
Adeptos a protestar depois das agressões na Academia do Sporting, em Alcochete
Foto: Gerardo Santos / Arquivo Global Imagens
Alano Silva, último arguido a ser julgado pela invasão da Academia do Sporting, em Alcochete, a 15 de maio de 2018, foi condenado pelo Tribunal de Almada a uma pena de prisão de cinco anos, suspensa, e a 200 horas de trabalho comunitário. Não foi julgado com os outros 43 arguidos porque, após o ataque, saiu do país.
A condenação de Alano Silva foi decidida, na sexta-feira, por um coletivo de juízes do Tribunal de Almada, presidido por Sílvia Pires, a mesma juíza que julgou o caso principal no Tribunal de Monsanto.
Alano Silva foi condenado por 13 crimes de ofensas à integridade física qualificada e um crime de ameaça, tendo sido absolvido de seis. Em cúmulo jurídico, o Tribunal decidiu aplicar-lhe uma pena de prisão de quatro anos, suspensa por cinco anos. O arguido terá ainda de completar 200 horas de trabalho extraordinário e ficou proibido pelo tribunal de frequentar recintos desportivos ou organizações de apoio a clubes, como claques, durante o período da pena.
A defesa do arguido recusou que este estivesse no local no dia da invasão à Academia de Alcochete, conforme dito ao JN no primeiro dia do julgamento, mas o tribunal considerou que Alano Silva participou nas agressões aos jogadores. O arguido era tido como braço direito de Mustafá, líder da Juve Leo, e teve uma participação ativa nos grupos de Whatsapp onde foram combinado as agressões.
Alano Silva não foi detido no dia das agressões, a 15 de junho de 2018, mas foi identificado pelas autoridades logo depois. No dia 9 de junho, quando a GNR levou a cabo uma operação para deter outros fugitivos, Alano tinha ido para Angola um dia antes. Em Angola foi detido, mas não foi extraditado por ter nacionalidade angolana e regressou a Portugal mais tarde.
Foi agora julgado em processo autónomo pelo Tribunal de Almada e acusado dos crimes pelos quais os restantes arguidos foram condenados. Da acusação a Alano Silva não constaram os crimes que caíram em tribunal no processo principal como os de sequestro, visto que houve jogadores que saíram do balneário durante as agressões, ou a agravação dos crimes de agressão por terrorismo, que também não foi dada como provada no processo principal.
No dia das agressões, Bas Dost foi agredido à entrada do balneário com um cinto por um dos invasores, que o pontapeou no chão na companhia de outros. No interior do balneário, Acuña, Battaglia, William de Carvalho e Rui Patrício foram os principais alvos dos agressores. Foram rodeados, ensovados e atingidos com objetos.
William de Carvalho conseguiu fugir. Também Misic, Fredy Montero, Bruno César, Daniel Podence e Ruben Ribeiro foram alvos de bofetadas, empurros e golpes de cinto pelos arguidos. À saída, Jorge Jesus foi atingido com um cinto.
O processo terminou em maio de 2020 no Tribunal de Monsanto, com a juíza Sílvia Pires a absolver Bruno de Carvalho, Bruno Jacinto e Nuno Mendes, Mustafá, da autoria moral do ataque.

