O dispositivo de segurança mobilizado para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) assistiu, no penúltimo dia do encontro mundial de jovens católicos, 1275 peregrinos, mais 427 do que na sexta-feira, e transportaram para o hospital 94 com ferimentos ligeiros.
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A Proteção Civil e o INEM responderam durante o sábado - dia em que decorreu a vigília com o Papa Francisco no Parque Tejo - a 1401 ocorrências, mais 490 do que como registados nos eventos que tiveram lugar, na sexta-feira, no Parque Eduardo VII. Os dados foram revelados, este domingo, em conferência de imprensa com responsáveis da PSP, GNR, Proteção Civil e INEM, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.
Fátima Rato do INEM garantiu que a maioria das ocorrências registadas foram de "baixa gravidade" e que a resposta médica no terreno, em conjunto também com a Cruz Vermelha, ajudou a diminuir a pressão junto das unidades de saúde do SNS. A médica responsável assumiu que a chegada da "massa de pessoas" ao início da tarde ao Parque Tejo foi o momento de "maior dificuldade", mas com a ajuda da polícia foi possível "facilitar a entrada de pessoas".
Mais tarde, a maior parte das situações que chegaram aos profissionais de saúde pontos de socorro do INEM foram de desidratação e alguns traumatismos sem gravidade, sendo que 26 peregrinos acabaram por ser transportados para o hospital.
"Trataram-se de situações decorrentes de traumatismos que necessitaram de uma referenciação por parte da ortopedia ou de desidratação que precisavam de uma manutenção e observação em ambiente hospitalar durante mais tempo", explicou o responsável.
Questionada se os casos de desidratação deveram-se ao percurso que muitos peregrinos tiveram de fazer a pé e ao sol até ao Parque Tejo e às filas para conseguirem água no recinto, Fátima Rato referiu que acreditava que se tratava de um "processo de acumulação" de cansaço dos últimos dias. "Seria de esperar que acontecesse, daí os avisos para as pessoas se manterem hidratadas. Apesar de tudo, e das milhares de pessoas que se encontraram no recinto, os números não são impressionantes, isto é, quase que são casos pontuais", advertiu.
Sobre a questão, o superentendente Pedro Moura da PSP sublinhou que os cortes ao trânsito na zona do Tejo-Trancão e os parques de estacionamento mais perto do recinto que a polícia disponibilizou foram pensados de forma a que os peregrinos não caminhassem mais do que 10 km.
Durante o sábado, o dispositivo registou uma maior afluência às 10 horas da manhã, em Fátima, e às 20 horas, no Parque Tejo, num dia em que os termómetros registaram temperaturas máximas na ordem dos 40°C . Em relação à mobilidade, as autoridades sublinharam que os principais constrangimentos verificaram-se na estação de Santa Apolónia ao final da tarde, a partir de que muitos peregrinos partiram a pé em direcção ao "Campo da Graça".
Pedro Moura garantiu que tanto a vigília como a pernoita e a missa final no Parque Tejo decorreram "sem incidentes". Ainda assim, o diretor do departamento de operações da PSP revelou que foram detidos dois cidadãos por furto, garantindo que as autoridades no terreno ainda conseguiram recuperar parte dos bens. O responsável marcou ainda que foram detidos sete carteiristas desde o início do JMJ. Durante a tarde da noite de sábado, três mil aguardados enfrentaram no terreno, divididos por turno, árbitro.
Segundo o comandante Bruno Borges da Proteção Civil, o dispositivo de socorro abastecimento socorro o seu máximo nas últimas 24 horas com 2019 elementos e 599 meios de socorro.
Desordem na entrada para o recinto
Confrontado com a dificuldade de que alguns peregrinos partilharem ter sentido no momento da entrada para os setores do B e C do "Campo da Graça", atendendo à afluência de pessoas, Pedro Moura garantiu que a PSP atendeu aos casos, lembrando que foi utilizada a autoestrada para conseguirem entrar no recinto da forma mais rápida possível.
"No maior momento de entrada dos peregrinos, sendo a primeira vez que as pessoas ali se deslocavam, houve de facto alguma concentração de pessoas que tentámos gerir da melhor maneira possível e não registámos incidentes" afirmou o responsável, saudando a paciência e a forma ordeira como os peregrinos responderam às ordens das autoridades para que se pudesse entrar "em segurança".
De acordo com o responsável da PSP, após a missa final, pelas 10h30 deste domingo, milhares de peregrinos experimentaram a deixar o "Campo da Graça" pelo que, passadas cerca de três horas, o recinto já estava vazio.
Apesar de os grandes eventos do encontro já terem terminado, uma operação de segurança continua montada para que os milhares de peregrinos possam deixar Portugal de forma segura. E estará também a acompanhar o encontro dos mais de 30 mil voluntários com o Papa Francisco de logo à tarde, no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras. Após o último momento da agenda do sumo pontífice em visita a Portugal, irá regressar ao Vaticano de avião na base militar de Figo Maduro.
Segurança no regresso a casa
Devido ao regresso dos peregrinos a casa, as autoridades prevêem alguns constrangimentos nas saídas de Lisboa e nas estradas em direção a Espanha, bem como uma forte afluência nos transportes públicos. As autoridades alertam que as pessoas que vão seguir pelas fronteiras terrestres poderão ter pela frente uma viagem mais longa, recomendando, por isso, que se mantenham hidratados, que cumpram as refeições e façam pausas durante a condução.
Nesse sentido, a GNR assegurou estar, este domingo, concentrada na segurança rodoviária. A major Mafalda Almeida sublinhou que existem patrulhas na Ponte Vasco da Gama, onde prevêem a maior saída de peregrinos, e principalmente na fronteira terrestre com Caia, no concelho de Elvas. A porta-voz da GNR alerta ainda para o congestionamento do trânsito no nó da A33 para Montijo, na A2, em Palmela e na Marateca. E também nas portas de Alverca e no nó de Torres Novas na A1.
"Pedimos que conduzam de forma mais cautelosa porque são esperados largos grupos de jovens a caminhar nas bermas das estradas", apelou a responsável.
Controle fronteiriço impede a entrada de 200 pessoas
Segundo o balanço do Sistema de Segurança Interna (SSI), no âmbito do encontro mundial de jovens católicos com o Papa, no total mais de 1,2 milhões de pessoas foram controladas nas fronteiras portuguesas. Foi recusada a entrada em território nacional de 200.
Até sábado, nas fronteiras terrestres foram controladas 19 106 viaturas. Os dados apontam ainda para o controlo de 6 463 voos nas fronteiras aéreas e, durante a visita do Papa a Fátima, foram intercetadas três aeronaves não autorizadas. Nas fronteiras marítimas, 1 862 embarcações.