Barómetro da FFMS apura que 12% dos inquiridos admite estar em risco de perder a habitação nos próximos cinco anos.
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Com a acessibilidade à habitação na ordem do dia, o primeiro barómetro realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) confirma as dificuldades em assegurar as despesas mensais com a casa. O receio de a perder nos próximos anos. E o impacto do acesso à habitação na tomada de decisões de vida, como sair de casa dos pais, sendo maior nos arrendatários e nos mais jovens.
O barómetro, assente numa amostra de 1086 residentes com idade média de 51,7 anos, apurou que os agregados que têm custos com a casa (51%) “despendem, em média, 573€ mensais fixos com o empréstimo ou a renda, e os arrendatários do setor privado são aqueles com custos mais elevados” – 679€/mês. Sendo que “62% destes agregados sentem algum grau de dificuldades em fazer face aos custos mensais com a habitação”, revela a FFMS em comunicado. E, daquele universo, 13% “sentem mesmo grande dificuldade em pagar as despesas”.
Por outro lado, 12% dos inquiridos “pensa estar em risco de perder a sua casa nos próximos cinco anos, pelo aumento da renda ou da prestação do crédito à habitação”, lê-se na mesma nota. Se tal viesse acontecer, cerca de um terço reconhece que “não teria para onde ir”. Quanto aos impactos, 27% dos inquiridos referiram que o acesso à habitação já “condicionou decisões de vida desde 2015, com uma média de duas decisões de vida condicionadas”.
Sendo a percentagem “maior entre os arrendatários e os mais jovens (36% para a faixa etária 18-34 anos e 33% para a faixa 35-54 anos”. Entre as decisões de vida mais condicionados, destaque para “mudar de localidade de residência (35%), sair de casa dos pais (32%), ir viver sozinho/a (28%) ou casar/ir viver com o companheiro/a (26%)”.
Quanto às causas para a atual crise no acesso à habitação em Portugal, 22,4% identificam o “baixo investimento público em habitação”, enquanto 22,3% apontam a falta de casas disponíveis no mercado. Sobre as soluções, “O Estado deve diminuir os impostos sobre a reabilitação urbana”, “o Estado deve acabar com os vistos gold” e “o Estado deve introduzir limites máximos ao valor das rendas” foram as três medidas que tiveram maior concordância dos inquiridos.
De referir que da população inquirida, dois terços reside em habitação própria, dos quais 31% estão a pagar empréstimo ao banco. Dos arrendatários (17,2%), “um em cada seis não tem contrato escrito”.