João Rodrigues e Rui Vinhas, vencedores da Volta a Portugal em 2019 e 2021, respetivamente, confessaram esta quinta-feira em Tribunal o uso de substâncias ilícitas para melhorar as prestações desportivas.
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No arranque do julgamento, que senta no banco dos réus 26 arguidos, suspeitos de crimes de tráfico de substâncias e métodos proibidos na W52 - F. C. Porto, o patrão da equipa, Adriano “Quintanilha” e Nuno Ribeiro, o então diretor desportivo, que estão acusados do crime de administração de substância e métodos proibidos, mantiveram-se em silêncio.
O coletivo de juízes presidido por Pedro Vaz, ouviu os dois ciclistas consagrados confessarem o uso e a posse de produtos dopantes. “Quero assumir. Estou extremamente arrependido”, começou por referir Rui Vinhas, justificando a toma daquelas substâncias ilícitas com uma “fase decadente” da sua carreira. Garantiu, no entanto, que foi uma decisão própria, que partilhou com colegas da equipa, assim como com Nuno Ribeiro, com quem se aconselhava quanto à toma dos medicamentos.
Este ciclista explicou ainda que comprava os produtos na internet ou ia buscá-los ao quarto do diretor desportivo, onde estavam à disposição dos atletas. Disse ainda que, em nenhuma circunstância, os mesmos lhe foram dados ou administrados por Nuno Ribeiro e que este nunca o obrigou a tais práticas. Confessou ainda ao Tribunal que fazia transfusões de sangue.
O mesmo discurso teve João Rodrigues, que se mostrou “bastante arrependido” e admitiu também a toma de vitaminas e recuperantes, assim como a realização de transfusões de sangue. Ilibou Nuno Ribeiro da responsabilidade de lhe administrar ou dar as substâncias, que estavam “à disposição” no quarto do diretor desportivo”, embora também se aconselhasse com ele quanto às dosagens a administrar.
Além destes arguidos foram ouvidos em Tribunal um amigo e um primo do ciclista Ricardo Vilela, suspeitos de lhe arranjarem as substâncias ilícitas. O primeiro reconheceu que Vilela lhe pediu para lhe comprar as substâncias na internet, ao que nunca acedeu. Já o ciclista admitiu ter usado substâncias ilícitas “para ganhar” em provas amadoras e que se aconselhava com o primo sobre o que tomar.