Rui Moreira teceu duras críticas a Manuel Linda, a quem acusa de ter uma atitude insultuosa por não esclarecer permutas de prédios e bairro no Porto.
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O bispo do Porto, Manuel Linda, mantém-se em silêncio apesar das duras declarações do presidente da Câmara, Rui Moreira, que assumiu uma rutura com a Igreja ao anunciar que não voltará a aprovar mais apoios para a diocese, na sequência da polémica com as transações de imóveis, no Bonfim e em Miragaia, concretizadas sem consultar o município.
O autarca independente considerou "insultuosa" a atitude do prelado, que, em resposta a uma carta em que pedia que informasse "se a diocese tem a intenção de alienar mais património no concelho" e se daria à Câmara a "possibilidade de exercer o direito de preferência", optou por ignorar o pedido de esclarecimento, não respondendo às questões. A conversa posterior com o padre Samuel Guedes, responsável pela área das finanças da Igreja, incendiou ainda mais o conflito, já que o clérigo admitiu a Rui Moreira que "a razão pela qual faziam [negócios imobiliários por] permuta era exatamente para impedir o direito de preferência".
Imóveis a construir
Face ao endurecimento da posição do autarca, o JN tentou, de novo, obter uma reação do bispo, mas voltou a esbarrar no silêncio de Manuel Linda, que não comenta as afirmações proferidas por Rui Moreira durante a reunião de anteontem do executivo, na qual foi aprovado por unanimidade o voto de protesto proposto pela CDU pela alienação do conjunto de habitações nas Eirinhas (Bonfim).
O bispo também não explica os negócios imobiliários em que a Igreja trocou três prédios e um bairro de 15 casas, cujos inquilinos temem ser despejados, por três apartamentos avaliados num total de 660 mil euros e a construir pela empresa de construção - a sociedade José Salgado & Mário Moreira, Lda., sediada na Póvoa de Varzim - com a qual os negócios foram celebrados. O JN questionou Mário Moreira, que recusa comentar os contornos das transações.