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Nunca o Bloco Central foi tão necessário como no dia seguinte às eleições legislativas. Após o desastre de Pedro Nuno Santos, resta aos socialistas elegerem um líder que faça pontes com o mais que vitorioso Luís Montenegro, por muito que custe engolir sapos e de este ser considerado um primeiro-ministro “sem idoneidade”, como caracterizou o líder demissionário do PS. Após o caso Spinumviva, o grande vencedor destas eleições não é a AD, é Luís Montenegro, e não fará sentido perder muito tempo para que o novo Governo tome posse. Não andará muito longe do atual, exceto se alguns ministros não quiserem continuar. Eles estavam todos nas listas para deputados da AD e todos foram eleitos na noite de domingo. O futuro Executivo vai encontrar um Chega fortalecido e um PS debilitado, pelo que, se com Ventura “não é não”, resta a Montenegro dialogar com o futuro líder socialista se ambos não quiserem ser engolidos pela extrema-direita em futuras eleições. E a primeira coisa que um Bloco Central, nem que seja informal, deve fazer é dar resposta efetiva às preocupações prementes dos portugueses sem casos ou casinhos. Os dois partidos, considerados os tradicionais, não podem dar mais munições a André Ventura em áreas como a imigração, a habitação, saúde ou a segurança, apesar das mentiras veladas do presidente do Chega. E tudo isto num contexto internacional cada vez mais complicado. Com Donald Trump a revirar o Mundo e um abrandamento económico que rapidamente chegará a este cantinho da Europa. Governar com uma crise à porta era o pior que poderia acontecer a Luís Montenegro.