Famílias europeias devem preparar-se com comida e medicamentos para sobreviver 72 horas
À semelhança do que vem acontecendo já em alguns países, o bloco europeu, no seu todo, prepara-se para avançar com novas diretrizes de proteção civil que implicam que todas as famílias tenham medicamentos, água e comida para sobreviverem 72 horas sem ajuda externa, perante um evento extremo.
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As novas indicações vão ser apresentadas esta quarta-feira, em Bruxelas, num documento que adverte para a necessidade de reforçar os planos europeus para momentos de crise como guerras, pandemias, ciberataques ou eventos extremos decorrentes das alterações climáticas e do aquecimento global.
"Devemos preparar-nos para incidentes e crises intersectoriais em grande escala, incluindo a possibilidade de agressão armada, afetando um ou mais Estados-membros", lê-se no projeto de documento, a que o jornal espanhol "El País" teve acesso.
A comissária da União Europeia (UE) para a gestão de crises, Hadja Lahbib, disse à agência France-Presse que a ideia seria lançada como parte de uma "estratégia de preparação" mais ampla para o bloco. "Saber o que fazer em caso de perigo, imaginar diferentes cenários, é também uma forma de evitar que as pessoas entrem em pânico", afirmou Lahbib, recordando, por exemplo, as prateleiras vazias de papel higiénico durante os primeiros dias da pandemia.
As famílias seriam incentivadas a armazenar uma dúzia de artigos essenciais - incluindo também fósforos e documentos de identidade numa bolsa impermeável, por exemplo - como parte do seu kit de "resiliência". E a UE quer promover um "dia nacional de preparação", com o objetivo de garantir que os estados-membros estão no bom caminho com os planos.
"Tudo isto vem em adição às estratégias nacionais", acrescentou a comissária. "Trata-se de coordenar melhor e apoiar os estados-membros nas suas estratégias", completou.
Inspirado noutros países
A estratégia de "preparação" - e o kit de sobrevivência em particular - baseia-se nas recomendações de um relatório apresentado à Comissão Europeia pelo ex-presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, no final do ano passado.
Inspira-se também no exemplo da Escandinávia, com a Finlândia, a Suécia e a Dinamarca intensificaram os esforços para preparar as famílias para a possibilidade de uma futura crise ou conflito - enquanto a Ucrânia luta contra a invasão russa que dura há três anos.
Numa carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, três legisladores do grupo centrista Renew do Parlamento Europeu instaram a comissão a ir mais longe, enviando um manual a todas as famílias do bloco sobre como se preparar para "várias crises, desde potenciais conflitos a desastres climáticos, pandemias e ciberameaças".