Pescoço partido e sem coração: jornalista encontrado morto em fossa séptica na Índia

O jornalista indiano Mukesh Chandrakar era conhecido por investigar a suposta corrupção na indústria da construção
Foto: Mukesh Chandrakar / Facebook
O corpo do jornalista indiano Mukesh Chandrakar foi encontrado, na sexta-feira passada, numa fossa séptica no estado de Chhattisgarh. Chandrakar, que estava desaparecido desde o dia de Ano Novo, foi encontrado com sinais de ferimentos graves no complexo de uma construtora de estradas em Bijapur.
No dia 2 de janeiro, numa primeira visita ao complexo, a polícia não encontrou o corpo. "No entanto, após uma inspeção mais aprofundada em 3 de janeiro, descobrimos o corpo de Mukesh na fossa séptica", disse um agente da polícia, de acordo com a BBC.
A autópsia revelou que o jornalista de investigação freelancer, de 32 anos, sofreu ferimentos na cabeça e nas costelas, tinha o pescoço partido e o seu coração foi arrancado, refere o "India Today".
A imprensa local adiantou que quatro pessoas foram detidas, incluindo três dos seus familiares, um dos quais será o seu primo.
Chandrakar era conhecido por investigar a suposta corrupção na indústria da construção e tinha um canal do YouTube, o "Bastar Junction", com mais de 168 mil subscritores. A sua morte estará ligada a um projeto de construção de estradas na região de Bastar, que levou a uma investigação do governo.
Vishnu Deo Sai, o ministro-chefe de Chhattisgarh, considerou que a morte de Chandrakar é "de partir o coração" e prometeu a "punição mais severa" para os responsáveis pela morte. Por sua vez, o vice-ministro-chefe de Chhattisgarh, Vijay Sharma, disse que foi formada uma equipa especial de investigação para investigar o crime.
O Conselho de Imprensa da Índia solicitou um relatório sobre os "factos do caso". De acordo com o "Hindustan Times", jornalistas da região realizaram um protesto a exigir medidas rigorosas contra os supostos perpetradores.
Das vendas de licor e reparações de bicicletas a jornalista de investigação
Chandrakar nasceu em Basaguda, no distrito de Bijapur, em Chhattisgarh, uma vila que esteve entre as mais afetadas em meados dos anos 2000, quando milícias armadas e maoístas desencadearam a violência. De acordo com o "Indian Express", a sua família foi deslocada pela violência e mudou-se para um abrigo do governo em Bijapur. Depois de o pai morrer quando era criança, Mukesh foi criado pela mãe, juntamente com o irmão mais velho Yukesh. A mãe morreu de cancro em 2013.
A família não tinha dinheiro e Chandrakar chegou a vender licor mahua e a reparar bicicletas para sobreviver. Ao ver o irmão, Yukesh, a trabalhar como jornalista freelancer, desenvolveu o gosto pela profissão. Trabalhou para vários canais de notícias, incluindo "Sahara", "Bansal", "News18" e "NDTV" e também era conhecido por ajudar outros jornalistas a navegar pelo estado, muitas vezes levando-os para áreas de difícil acesso de motocicleta.
A Índia ficou em 159.º lugar entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024. Três a quatro jornalistas indianos são mortos, em média, a cada ano, de acordo com a Repórteres Sem Fronteiras.
Em maio de 2022, Subhash Kumar Mahto, um jornalista freelancer conhecido pelas suas reportagens sobre pessoas envolvidas na mineração ilegal de areia, foi mortalmente baleado na cabeça por quatro homens não identificados no exterior da sua casa em Bihar.

