Espetáculo dos Bang on a Can All-Stars que recria obra do compositor japonês acontece esta sexta-feira à noite no Theatro Circo, em Braga. Ao JN, a violoncelista Arlen Hlusko garante ter ficado “surpreendida” com arranjos.
Corpo do artigo
Os Bang on a Can All-Stars vão estar esta noite no Theatro Circo, em Braga, para apresentar uma seleção de composições extraídas do disco de Ryuichi Sakamoto “1996”, com arranjos de Ken Thomson que asseguram novas interpretações da obra do mestre japonês.
Na antecâmara do concerto, a violoncelista da banda, Arlen Hlusko, em estreia nos palcos portugueses, garantiu estar “muito animada” por subir ao palco, num quinteto que integra ainda Vicky Chow (piano), David Cossin (percussão), Mark Stewart (guitarras) e Ken Thomson (clarinete).
“A partir da música de Sakamoto, tão colorida e brilhante, foi criado um arranjo que explora os nossos pontos fortes como indivíduos e como grupo, tornando a apresentação uma experiência emocionante e alegre. Espero que isso seja contagiante para o público”, diz a artista, “impressionada” com a “forma perfeita” como os arranjos permitiram adaptar as composições à banda norte-americana.
Pegando em temas imortais como “Forbidden colours” ou “Merry Christmas, Mr. Lawrence”, a violoncelista garante que “foi divertido” ver cada membro “apropriar-se da sua parte e dar o seu toque pessoal, tornando a música sua”. “Com essa instrumentação, ouvimos novas perspetivas para este álbum primoroso de Sakamoto. Admito que fiquei um pouco surpreendida com a diferença que senti ao dar vida às peças com a nossa instrumentação face ao universo sonoro a que estava habituada a ouvir no álbum”, assegura Arlen Hlusko.
Composições ricas
Ao longo dos quase 50 anos de carreira, Ryuichi Sakamoto estabeleceu-se como um dos mais proeminentes compositores mundiais, construindo uma carreira que atravessou um vasto leque de géneros, da música pop à eletrónica vanguardista, passando por música orquestral e icónicas composições para cinema, que lhe valeram um Oscar.
Na conversa com o JN, Arlen Hlusko considera a música de Sakamoto “intemporal” e “incrivelmente rica emocionalmente”, sublinhando que o compositor nipónico “era mestre em contar uma história inteira em poucos sons, em pintar um mundo de emoções com uma única frase”.
Neste álbum, Hlusko identifica “melodias vibrantes, desenvolvimentos efervescentes e exclamações poderosas”, mas também “muitos momentos que são silenciosamente condutores e só funcionam quando o conjunto está em total sincronia”.
“Há algo para todos neste álbum”, frisa, lançando o desafio ao público para que aceite o repto de explorar as “profundezas da escrita emocional” de Sakamoto. “É emocionante sentir o público reconhecer as músicas mais famosas do repertório e também ouvir canções que talvez não conheçam tão bem”, conclui.
Depois do Theatro Circo, os Bang on a Can All-Stars vão levar as composições de Sakamoto ao Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, num espetáculo marcado para o próximo domingo, às 16 horas.