Estado e plataformas ganham milhões, mas os 60 mil motoristas são cada vez mais precários e a associação que os representa fala em tráfico humano. Governo admite melhorar.
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Cinco anos depois da lei que legalizou o transporte individual de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica (TVDE), o setor está a crescer 50% ao ano, mas a legislação não trava um modelo de funcionamento em que, de um lado, as plataformas eletrónicas e o Estado se saciam com as receitas, e do outro há 60 mil trabalhadores precários, muitos endividados, que aderem a esquemas que a associação do setor classifica de “tráfico humano”.
O setor do TVDE funciona desde 10 de agosto de 2018, mas o crescimento foi mais acentuado no último ano. Desde setembro até agora, segundo o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), todos os indicadores cresceram cerca de 50%: o número de plataformas passou de oito para 12, o de empresas cresceu de 10.284 para 14.840 e o de motoristas passou de 41.729 para 62.892. Haverá desistências, mas só no próximo ano serão contabilizadas, quando as primeiras licenças forem revalidadas.