Falta de pessoal especializado e custos elevados travam transição digital no Norte
Um estudo que abarcou cerca de 600 empresas do Norte de Portugal concluiu que "apenas uma pequena percentagem" tem recursos humanos especializados na digitalização. Embora reconheçam os benefícios da transformação digital, alegam falta de pessoal e dificuldades em suportar os custos da mudança.
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O trabalho de campo, que auscultou 611 empresas, concluiu que há uma "evolução positiva na importância que as empresas atribuem aos temas de transição digital", apesar das dificuldades de implementação de soluções digitais. Segundo o ensaio, que analisou a maturidade digital, 76% dos negócios inquiridos tem presença digital, mas muitas vezes rudimentar.
“Esta utilização simplificada das plataformas digitais reflete a pouca complexidade tecnológica com que as empresas operam”, muito centradas no serviço ao cliente, embora reconheçam a importância do digital no futuro. “De uma forma geral, as inquiridas preveem que ocorra, nos próximos anos, um aumento da importância dos canais digitais, criando também uma oportunidade relevante de apoio às pequenas e médias empresas, no seu processo de transição digital”, acrescenta o documento.
“As empresas reconhecem os benefícios potenciais” da transformação digital, que “associam a custos elevados”, pode ler-se no estudo, o primeiro de três no âmbito do projeto Acelerar o Norte, iniciativa dirigida às micro, pequenas e médias empresas das oito sub-regiões do Norte do país dos setores do comércio, dos serviços pessoais e da restauração e similares. "A maioria das inquiridas referiu a dificuldade em suportar os custos associados à aquisição de novas tecnologias ou à contratação de serviços especializados."
Uma carência atacada com a oferta de "vouchers" de dois mil euros às empresas, no âmbito do apoio financeiro promovido pelo projeto Acelerar o Norte, desenvolvido em Consórcio liderado pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e copromovido pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) e pela Associação da Economia Digital (ACEPI). “Possibilita a aquisição de serviços” em diferentes áreas da transição digital, disponibilizados por diversos fornecedores e ajudando “a ultrapassar o obstáculo do custo inicial associado à digitalização.”
Falta de pessoal especializado
Outra das dificuldades reveladas reside na falta de pessoas dedicadas à transformação digital. “Apenas uma pequena percentagem das empresas inquiridas, 18%, tem recursos humanos especializados ou uma equipa dedicada à digitalização”, lê-se no documento. “O que manifestamente demonstra a carência de capacidades internas nas organizações", que o programa Acelerar o Norte pretende ajudar a atacar com "a disponibilização de uma Academia Digital”, que “permitirá o desenvolvimento de competências específicas nestas áreas promovendo, assim, o aumento da literacia digital e qualificações dos recursos humanos destas empresas."
O projeto disponibiliza ainda uma ferramenta de avaliação de maturidade, uma forma de identificar as áreas de intervenção e a “definição de planos de ação” adaptados às necessidades das empresas. Um diagnóstico que tem acompanhamento das equipas das Aceleradoras de Comércio Digital”, empresas contratadas pelo consórcio que “são responsáveis por garantir que as empresas dispõe de conhecimento sobre as ferramentas de digitalização disponíveis e adequadas à sua atividade e objetivos."
Estas aceleradores digitais, criadas com apoio e orientação das associações locais, que melhor conhecem o tecido empresarial de cada município ou zona de intervenção, "atuam como agentes de mudança e fornecem orientação e apoio técnico na implementação de planos de transição digital autonomizadas para cada empresa", lê-se ainda no estudo promovido pelo programa Acelerar o Norte. Uma iniciativa que visa “impulsionar a transição digital e o crescimento económico no Norte de Portugal, de sectores de atividade tão relevantes para a criação de emprego, a valorização do território e apoio às comunidades – o comércio, os serviços e a restauração e similares.”

