
A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco
Foto: Lusa
Em cinco anos, mais de 70 elementos abandonaram estas forças de segurança para ingressar na PJ
Em cinco anos, GNR e PSP viram muitos dos seus elementos, incluindo oficiais, sair para outras forças de segurança. Mais de 70 tornaram-se inspetores da PJ. Os baixos ordenados, a falta de condições e a progressão na carreira lenta e limitada justificam a maioria das saídas.
Números da PSP enviados ao JN, em maio do ano passado, mostram que, de 2019 a 2023, perto de uma centena de polícias abandonou a corporação por opção. Quase metade (52 elementos) solicitou uma licença sem vencimento de longa duração para experimentar outras profissões, mas registaram-se saídas significativas também para organismos internacionais, sobretudo a Frontex, ligados à segurança e para a PJ (31).
Nota-se, aliás, uma tendência para, a cada ano que passa, haver mais polícias a desistir da carreira, incluindo oficiais. Em 2023, três quadros superiores concorreram à PJ, facto que aconteceu pela primeira vez no período em análise. No mesmo ano, aumentou ainda o número de polícias com licença sem vencimento de longa duração. Foram 17, três dos quais oficiais, a suspender o percurso na PSP.
Na GNR, de 2020 a maio de 2024, 42 militares (quatro deles oficiais) saíram para frequentar o curso de formação de inspetores da PJ. E outros 41, entre os quais sete com patente superior, passaram pela guarda de fronteira Frontex.
Feitas as contas, 83 militares abandonaram a GNR para ingressar nestas duas forças policiais. A estes juntaram-se muitos mais a requerer licenças sem vencimento ilimitadas.
Muitos ponderam sair
Na tese “Exodus dos oficiais da PSP: uma realidade”, finalizada no ano passado, o subintendente Bruno Pereira concluiu que mais de 91% dos oficiais da PSP consideram que a instituição tem cada vez mais dificuldade em cativar e reter quadros superiores. E cerca de 47% já ponderaram abandonar a instituição.
“Este resultado é ainda mais preocupante quando a maior franja de respondentes das percentagens indicadas se situa nas duas primeiras categorias de oficial – subcomissário e comissário –, revelando que a insatisfação se instala e consolida numa fase inicial, com 80,62% (183) a assumirem uma vontade de saída definitiva”, lê-se no estudo.
O oficial aponta o baixo salário, a falta de atratividade da profissão, a ausência de reconhecimento, as lideranças tóxicas e a lenta progressão na carreira como os principais motivos para a descrença. Entrevistado, à data, pelo JN, o ex-sargento Paulo Pinto descreveu os mesmos motivos para ter abandonado a GNR.

