A consignação da obra para a construção do segundo traçado do metro entre o Porto e Gaia foi assinada esta terça-feira nas Caves Ferreira. A empreitada terá de estar pronta, incluindo uma nova ponte, até 31 de dezembro de 2026, mas o presidente da Metro diz que "nada o leva a desconfiar" de que tal não será possível.
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É um "prazo exigente", mas o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, diz que "nada o leva a desconfiar" que não seja possível construir a Linha Rubi, incluindo uma nova ponte sobre o Douro, até ao dia 31 de dezembro de 2026. Esse é, aliás, o prazo que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) obriga cumprir. E acredita nisso porque, acrescenta, até à data, todos os prazos foram respeitados: "A consignação do [prolongamento] da Linha Amarela e da Linha Rosa fez-se no dia 16 de Março de 2021. São 36 meses de obra. Esse prazo termina no dia 16 de Março de 2024".
Foi o próprio primeiro-ministro António Costa quem sublinhou a importância do cumprimento do prazo, esta tarde, nas Caves Ferreira, em Gaia, durante a cerimónia de consignação da obra do segundo traçado de metro entre o Porto e Gaia, que ligará a Casa da Música a Santo Ovídio através da "Ponte Dona Antónia Ferreira".
Com esta formalidade cumprida, a obra começa "imediatamente", tendo o empreiteiro "dez dias para apresentar um plano de trabalho", mas os trabalhos não começam imunes às críticas feitas pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, sobre a empreitada da Linha Rosa que ainda decorre na cidade. Aliás, à chegada, e em tom de brincadeira, ouviu-se do primeiro-ministro, ao olhar para o autarca: "Mais queixas das obras?".
Certo é que a indisponibilidade de Moreira quanto ao encerramento ao trânsito do túnel do Campo Alegre durante as obras levou a Metro do Porto a estudar alterações ao projeto da estação naquela zona. Uma das hipóteses, revelou Tiago Braga aos jornalistas, "será abdicar da construção de um acesso", que terá uma alternativa "a cerca de 80 metros".
E conta, por isso, ter menos resistência do autarca portuense quanto às obras que se iniciam "nos próximos dias"? "Em Portugal há muito o vício de se entender uma crítica como uma crítica destrutiva. Não entendemos nunca dessa forma, mas sim como preocupações legítimas de quem tem, democraticamente, responsabilidades de gerir um território. Procuramos desenvolver soluções que visem compatibilizar as duas coisas", asseverou o presidente da Metro do Porto.
Desafio "grande"
As próximas semanas, reforça Tiago Braga, "vão ser de muito trabalho". Isto porque, "o desafio é, de facto, grande". Tanto que, para o presidente da Câmara de Gaia e também líder da Área Metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, não se trata de "uma mera obra", mas sim "um legado para futuras gerações", já que representa um "papel vital na transformação do panorama urbano", tornando-se na "espinha dorsal de um verdadeiro sistema de transporte público".
Também para Rui Moreira, esta ligação - que contará com oito novas estações, duas das quais no Porto (Casa da Música e Campo Alegre) - "representa seguramente um extraordinário investimento público". Normalizou, por outro lado, "as tensões" entre os 17 autarcas que constituem a AMP, saudando Eduardo Vítor Rodrigues, que "conseguiu convencer todos os autarcas que, apesar de haver dinheiro, tinha de fazer-se uma análise de custo-benefício".
Já o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, também presente, utilizou a ocasião para exemplificar que os "objetivos ambientais" assumidos pelo Governo estão a ser cumpridos e que esta nova ligação evitará a emissão de 25 mil toneladas de dióxido de carbono.