Pessoas terão de ser retiradas para zonas amplas ou subir para o topo dos edifícios. Resistência sísmica de prédios, pontes e viadutos em avaliação.
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Lisboa está a preparar-se para a ocorrência de um tsunami, que "pode acontecer hoje, daqui a dez anos ou a um século, mas acontecendo terá efeitos desastrosos", alertou esta sexta-feira Margarida Martins, responsável pelo Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, na apresentação do Sistema de Aviso e Alerta de Tsunami no Estuário do Tejo. A Autarquia já instalou duas sirenes, em Lisboa, e prevê mais oito, nos próximos cinco anos. Está ainda a identificar edifícios na zona da frente-ribeirinha, exposta ao risco de tsunami, para as pessoas evacuarem.
A sirene de alerta de tsunami, já instalada no Terreiro do Paço, em Lisboa, começou a soar, esta manhã, avisando as pessoas para se deslocarem até ao Rossio, por ser uma zona ampla e onde não se prevê que a onda gigante chegue. Este é um dos seis pontos de encontro definidos na zona da frente-ribeirinha para onde deverão dirigir-se quando o maremoto atingir a capital. Os outros cinco são a Praça da Figueira, Praça Luís de Camões, Jardim do Alto de Santa Catarina, Largo Adelino Amaro da Costa e Rua Museu da Artilharia.
No exercício de evacuação para testar o sistema de tsunami, cuja implementação está a ser concluída na Baixa, vários moradores ainda se lembravam do último sismo, seguido de um pequeno tsunami, em 1969. "Percebi logo que era um sismo, apanhei um susto grande. Caiu um bocado da chaminé", recordou Fernanda Soares, 80 anos. Georgina Santos, 78 anos, lembra as "garrafas a cairem do armário e as vizinhas a gritar".
Não se sabe quando será o próximo tsunami, mas sabe-se que há zonas "mais perigosas", como Santa Apolónia e Alcântara, que "será bastante afetada", alertou Raquel Milho, chefe de Divisão da Proteção Civil de Lisboa, na apresentação do Sistema de Aviso e Alerta de Tsunami no Estuário do Tejo.
O sistema inclui a instalação de sirenes e vários sinais verticais, com zonas seguras e percursos de evacuação, alguns dos quais começarão a ser instalados na próxima segunda-feira, na freguesia da Misericórdia. A Proteção Civil está ainda a identificar e avaliar a resiliência sísmica de edifícios, na frente ribeirinha. "Ás vezes é mais fácil entrar num prédio e subir ao último andar do que andar a correr", diz Margarida Martins, lembrando que se deve ir "para zonas altas".
A responsável pela Proteção Civil de Lisboa avisou ainda que há alguns problemas que têm de ser resolvidos. "Entre o rio e a cidade temos uma linha ferroviária, com muitas zonas de difícil passagem. Temos viadutos, pontes e passagens pedonais subterrâneas, que podem abater. Temos de ver a sua capacidade de resistirem", alertou.
O vereador da Proteção Civil, Ângelo Perereira, disse que a cidade fica assim "mais preparada e alerta" para este fenómeno.