Donald Trump foi hoje empossado como o 47.º presidente dos Estados Unidos, numa cerimónia no Capitólio em Washington que marca o seu regresso para um segundo mandato na Casa Branca. Trump prometeu atacar a “elite corrupta e radical” do país, acrescentando que “a idade de ouro da América começa agora”.
Corpo do artigo
"A era dourada da América começa agora. A partir deste dia, o nosso país florescerá e será respeitado em todo o mundo mais uma vez", afirmou o 47.º presidente norte-americano. “Seremos de novo uma nação rica e respeitada”, prometeu Trump, no discurso de tomada de posse, onde fez um relato muito negativo dos últimos anos de governação democrata, perante o presidente cessante Joe Biden, e garantiu que travará o declínio dos Estados Unidos.
Embora prometesse renovação, o tom de Trump era caracteristicamente sombrio, denunciando o que disse ter sido uma "traição" aos americanos por uma "elite radical e corrupta" da presidência cessante.
Diante de milhares de apoiantes reunidos em Washington, Trump proclamou que 20 de janeiro "será para sempre lembrado como o Dia de Libertação". Prometendo mudança, enfatizou, arrancando um forte aplauso: "A partir deste momento, o declínio da América acabou".
Da perseguição judicial à tentativa de homicídio
Trump também prometeu erradicar o que chamou de "instrumentalização do governo" para fins políticos, acusando o Departamento de Justiça de ter sido usado contra si e contra os seus apoiantes. "A perseguição acabou! O tempo da injustiça terminou!", disse Trump, referindo-se aos processos legais que enfrentou durante os últimos anos.
"A minha própria vida foi quase tirada, mas fui salvo por Deus para fazer a América grande novamente", lembrou Trump, referindo-se aos atentados de que foi vítima durante a campanha eleitoral.
Exército na fronteira e abandonar políticas climáticas
Outra promessa no discurso inaugural de Trump foi a expulsão de "milhões e milhões" de imigrantes ilegais, um dos principais focos da sua campanha eleitoral. "Primeiro, declararei o estado de emergência na nossa fronteira sul" com o México, disse o presidente, acrescentando que vai enviar o Exército para patrulhar essa região.
"Todas as entradas ilegais serão imediatamente bloqueadas e iniciaremos o processo de devolução de milhões e milhões de estrangeiros criminosos para onde vieram", acrescentou.
Outra emergência nacional declarada pelo presidente foi uma energética. "A crise inflacionária foi causada por gastos excessivos e preços crescentes da energia, e é por isso que hoje também vou declarar uma emergência energética nacional. Vamos perfurar, baby, perfurar!'", exclamou Trump, afastando-se das políticas climáticas de Joe Biden.
Este distanciamento foi reforçado pela a administração do presidente Trump, que anunciou, também hoje, a intenção de os Estados Unidos se retirarem do Acordo Climático de Paris pela segunda vez. "O presidente Trump vai retirar-se do Acordo Climático de Paris", disse a Casa Branca em comunicado logo após o republicano ter tomado posse.
Recuperar o Canal do Panamá
Trump prometeu que os Estados Unidos iriam "recuperar" o Canal do Panamá, que diz estar a ser controlado pela China. "Acima de tudo, a China está a operar o Canal do Panamá, e não o demos à China, demos ao Panamá. E estamos a recuperá-lo", defendeu no discurso inaugural.
O Panamá mantém o controlo do canal, mas as empresas chinesas têm vindo a aumentar a presença em redor da importante ligação marítima entre os oceanos Atlântico e Pacífico. O Panamá nega que a China tenha qualquer papel na administração do canal e tem afirmado repetidamente a sua soberania sobre a via navegável desde que Trump ameaçou tomá-la pela primeira vez, depois de ter sido eleito em novembro.
Mas também se apresentou como um pacificador e destacou o acordo de cessar-fogo em Gaza, cuja implementação começou no domingo: "O meu legado de maior orgulho será o de um pacificador e unificador. É isso que eu quero ser — um pacificador e um unificador."
Além disso, Trump disse os Estados Unidos começariam a referir-se ao Golfo do México como "Golfo da América". "A América recuperará o seu lugar de direito como a maior, mais poderosa e mais respeitada nação da Terra, inspirando o espanto e a admiração do mundo inteiro", prometeu no seu discurso.
Reconhecer apenas dois géneros e chegar a Marte
"Também acabarei com a política governamental de tentar aplicar a engenharia social à raça e ao género em todos os aspetos da vida pública e privada... A partir de hoje, será política oficial do governo dos EUA que existam apenas dois géneros, masculino e feminino", disse Donald Trump no seu discurso, pondo fim à prática atual de fornecer uma terceira opção de género.
Mais ambiciosa é a promessa de colocar a bandeira norte-americana em Marte. "Seguiremos o nosso destino manifesto rumo às estrelas, lançando astronautas americanos para plantar a bandeira dos Estados Unidos no planeta Marte", enfatizou Donald Trump. O presidente prometeu que a maior economia do mundo voltaria a ver-se como "uma nação em crescimento" que expande o seu território.
Taxar outros países
Donald Trump mostrou-se preparado para guerras comerciais, ao prometer tarifas e impostos sobre outros países durante o discurso de tomada de posse. "Vou iniciar imediatamente a reformulação do nosso sistema comercial para proteger os trabalhadores e as famílias americanas", disse no Capitólio dos EUA.
"Em vez de taxar os nossos cidadãos para enriquecer outros países, vamos tarifar e taxar os países estrangeiros para enriquecer os nossos cidadãos", acrescentou. Trump reiterou o seu plano de criar um "Serviço de Receitas Externas" para arrecadar tarifas, impostos e receitas, juntamente com o estabelecimento de um "Departamento de Eficiência Governamental" com o objetivo de cortar nas despesas federais.
Arranca o segundo mandato
Trump encerrou o seu discurso reiterando uma mensagem de resiliência. "Muitas pessoas pensaram que era impossível eu regressar. Mas, como podem ver, aqui estou. (…) Na América, o impossível é o que fazemos melhor", concluiu Trump.
O juramento do novo líder norte-americano foi realizado logo após a posse do seu futuro vice-presidente, JD Vance, com o qual liderou a nomeação do Partido Republicano, que, em 5 de novembro de 2024, venceu as eleições presidenciais contra a candidatura democrata encabeçada por Kamala Harris.
A cerimónia em Washington foi marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com escassos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia (UE), à exceção da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Donald Trump inicia a partir de hoje um segundo mandato na presidência dos Estados Unidos, após a sua liderança na Casa Branca entre 2017 e 2021 e de perder a reeleição para o democrata Joe Biden, a quem sucede agora no cargo.
Sob a cúpula do Capitólio, colocando uma mão sobre uma Bíblia herdada da mãe, o novo presidente que aos 78 anos se tornou no governante mais velho numa cerimónia de investidura, levantou a outra para jurar "proteger a Constituição".