Despedimento de 97 trabalhadores na conserveira das Caxinas deverá ser formalizado a 2 de Abril.
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“A maioria são trabalhadores que estiveram na greve em novembro. É uma forma encapotada de se ‘libertarem’ dos mais reivindicativos”, afirma, sem hesitar, o coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e Bebidas (STIANOR). José Armando Correia acusa a Gencoal de “retaliação” e promete impugnar o despedimento de 97 pessoas na conserveira das Caxinas, em Vila do Conde. Ainda assim, na fábrica, já poucos acreditam num volte-face. O despedimento deverá ser formalizado na próxima terça-feira.
“Não vemos, da parte da empresa, abertura para recuar”, explicou José Armando, ontem, à saída de uma reunião com a Câmara de Vila do Conde e com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). O STIANOR ainda não conseguiu reunir com a administração da Gencoal que, por agora, marcou apenas uma reunião com os 97 trabalhadores para 2 de abril, na qual será formalizado o despedimento, entretanto já comunicado por carta.
A delegada sindical Marta Cunha é uma das despedidas. Tem 36 anos, oito de casa. Garante que, “como muitas colegas”, não se enquadra nos critérios apontados: “Se tenho uma ficha disciplinar limpa, se não tenho problemas de falta de produtividade e de empenho, pergunto-me porquê que isto está a acontecer comigo?”.
Na fábrica, explica, o ambiente é agora de “consternação, dúvida e muito medo”. Marta não é exceção: dois filhos pequenos, a única com estabilidade laboral no agregado familiar, uma casa e todas as despesas inerentes para pagar. “Vejo-me à deriva”, atira. Entre as colegas há “medo de falar” e, depois, “vir embora sem os direitos”.
“Há poucas semanas, em reunião aqui na Câmara, a empresa mostrou vontade de investir em Vila do Conde e ampliar as instalações. Não posso negar a minha grande surpresa com este despedimento”, afirmou o presidente da Câmara. Vítor Costa sabe que a situação terá “grande impacto nas Caxinas”. Promete cuidar dos casos sociais mais emergentes e garante que “estes trabalhadores não estarão sós”. Da parte da Gencoal, para já, nem uma palavra.