Maxi Pereira poderá ser o número dois de Daniel Sousa no Braga e enfrentará um novo papel com as mesmas competências que lhe foram reconhecidas durante a carreira de jogador. A proximidade à cidade do Porto ajuda na decisão, sendo que o uruguaio apaixonou-se pela Invicta.
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Um profissional de reconhecida competência, que trocou a capital e fez da Invicta a cidade-mãe. Maxi Pereira só pendurou as chuteiras na época passada, ao serviço do River Plate do Uruguai, país natal do jogador, mas manteve a residência na cidade do Porto, por qual se apaixonou, e voltou logo que fez a última partida. Agora seguem-se novos rumos, desta vez no banco, algo que não era esperado tão cedo, sendo que interessava-se por outras áreas que não o futebol. O jovem técnico, Daniel Sousa, começou a preparar a próxima temporada no Braga, e vê o uruguaio como uma forte ponte entre o plantel e a equipa técnica.
As origens atribuladas
Foi nas ruas de Montevidéu que escolheu fazer do futebol o trabalho da vida. Entrou nas camadas jovens do Defensor Sporting aos 12 anos, na mesma época que faleceu o pai, foi abaixo, mas a mãe deu-lhe força e apostou no futuro do filho. Começou a ser chamado de "El Mono" pelos amigos, devido à forma peculiar de correr, alcunha que ficou marcada para a vida.
Aos 17 anos, cumpriu o sonho. Começou a ganhar reconhecimento, jogando como profissional no clube em que fez a formação, como médio-ala direito, e captou a atenção dos clubes europeus. Em 2006, foi chamado para a seleção uruguaia, antes de rumar à Europa, dando mote para o futuro que se adivinhava.
A chegada à Europa via Benfica
Chegou ao Benfica, em 2007/08, numa fase de mudança e não se afirmou na posição que mais destaque lhe deu na América do Sul. Com falta de opções na lateral direita, e com a raça e garra que lhe é reconhecida, afirmou-se na posição que melhor se adaptou às qualidades de Maxi. Jogou contra o mítico AC Milan, e ajudou os encarnados a empatar, frente ao campeão europeu da altura, com um grande golo que bateu Dida.
Foi na segunda época que se sagrou campeão português pela primeira vez. Títular indiscutível, mostrou uma aptidão física fora do comum, e foi uma das peças-chave da equipa vermelha e branca.
Com a chegada de Jorge Jesus, o uruguaio maximizou as qualidades e ganhou novas competências. Acrescentou ao currículo a veia goleadora, especialmente nos jogos de maior dificuldade. E assim, conquistou a massa associativa encarnada. Não foi só a nível de clubes que Maxi se consagrou. Na seleção conquistou a Copa América, em 2011, troféu de maior gabarito da América do Sul.
A traição inesperada
No final da época 2014/15, sem contrato nas mãos, lançou a bomba. Revelou ponderar aceitar a proposta do maior rival do Benfica, o F. C. Porto, e assim foi. Uma decisão que caiu mal para ambos os lados, sendo que os benfiquistas sentiram-se traídos com a saída do vice-capitão e os portistas estavam desconfiados com o jogador que ia vestir o número dois de João Pinto.
Pouco demorou para acabar com a desconfiança dos portistas. Agarrou o lugar de Danilo, que saiu para o Real Madrid, e lançou o mote: "O objetivo é ser campeão". Não aconteceu nos dois primeiros anos, vendo o antigo clube a conquistar o troféu, mas sempre lá perto.
Com a chegada de Sérgio Conceição e a revelação de Ricardo Pereira, perdeu destaque e o passar dos anos não abonaram a favor de Maxi Pereira. No entanto, foi campeão pelo F. C. Porto e não se conteve nos festejos.
Na época seguinte, a última em Portugal, continuaram as dificuldades para ter minutos em campo. Terminou sem renovar, e optou por um ano sabático, após rumores de que se ia juntar a clubes do norte, o que não aconteceu.
O experiente lateral, regressou ao Uruguai para jogar no clube do coração e ser campeão nacional. Acabou a carreira de jogador no River Plate e ficou uma certeza, não se destacava pela qualidade técnica, mas sempre encantou os treinadores com a vontade e raça, característica de "El Mono" Maxi Pereira.
Mais recentemente, revelou a premonição de Jorge Jesus, ao dizer que Ruben Amorim ia ser treinador e elogiou o plantel muito competitivo do Braga. Já reúne as competências técnicas para ser treinador-adjunto de Daniel Sousa e a proximidade geográfica à Invicta, torna perfeita a proposta para a nova vida de Maxi no futebol.
Ficam 12 épocas em Portugal, 13 títulos conquistados ao serviço de equipas portuguesas, e ainda reconhecimento do seu país natal, com uma Copa América conquistada.