Hospitais cancelaram e adiaram a atividade programada por causa do apagão.
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Todos os hospitais do país estiveram, durante o dia, a funcionar com recurso a geradores, mantendo-se em atividade os serviços críticos, como urgências, cuidados intensivos e alguns blocos cirúrgicos. Várias unidades locais de saúde (ULS), como as de São João (Porto), Lisboa Ocidental, Algarve, Famalicão e Viseu Dão Lafões, adiaram ou reduziram a atividade programada e não urgente.
No Hospital de São João, o habitual corrupio de entra e sai era esta tarde mais de saída do que de entrada. Chegados ao hospital, que ativou o nível máximo do plano de contingência, vários utentes viram-se obrigados a voltar para trás. Na zona das consultas externas, onde as salas de espera estavam quase vazias, profissionais de saúde e funcionários hospitalares deambulavam pelos corredores às escuras e davam conta das consequências imediatas do apagão, que obrigou ao cancelamento de consultas e exames.
Os geradores da unidade hospitalar, a maior da zona Norte e uma das maiores do país, foram usados para assegurar a atividade clínica prioritária. "Foi cancelada toda a atividade programada e não prioritária de forma a minimizar o gasto energético e de água, direcionando para as situações que não possam ser adiadas", confirmou ao JN fonte oficial do Centro Hospitalar de São João, que pelas 21 horas já tinha recuperado a energia mas enfrentava “alguma instabilidade”. Esta manhã, haverá uma reunião de ponto de situação e a decisão de cancelar a atividade programada será avaliada.
O hospital, que foi apoiado pela Proteção Civil e autarquias, alerta a população para recorrer à urgência "apenas em situações efetivamente graves". Doentes dependentes de dispositivos médicos que carecem de utilização de energia podem, em situação de dependência absoluta e quando não houver alternativa, dirigir-se ao hospital para carregamento dos equipamentos.
INEM sem contactos
O INEM esteve sem conseguir contactar alguns meios próprios, tanto por telemóvel, como através do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), entre ambulâncias, motas e viaturas médicas de emergência e reanimação (VMER), relataram à agência Lusa funcionários do instituto, cujos sistemas telefónico e informático estavam a funcionar com recurso a geradores, que foram “automaticamente acionados”. Segundo uma das fontes, o acionamento de meios atrasou em mais de 100 chamadas e cerca de 400 foram perdidas.
Falhas nas farmácias
Além disso, desde o final da manhã, quando a falha geral de energia afetou a Península Ibérica, ter-se-ão perdido mais de 100 chamadas feitas para o 112. Ao inicio da tarde, o INEM tinha informado que os sistemas telefónico e informático do instituto estavam a funcionar com recurso a geradores.
Não imunes às falhas nas comunicações e na energia, as farmácias enfrentaram também fortes constrangimentos, com a validação de prescrições comprometida. Algumas farmácias tiveram mesmo de suspender o funcionamento da atividade geral, estando apenas disponíveis para situações urgentes, disse a presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) à Lusa. Ema Paulino admitiu a possibilidade de os geradores falharem, comprometendo a conservação de vacinas e medicamentos que necessitam de refrigeração. Os geradores e sistema de UPS (fonte de energia ininterrupta) permitem manter o funcionamento em caso de corte de energia, mas “têm autonomia limitada”, o que torna urgente a necessidade de resolução.