Presidente honorário contesta auditoria forense divulgada pela administração de André Villas-Boas e diz que Angelino Ferreira continuou a apresentar faturas mesmo após deixar o cargo de administrador, quando Pinto da Costa ainda liderava os destinos da SAD.
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Pinto da Costa colocou um ponto final no silêncio a que se remeteu e, em comunicado, teceu duras críticas à atual administração da SAD azul e branca, liderada por André Villas-Boas, questionando a auditoria forense que escrutinou as últimas dez épocas e acusando Angelino Ferreira, atual presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar, de ter continuado a apresentar faturas mesmo depois de deixar, em 2014, o cargo de administrador da SAD que ocupava sob a liderança do atual presidente honorário.
“Ao longo dos últimos meses tenho mantido o silêncio perante os ataques que me têm sido dirigidos procurando, assim, contribuir para a preservação do bom nome do F. C. Porto e para não suscitar instabilidade. Assisti no estádio aos primeiros jogos, tendo recebido inúmeras manifestações de carinho, mas que não foram bem entendidas por alguns. O silêncio deixa, assim, de ser uma opção, numa altura em que se torna por demais evidente o objetivo de denegrir o caráter, o trabalho e o legado de quem dedicou longos anos ao serviço do clube”, pode ler-se no documento a que o JN teve acesso, com Pinto da Costa a pôr em causa a auditoria forense.
“Omite-se que as contas foram sempre auditadas pelas maiores empresas internacionais, inclusive pela agora autora da auditoria forense, sem nunca algo ter sido assinalado de irregular. Ignorou-se que o recurso às despesas de representação aprovadas pela Comissão de Vencimentos não são de agora (...) O atual presidente do Conselho Fiscal [ndr: Angelino Ferreira], sendo administrador financeiro da SAD no período imediatamente anterior ao da auditoria, também assim procedeu. Mesmo já depois de ter abandonado o cargo continuou a apresentar faturas para esgotar o saldo que deixou na SAD”, acusa o líder honorário dos azuis e brancos.
Em relação às polémicas com os bilhetes cedidos aos Super Dragões, Pinto da Costa negou qualquer ilegalidade: “Não se pode imputar diretamente à anterior administração qualquer atuação à margem da lei. Dirigir um clube com a dimensão do F. C. Porto, não é fácil. Implica tomar decisões complexas, arriscar, falhar algumas vezes, lidar com as consequências do que não corre bem”
Leia o comunicado na íntegra:
1. Ao longo dos últimos meses tenho mantido o silêncio perante os ataques que me têm sido dirigidos procurando, assim, contribuir para a preservação do bom nome do FC Porto e para não suscitar qualquer foco de instabilidade que possa ser visto como causador de insucesso desportivo. Assisti no estádio aos primeiros jogos, tendo recebido inúmeras manifestações de carinho, mas que não foram bem entendidas por alguns. O silêncio deixa, assim, de ser uma opção, numa altura em que se torna por demais evidente o objetivo de denegrir o caráter, o trabalho e o legado de quem dedicou longos anos ao serviço do clube.
2. Uma das mensagens que mais insistentemente se faz passar, é a de que a administração a que presidi apenas deixou 8 mil euros aos seus sucessores, ficando o clube estrangulado e sem soluções para o futuro. Nada de mais falso, como agora se tornou evidente. Investimos e valorizamos um plantel que permitiu à atual administração, apenas na primeira metade da época, um encaixe de 167 milhões de euros. Concretizamos novas parcerias, nomeadamente com a Ithaka, envolvendo a atribuição de uma verba de 65 milhões de euros. Foram ainda as receitas futuras desta nova empresa criada pela parceria com a Ithaka quem serviu de garantia para o financiamento de 115 milhões de euros a longo prazo e que foi recentemente contratado.
Do passe de Otávio para o Al Nassr, a atual administração vai agora receber mais 20 milhões de euros. Do legado faz ainda parte a qualificação do FC Porto para o novo Mundial de Clubes, consequência da competitividade internacional dos anos anteriores e interessante oportunidade desportiva e financeira. E deixamos também um estádio e um pavilhão integralmente pagos, bem como um centro de treinos e formação e um museu de última geração.
3. Constato tristemente que através de uma auditoria forense em que as conclusões foram ao encontro do que quem as encomendou pretendia, se lançou uma série de informações descontextualizadas. Omite-se que as contas foram sempre auditadas pelas maiores empresas internacionais do setor, inclusive pela agora autora da auditoria forense, sem nunca algo ter sido assinalado de irregular. Ignorou-se que o recurso às despesas de representação aprovadas pela Comissão de Vencimentos não são de agora. Sempre existiram na SAD sendo uma prática aceite no universo empresarial e sem que alguma vez tenham sido postas em causa pelos auditores o que, a ter acontecido, seria motivo para imediatamente se corrigirem procedimentos. A prova de que assim sempre aconteceu, é que o atual Presidente do Conselho Fiscal, sendo administrador financeiro da SAD no período imediatamente anterior ao da auditoria, também assim procedeu. Mesmo já depois de ter abandonado o cargo continuou a apresentar faturas para esgotar o saldo que deixou na SAD, por ser entendimento de que tinha esse direito.
4. Auditoria, ainda em que também se procurou qualificar como absurdo o pagamento em transferências de jogadores de futebol, não se tendo identificado, contudo, qualquer ilegalidade ou discrepância relevante face à prática de clubes concorrentes. A importância das comissões no sucesso de negócios que têm impacto desportivo não muda através de operações de cosmética, como a alteração do nome das comissões ou a inflação de negócios para que aparentemente não as incluam. Aquilo que espero e desejo é que a investigação prossiga para que possa apurar-se se o tão relevante valor referido pela auditoria como indevido se verifica, assumindo-se então as consequências que daí advêm.
5. Também no campo da bilhética se preferiu a aposta nos episódios mediáticos, face à constatação de que não se pode imputar diretamente à anterior administração qualquer atuação à margem da lei. Dirigir um clube com a dimensão e a ambição do FC Porto, não é fácil. Implica tomar frequentemente decisões complexas, arriscar, falhar algumas vezes, lidar com as consequências do que não corre bem. Mas não pode ser esquecido que foi o modelo de gestão que liderei que permitiu ao FC Porto os inúmeros sucessos desportivos que lhe são reconhecidos nacional e internacionalmente.
Desejo um FC Porto ganhador, no futebol e em todas as modalidades, em Portugal e nas competições internacionais, no presente e no futuro, esteja quem estiver a dirigi-lo.
VIVA O FUTEBOL CLUBE DO PORTO!
JORGE NUNO PINTO DA COSTA - Presidente Honorário do FC Porto