Francisco visitou Portugal duas vezes, e foi recebido por multidões de fiéis entre muita alegria e esperança
Uma igreja segura para “todos, todos, todos”. Foi esta mensagem que marcou a segunda, e a última, visita do Papa Francisco a Portugal, que veio até Lisboa para o encontro mundial com jovens católicos. Recorde as visitas do pontífice a território português.
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“Na igreja há espaço para todos, todos, todos!”. Esse foi o recado que Francisco repetiu várias vezes na cerimónia de acolhimento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Parque Eduardo VII, a primeira iniciativa pública depois de aterrar em Portugal para uma visita de cinco dias, de 1 a 6 de agosto de 2023.
Conhecido como o papa mais aberto à diferença da Igreja Católica, Francisco não escondeu a sua visão de um mundo mais unido, sem guerras, e cheia de esperança nos jovens nos vários discursos que fez durante o encontro mundial com jovens católicos, que juntou 1,5 milhões de peregrinos na capital portuguesa. A visita por ocasião da JMJ foi a sétima na história em que o Papa da Igreja Católica visitou Portugal.
Logo no primeiro dia, longe da comunicação social, o sumo pontífice não perdeu tempo e encontrou-se com 13 vítimas de abusos sexuais por parte de membros do Clero. O gesto do Papa foi particularmente importante num ano em que a então Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica portuguesa quebrou décadas de silêncio após ter revelado que, desde 1950, 4 815 menores podem ter sido vítimas de abusos.
Foram vários os momentos na rua em que Francisco quebrou o protocolo ao aproximou-se dos peregrinos na rua para os cumprimentar, sempre bem disposto com um sorriso na cara. Por onde foi passando, o Santo Padre foi sempre acompanhado por multidões de fiéis. Abençoou bebés e até parou o desfile de papamóvel no centro de Lisboa para partilhar a sua bebida favorita, oferecida por um jovem peregrino.
Ao terceiro dia, Francisco foi às periferias da capital para visitar o Bairro da Serafina. Neste bairro, um dos mais pobres de Lisboa, o pontífice encontrou-se com responsáveis da área sociocaritativa que dá apoio a centenas de moradores. Também passou novamente por Fátima para rezar o terço na Capelinha das Aparições, num momento especial que contou com a presença de jovens com deficiência e reclusos.
A missa de envio, no Parque Tejo, que durante os dias da jornada foi apelidado de “Campo da Graça”, e a vigília que se seguiu, foi outro ponto alto da visita. Em palco, Franscisco terminou o encontro com mensagens contra a guerra e de apoio aos migrantes. Exortou os jovens a serem agentes de mudança no mundo, sempre ao reforçar uma mensagem de paz e de fraternidade. Anunciou também que a próxima JMJ será na Coreia do Sul em 2027.
Francisco foi o quarto Papa a visitar Portugal, depois de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. Das poucas viagens apostólicas que fez desde 2013, Portugal foi o quarto país em que repetiu visitas.
Em 2017 - sete anos depois de Bento XVI estar em Portugal - foi a vez de Francisco visitar o território nacional pela primeira vez para celebrar o Centenário das Aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos. A curta viagem, de 12 a 13 de maio, centrou-se na Cova da Iria.
Durante a cerimónia no Santuário de Fátima, o Papa Francisco presidiu à canonização de Francisco e Jacinta Marto, tornando-os, assim, os mais jovens santos não-mártires da Igreja Católica. Um dos momentos mais emblemáticos foi a sua oração silenciosa diante da imagem de Nossa Senhora. O Santo Padre ofereceu ainda a terceira Rosa de Ouro ao Santuário, para simbolizar a grande importância espiritual do local para os católicos do mundo inteiro.