricultores.
Os agricultores em protesto na A25, no Alto de Leomil, concelho de Almeida, aguardam pelo resultado de uma reunião com a ministra da Agricultura, a realizar hoje por videoconferência, para decidir que rumo dar ao bloqueio iniciado de madrugada.
O representante do Movimento Civil de Agricultores, Paulo Tomé, comunicou aos agricultores, por volta das 17.30 horas, que já tinham sido apresentadas propostas e que aguardavam resultados da reunião com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, "para saber se iria haver novidades".
O encontro estará a ser realizado a partir de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco.
O representante explicou aos manifestantes que as propostas mais urgentes passam pelo pagamento imediato de alguns valores em dívida, alguns retidos no dia 25 de janeiro e outros relacionados com as pastagens.
O movimento exige também "ser uma voz ativa na negociação do novo quadro comunitário de apoio".
"São medidas aprovadas em Lisboa que se adaptam ao distrito da Guarda e não se adaptam a Castelo Branco. Queremos fazer uma adaptação do quadro comunitário", salientou Paulo Tomé.
O representante disse que a região das Beiras foi exemplar no protesto que decorreu hoje a nível nacional e destacou que "não houve problemas nem desacatos, não sendo necessário a GNR intervir".
Os agricultores estão concentrados em protesto junto ao Alto de Leomil, bloqueando a circulação na A25 desde as 6.15 horas entre o nó de Pínzio, no concelho de Pinhel, e Vilar Formoso, concelho de Almeida.
No distrito de Vila Real, os agricultores fizeram esta tarde duas marchas lentas na aldeia fronteiriça de Vila Verde da Raia, Chaves, e em Salto, Montalegre, para alertar para o baixo rendimento e as dificuldades crescentes nesta atividade.
A meio da tarde, 15 tratores saíram do centro de Vila Verde da Raia e percorreram a estrada municipal 103-5 até à antiga fronteira, cerca de cinco quilómetros, onde fizeram inversão de marcha para a aldeia.
Presos nas máquinas agrícolas traziam cartazes onde se podia ler: "Senhora ministra, o país come o que nós produzimos", "Agricultores contra a incompetência de quem nos governa", "Agricultores explorados e arruinados" e "O agricultor luta pela sobrevivência".
Já em Salto, segundo fonte da GNR, foram cerca de 30 tratores e outros veículos que percorreram em marcha lenta a estrada regional 311 até ao limite do concelho e do distrito de Vila Real com Braga. "Estamos todos falidos e, agora, com a idade que temos, o que vamos fazer? A agricultura está de rastos, está tudo caríssimo e nós não ganhamos para a despesa, estamos a produzir a baixo custo. Temos mais custos do que receita", afirmou à agência Lusa Manuel Fernandes, agricultor de 62 anos, residente em Vila Verde da Raia e porta-voz da iniciativa realizada esta tarde.
O produtor de cereais lançou duras críticas ao Governo português e também à União Europeia e, relativamente aos subsídios, salientou que ainda não recebeu o correspondente a 2023. "Ainda não pagaram nada. Isso é outro problema, mas também não é disso que a gente sobrevive, é uma gota de água", salientou, apontando para os custos de produção como os combustíveis ou a eletricidade que estão "uma loucura".
Com a empresa criada em 1990, Manuel Fernandes disse que conseguiu formar as filhas, mas garantiu que hoje "não se consegue viver". "Em vez de andarmos para a frente, andamos para trás", frisou.
Joaquim Rodrigues, produtor de leite de Chaves com 43 anos, juntou-se ao protesto porque o "panorama agrícola atual está muito mau" para os agricultores. "Estamos a produzir quase abaixo de custo, muita dificuldade em suportar os custos. É uma atividade muito desgastante e que quase não é rentável", salientou.
Relativamente aos apoios do Estado, Joaquim Rodrigues disse que recebeu "cerca de 10%" daquilo que habitualmente recebia e salientou que, assim, se torna inviável a exploração. "É complicado. Investimos numa atividade e chegamos a meio da idade ativa de trabalho e temos que desistir porque não conseguimos subsistir com estas dificuldades", afirmou, referindo que produz cerca de meio milhão de litros de leite por ano.
André Grilo, 36 anos, produtor de cereais, essencialmente milho de Santo Estêvão, disse estar frustrado com o corte nos subsídios na ordem dos 25 a 35%. "A juntar aos aumentos de produção, estamos completamente lixados. É cada vez mais difícil ser agricultor, porque o pouco dinheiro que se ganha, gasta-se nos custos de produção. Está a ser muito complicado sobreviver da agricultora, nem sabemos o que devemos fazer: abandonar ou continuar a lutar", sublinhou André Grilo.
Agricultores do Ribatejo e Oeste voltaram a concentrar-se pelas 16 horas na Ponte da Chamusca, após uma breve arruada junto a um acesso da Autoestrada 23 (A23), sem provocar o corte da via, informou o Movimento Civil de Agricultores.
Os agricultores "acataram pacificamente a sugestão da GNR, com quem tiveram reuniões durante a manhã, no sentido de fazer uma arruada numa estrada próxima de acessos à A23, mas sem entrar na autoestrada", explicou à Lusa Nuno Mayer, um dos agricultores que aderiu ao protesto do Movimento Civil de Agricultores, sublinhando "o bom senso e entendimento" entre os manifestantes e as força de segurança, com as quais "houve coordenação".
Nuno Mayer assegurou à Lusa não ter havido "qualquer incentivo ao corte da autoestrada", ainda que durante sensivelmente 40 minutos o trânsito tenha sido condicionado, com a circulação a ser controlada pelas autoridades, que não permitiram aos agricultores cortar a via ao trânsito.
Segundo o agricultor, "por sugestão da GNR foi decidido voltar à ponte da Chamusca", no distrito de Santarém, onde o manifestantes já tinham estado concentrados durante a manhã. "Sendo um dos principais eixos que divide o Tejo, a concentração teve a exposição e visibilidade que se pretendia", cumprindo o objetivo de demonstrar "o descontentamento do setor, mas também a união entre os agricultores", acrescentou.
Os agricultores que bloqueiam a Autoestrada 6 (A6) junto à fronteira do Caia, em Elvas, no distrito de Portalegre, estão a permitir a passagem de veículos prioritários e 10 camiões de hora a hora.
Foi o caso de um camião cisterna com glucose de milho, já que, como explicou aos manifestantes um militar da GNR que acompanhava o pesado e a agência Lusa ouviu, a sua permanência no local, devido às altas temperaturas, podia provocar um prejuízo de 30 mil euros.
Os manifestantes compreenderam e deixaram passar o camião, que seguiu viagem, acompanhado pelo militar da GNR, por uma estrada secundária paralela à A6 até Espanha.
Esta situação aconteceu num dos pontos de bloqueio dos três que foram montados pelos agricultores na A6.
Também estão a passar autocarros e carros que transportem grávidas, crianças ou doentes, assim como 10 camiões de hora a hora, após uma suposta exigência da GNR.
Desde que foi feita essa alegada exigência e até às 16 horas, segundo um dos manifestantes, já terão passado cerca de 30 camiões.
O líder do CDS-PP, Nuno Melo, acusou o Governo de ter recuado na decisão de cortar nos apoios à Agricultura devido aos protestos, por estar em vésperas de eleições. "Nós não temos dúvidas. O que aconteceu é simplesmente um recuo em relação a um receio sobre eleições que serão em 10 de março, perante um ministério totalmente incapaz de assumir os seus erros. Na verdade, um ministério que simplesmente não existe em Portugal", afirmou.
O dirigente do CDS-PP acusou os ministros da Agricultura e das Finanças de faltarem à verdade, "apenas para controlarem danos", por terem sido "confrontados com a revolta justa dos agricultores, muitos na iminência de fecharem portas". "A única coisa de diferente que sucedeu entre o anúncio dos cortes há sete dias e o recuo de ontem [quarta-feira] foram manifestações dos agricultores na rua. E é por causa destas manifestações dos agricultores e do custo político a pensar em eleições antecipadas que o Governo agora recua", alegou.
Segundo o líder centrista, as tabelas de pagamentos divulgadas pelo IFAP eram "objetivas" e não permitiam dúvidas.
Nuno Melo desafiou o Governo a esclarecer o que se passou e a "assumir responsabilidades", lembrando que o IFAP é tutelado pelos ministérios da Agricultura, da Presidência e das Finanças. "Há um esclarecimento que o Governo tem que dar e não pode simplesmente passar de fininho na chuva da propaganda. O Governo tem de esclarecer se de facto se tratou de uma transmissão equívoca ou um erro de perceção do IFAP, quem é que no IFAP foi responsável por essa declaração?", afirmou.
Os agricultores da zona do Baixo Mondego que "invadiram", esta tarde, a Avenida Fernão Magalhães, na Baixa de Coimbra, vão reunir com a Direção Regional de Agricultura e Pescas e pernoitar na cidade.
Mais de 200 tratores e máquinas agrícolas começaram a entrar na cidade de Coimbra às 14 horas e pouco depois das 15 horas já bloqueavam por completo uma parte daquela artéria, no sentido do centro da cidade. Às 16 horas, a circulação automóvel já era permitida numa via em cada sentido da avenida.
Os manifestantes salientaram à agência Lusa que vão pernoitar no local e que os tratores e máquinas agrícolas já não vão sair do sítio que ocupam.
O secretário-geral do PCP saudou, esta quinta-feira, a "justa luta" dos agricultores, defendendo que é preciso "acabar com a ditadura da grande distribuição" e acusando PS e a direita de serem responsáveis pela concretização da Política Agrícola Comum. "O que os agricultores precisam hoje, e em particular os pequenos e médios agricultores, é que o seu rendimento, fruto das suas produções, aumente. Para isto acontecer é preciso, desde logo, acabar com uma questão central, que é a ditadura da grande distribuição", defendeu Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, em Lisboa.
Para o líder comunista, "enquanto não se acabar com a ditadura da grande distribuição", que "aperta os rendimentos aos agricultores", vai-se continuar a ver "mais explorações encerradas, menos produção alimentar". "O que se está a passar hoje é uma luta justa dos agricultores e tem de ser também uma justa luta de toda a população, porque primeiro vão os agricultores e depois a seguir vamos nós", advertiu.
Paulo Raimundo considerou que há um ponto comum que une os agricultores que estão em protesto na Europa, referindo-se à Política Agrícola Comum (PAC), criticando as consequências que teve em Portugal e notando que há responsáveis pela sua conceção política e pela sua concretização. "Bem podem vir agora com declarações, com vídeos enviados para as redações com toda a firmeza, mas são todos responsáveis: PS, PSD e CDS, como protagonistas desta PAC, e o Chega e Iniciativa Liberal como apoiantes", criticou.
Para o secretário-geral do PCP, esses partidos "são todos cúmplices, cúmplices das 400 mil explorações agrícolas que foram à vida, pelo desprezo da agricultura familiar, por esta política de abandono da produção nacional e alimentar".
Sobre as medidas anunciadas pelo Governo, de apoios de mais de 400 milhões de euros aos agricultores, Paulo Raimundo considerou que a medida é importante mas não chega. "O que é preciso é criar as condições para que os agricultores aumentem os seus rendimentos, nomeadamente fruto do trabalho que têm e com a venda dos seus produtos", afirmou.
O secretário-geral do PCP advertiu que se está perante uma situação em que "se está a esmifrar os agricultores, os pequenos produtores".
Os agricultores que estão a condicionar o acesso a Espanha pela fronteira da Bemposta, em Mogadouro, no distrito de Bragança, prometem mater o protesto "os dias que forem precisos" até serem recebidos pela ministra da Agricultura.
Em declarações à Lusa, no local, o representante do movimento, que se apresenta como espontâneo e apartidário, salientou que os agricultores "estão unidos" e prometem não desistir.
"Estamos todos em sintonia, ao nível do país. Se a ministra e o Governo não receberem algumas das pessoas que estão connosco e acertarem medidas concretas, não levantamos o bloqueio", garantiu Dário Mendes, que encabeça os protestos.
Desde o início da tarde que cerca de 60 tratores e outras máquinas agrícolas estão a condicionar o acesso à fronteira da Bemposta, sendo no entanto possível atravessar para Espanha.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) acompanha os vários bloqueios de vias no país, devido aos protestos dos agricultores, para garantir a segurança de manifestantes e restantes cidadãos, e reforçou informações na plataforma de tráfego Waze e nas redes sociais. "Aqui no Cingop [Centro Integrado Nacional de Gestão Operacional], temos uma célula de comando, uma estrutura de operações, informações e comunicação que dá apoio a esta operação que está a decorrer a nível nacional", explicou à Lusa a tenente-coronel Mafalda Gomes de Almeida.
A estrutura, que funciona no comando-geral da GNR, no Quartel do Carmo, em Lisboa, "tem uma série de valências", está "a acompanhar o desenvolvimento destes movimentos" e a "garantir também o acompanhamento dos manifestantes e a garantir a segurança", acrescentou a porta-voz.
As unidades da GNR estão a acompanhar as movimentações dos agricultores em autoestradas, itinerários principais e complementares e estradas nacionais.
"Neste momento, portanto, mantemos a [Autoestrada] A25 cortada, no Alto Leomil, está cortada em ambos os sentidos, tem aqui uma alternativa para a Estrada Nacional 16, temos também ali a zona de Portalegre, na A6, junto à fronteira do Caia, cortada em ambos os sentidos", avançou a tenente-coronel. "A Estrada Nacional 371 cortada também no nó de Varges e, neste momento, temos ali uma alternativa para a Estrada Nacional 4, saída de Borba, eventualmente a Estrada Nacional 373, mas encontramos aqui os cortes talvez mais significativos", acrescentou.
No distrito de Beja, "em Vila Verde de Ficalho, a Estrada Nacional 260 também está cortada em ambos os sentidos, com alternativa para a Estrada Nacional 122 (Pomarão)" e, no distrito de Santarém, regista-se "uma marcha que se dirige" para a A23, pelo IC3, onde também já se verificava um "reforço de policiamento para junto da A23".
A Estrada Nacional 256-1, em Mourão, também está cortada, entre Mourão e Fronteira de São Leonardo (Fronteira), e o IC1 cortado também junto à Mimosa, entre as Ermidas do Sado e Alvalade do Sado.
Além de "uma marcha lenta" na Estrada Nacional 111, no sentido Montemor-o-Velho-Coimbra", a GNR registou ainda "alguns movimentos também inorgânicos", mas que "são muito pontuais" e que "estão a ser localmente acompanhados".
As informações sobre os bloqueios de trânsito têm sido também atualizadas pelo Cingop na plataforma Waze. "Essa informação é introduzida pela própria Guarda Nacional Republicana e as nossas redes sociais vão começar a lançar também alertas relativamente a estes cortes e condicionamentos", frisou a tenente-coronel. "Temos a agradecer a colaboração e a comunicação que eles [manifestantes] têm feito connosco, temos pautado aqui também pelos princípios da proporcionalidade e adequar o nosso comportamento e a nossa atuação de acordo com este movimento, que no fundo tem sido pacífico e tem sido colaborante e apelamos a que se mantenha", salientou Mafalda Gomes de Almeida.
A mesma fonte realçou que a GNR quer "a salvaguarda da segurança" dos manifestantes, mas "também a salvaguarda de outras pessoas que circulam e que têm legitimidade para tanto, para continuar a circular, bem como os transportes que são feitos, nomeadamente dos bens perecíveis e daqueles bens de primeira necessidade, que é necessário continuar a manter". "Não obstante efetivamente os cortes que se mantêm, tem sido uma preocupação para nós garantir que efetivamente existem corredores de emergência, não só para viaturas que são prioritárias, mas também para garantir a circulação de outras pessoas que sejam apanhadas de surpresa pelos protestos", vincou.
Mais de 90 tratores e várias carrinhas foram em marcha até à fronteira de Bemposta, em Mogadouro, ao final da manhã desta quinta-feira, com o objetivo de condicionar a entrada em Portugal, “como forma de protesto pelas más condições em que se encontra o setor”.
Os agricultores e criadores de gado concentraram-se na vila de Mogadouro, cerca das 7 horas, em frente ao pavilhão multiusos local e, depois disso, circularam em marcha lenta pela localidade, fazendo uma paragem simbólica no nó do IC5, em Mogadouro.
José Duarte, representante do movimento civil Agricultores de Portugal, disse que o protesto “excedeu as expectativas iniciais" da organização. A maioria dos agricultores concentrou-se em Mogadouro, mas, logo ao início da manhã, já outros estavam parados na fronteira de Bemposta, em Mogadouro, e na de Miranda do Douro.
A circulação no Itinerário Complementar 1 (IC1) junto à localidade de Mimosa, no concelho de Santiago do Cacém (Setúbal), está cortada ao trânsito nos dois sentidos, desde as 11 horas, no âmbito da manifestação de agricultores.
Segundo disse à agência Lusa Diogo Brito Pais, do Movimento Civil de Agricultores, no local estão "cerca de 70 tratores e mais algumas carrinhas" a bloquear o trânsito e só desmobilizarão quando as suas reivindicações "forem atingidas". "Senão, estamos para ficar", afiançou este agricultor, explicando que "o corte [nos apoios] que foi feito e a falta de respeito que o Ministério [da Agricultura] mostrou pelos agricultores" foi o que motivou os manifestantes.
Para Diogo Brito Pais, "são cortes que não são justificados" numa altura em que, na Europa, "se pede a transição energética". "Os agricultores foram os primeiros a querer fazê-la, mas agora fazem-lhes um corte exatamente nessas medidas. Isto não tem sentido nenhum", frisou.
A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, disse hoje que os agricultores devem confiar no Governo e que vai pedir autorização à Comissão Europeia para utilizar o Orçamento do Estado para evitar distorções no mercado.
"Os agricultores devem confiar no Governo e nas instâncias europeias. A PAC [Política Agrícola Comum] é o único instrumento europeu para fazer face à produção de alimentos e, neste momento, não serve os desafios que os agricultores têm pela frente", afirmou a governante, em declarações à SIC, no dia em que agricultores em protesto estão a bloquear várias estradas do país, em particular junto à fronteira com Espanha.
Maria do Céu Antunes garantiu que o Governo vai pedir autorização à Comissão Europeia para utilizar o Orçamento do Estado para que não haja distorções no mercado, isto porque, entre os motivos do descontentamento, está a concorrência estrangeira. A ministra realçou ainda que o Governo está a trabalhar com o setor e com as instâncias europeias para desbloquear os apoios extraordinários o mais rápido possível.
Os cerca de 800 agricultores e 100 tratores concentrados na Ponte da Chamusca vão deslocar-se para um novo ponto de protesto e cortar o trânsito na Autoestrada 23, informou o Movimento Civil de Agricultores. "Na Chamusca, o protesto está cumprido e agricultores e máquinas estão a reunir-se num ponto de encontro para avançar para a A23, onde a via irá ser cortada junto à saída da Cardiga, em direção a Tomar", disse à agência Lusa o porta-voz do movimento para a zona do Ribatejo e Oeste, Nuno Mayer.
De acordo com Nuno Mayer, o protesto concentrou, "desde muito cedo, cerca de 800 agricultores e mais de uma centena de tratores" que durante amanhã de hoje condicionaram o trânsito na Ponte da Chamusca, no distrito de Santarém, que chegou a estar cortada durante algumas horas.
A mudança de local "está a ser articulada com a GNR", explicou à Lusa o porta-voz do movimento que garante que "o agricultores estão todos unidos e a uma voz tem que ser ouvida em vários pontos" do país.
A fronteira de Vila Verde de Ficalho, em Serpa, está totalmente bloqueada, num protesto dos agricultores que se estendeu ao IC, com uma marcha lenta que começou em Ourique e levou ao corte da via em Mimosa, no concelho de Santiago do Cacém (Setúbal).
Bom dia. Os agricultores saem hoje à rua com os seus tratores, de norte a sul do país, reclamando a valorização do setor e condições justas, num protesto que, ao início da manhã, está a bloquear várias estradas, à semelhança do que tem acontecido em França e um pouco por toda a Europa. A iniciativa, que começou durante a madrugada e na qual participam vários movimentos de agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 500 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
Imagens de um protesto que madrugou: homens e mulheres da terra cortam estradas de norte a sul
O protesto dos agricultores na Bélgica cortou todas as estradas de acesso ao Parlamento Europeu, esta quinta-feira. As tochas, as fogueiras, a terra e a palha substituíram os fatos e as gravatas que habitualmente circulam na Praça do Luxemburgo, em Bruxelas. Os agricultores prometem não sair até serem correspondidos.
Começaram a chegar poucos minutos antes da meia-noite (23 horas em Lisboa). Primeiro chegou um trator, depois outro e, cerca da uma hora da madrugada, já eram dezenas a ocupar as principais ruas de Bruxelas, com particular densidade na Praça do Luxemburgo, onde está sediado o Parlamento Europeu. Neste local, os agricultores ficaram toda a noite em protesto e continuam de manhã, como o JN constatou em Bruxelas. Vêm de todo o país e querem respostas dos líderes europeus para a crise que vivem.
“Estamos aqui por décadas de esquecimento destes burocratas que agora vão ter de nos ouvir”, dizia o porta-voz do movimento de protesto, ao megafone, colhendo o gáudio dos agricultores revoltados, ainda nas primeiras horas. "Não podemos ser nós a pagar a crise do clima. A agricultura não provocou esta crise", acrescentava, tecendo críticas às limitações impostas por Bruxelas ao setor agrícola, com a justificação do combate às alterações climáticas.
Centenas de agricultores com mais de 80 tratores estão concentrados na vila de Mogadouro e prometem bloquerar a localidade e as fronteiras de Bemposta e Miranda do Douro para reivindicar condições justas e a valorização da atividade.
José Duarte, em representação do Movimento Cívil Agricultores de Portugal, afirmou que a mobilização "excedeu as expectativas" e que, pelas 9.30 horas, a maioria dos agricultores estava concentrada em Mogadouro, embora outros manifestantes estivessem - e continuem - também nas fronteiras.
"Está a chegar gente de outros concelhos, como Alfândega da Fé e Moncorvo. Está um ajuntamento grande, os agricultores estão concentrados e vão circular em marcha lenta, o que bloqueia o centro da vila", explicou José Duarte.
Também na fronteira de Barca D'Alva, no distrito da Guarda, estão dezenas de agricultores.
As cinco biorregiões portuguesas exigiram hoje que o Governo reponha a totalidade das ajudas à agricultura biológica e alertaram a tutela "para o forte impacto" nos seus territórios, da redução prevista nos Ecorregimes.
Numa nota conjunta enviada hoje à agência Lusa, as biorregiões de Idanha-a-Nova, Lagos do Sabor, S. Pedro do Sul, Alto Tâmega e Barroso, Margem Esquerda do Guadiana e a Coordenação Portuguesa da Rede Internacional das Biorregiões realçaram que Portugal comprometeu-se em aumentar a área de produção biológica para 19% da SAU. Adiantaram que este é "um sinal claro sobre a sua intenção de apoiarem modos de produção mais amigos do ambiente, dependendo esse objetivo das ajudas diretas à reconversão e manutenção do modo de produção biológico".
De acordo com os subscritores da missiva, a redução das ajudas à agricultura biológica, prevista nos Ecorregimes, "que segundo informação do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) sofrerão cortes de 35%", face ao número e dimensão da adesão dos agricultores às referidas medidas, vai afetar a capacidade financeira dos agricultores e prejudicar as metas ambicionadas por Portugal e pela União Europeia.
Eram 3 horas quando os agricultores da Margem Esquerda do Guadiana, do distrito de Beja, cortaram a Estrada Nacional (EN) 260/IP8, em Vila Verde de Ficalho, na ligação a Espanha, pela localidade de Rosal de la Frontera. Esta via é a principal ligação entre Portugal, nomeadamente Lisboa, e o sul de Espanha às importantes cidades de Huelva e Sevilha, muito utilizada pelos camionistas que fazem o transporte de bens alimentares, combustíveis e outros entre os dois países.
Centenas de tratores e alfaias agrícolas chegaram bastante cedo para bloquear a EN260 como forma de protesto face aos cortes promovidos pelo Ministério da Agricultura e, numa zona onde a via fica mais estreita, as máquinas pararam, não havendo qualquer veículo a circular nos dois sentidos.
A Estrada Nacional 4 junto a Elvas, no distrito de Portalegre, foi temporariamente cortada ao trânsito, no arranque do protesto de agricultores. Vindos de vários concelhos dos distritos de Évora e Portalegre, os manifestantes começaram a concentrar-se antes das 5 horas, neste local, sob o olhar atento da GNR, e, por volta das 6.20, iniciaram o protesto, informa a agência Lusa, que esteve no local. Com os tratores parados ou em circulação lenta neste troço da EN4, o trânsito ficou bloqueado.
Dezenas de máquinas agrícolas e agricultores estão a interromper, desde o início da manhã, a circulação na A25, entre o nó de Leomil e Vilar Formoso, na Guarda. O protesto está a juntar agricultores de toda a Beira Interior, de acordo com o porta-voz do Movimento Civil de Agricultores para a região das Beiras.
Em declarações à agência Lusa, Ricardo Estrela, agricultor, que está em marcha lenta na A25, contou que as máquinas agrícolas, reboques e veículos entraram cerca das 6 horas no nó de Leomil e, quase uma hora depois, estavam em marcha lenta em direção a Vilar Formoso. "A ideia é bloquear, mas estamos em marcha lenta para permitir que mais veículos possam participar e entrar na autoestrada. Nesta altura é difícil dizer quantos veículos estão na autoestrada, mas vieram agricultores de toda a Beira Interior", disse Ricardo Estrela, apontando que os agricultores começaram a chegar cedo, alguns ainda na quarta-feira à noite.
Também na A6, na zona de Elvas, houve vários bloqueios no sentido Elvas Oeste - Caia, alegando que as viaturas que conduziam tinham problemas mecânicos. Por volta das 7 horas, uma coluna de carrinhas e veículos todo-o-terreno, encabeçada por uma viatura da GNR, entrou na A6 em direção à fronteira do Caia, mas pouco depois do nó Elvas Oeste, onde tinha entrado, dois carros, um em cada faixa, pararam. Os condutores abriram o capô dos veículos e alegaram que as viaturas estavam avariadas, impedindo a passagem do trânsito.
O Movimento Civil de Agricultores, um dos envolvidos na organização do protesto, indicou, ontem, em comunicado, que os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade. O movimento, que se apresenta como espontâneo e apartidário, garantiu que os agricultores portugueses estão preparados para "se defenderem do ataque permanente à sustentabilidade, à soberania alimentar e à vida rural".
Na região Norte, a porta-voz dos agricultores de Trás-os-Montes, Douro e Minho do movimento civil disse, citada pela agência Lusa, que a manifestação surge em resposta à apatia do Governo e das confederações face aos problemas do setor. A responsável apontou que estão previstas grandes movimentações para a região de Trás-os-Montes, em Barca d'Alva, Freixo de Espada à Cinta, Bemposta, Miranda do Douro e no IC5, além de Vila Real, Lamego e Macedo de Cavaleiros.
No Alentejo, os agricultores prometeram bloquear com tratores e máquinas agrícolas as três principais fronteiras da região com Espanha, nomeadamente Caia (Elvas), Mourão (Évora) e Vila Verde de Ficalho (Serpa). Contam com o apoio da presidente da Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), Fermelinda Carvalho, que, embora ressalve o caráter espontâneo da iniciativa "espontânea", que não foi convocada por associações ou confederações, adiantou estar a ajudar na organização. No Algarve, os agricultores vão realizar uma marcha lenta entre Faro e Castro Marim.