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O presidente dos EUA é uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário. Com o seu “One Big Beautiful Bill Act”, Donald Trump reserva vários milhões para o combate à imigração ilegal, reduz os impostos, sobretudo aos mais ricos, e ameaça cortar apoios sociais a quase 12 milhões de pessoas. Em poucas palavras, os mais pobres vão ficar mais pobres e os mais ricos vão ficar mais ricos, com o país a explodir ainda mais na sua dívida pública. Ao mesmo tempo, reverte grande parte dos esforços do ex-presidente Biden em levar os EUA para uma economia de energia limpa. E embora seja um orçamento escandaloso, apenas dois congressistas conservadores votaram contra, demonstrando o domínio de Trump sobre o Partido Republicano. Sim, Trump está a cumprir as suas promessas eleitorais: eliminar os impostos sobre as gorjetas, financiar uma campanha massiva de deportação de imigrantes e aumentar as despesas com a defesa. A acrescentar ainda a sua política errática de tarifas alfandegárias, que conseguiu provocar um terramoto nos mercados financeiros. O principal objetivo desta lei era garantir a extensão dos cortes de impostos que Trump introduziu em 2017, durante o seu primeiro mandato. Nesta perspetiva, a lei reforça política de Reagan de cortes de impostos para os ricos, mas desta vez sem proporcionar um novo estímulo ao crescimento. E apesar das suas palavras de bajulação do “Big Beautiful Bill”, este “Trumponomics” está muito longe do “New Deal” de Roosevelt ou da “Great Society” de Johnson. Outra questão é o aspeto orçamental, que coloca as finanças da maior economia do Mundo num caminho pouco sustentável. Os cortes de impostos ascendem a 4,5 biliões de dólares, enquanto os cortes nos programas sociais ascendem a 1,1 biliões de dólares. Isto significa que o défice aumentará 3,4 biliões de dólares. Não é preciso ser economista para saber que isto é um caminho para o precipício e que serão os atuais bebés americanos que o vão pagar.