Advogado renuncia à defesa de quatro suspeitos de tráfico internacional de cocaína

Julgamento decorre com medidas de segurança reforçadas
Foto: Joaquim Gomes / JN
O início do julgamento da rede de tráfico de droga à qual a Polícia Judiciária de Braga apreendeu 105 quilos de cocaína, escondidos num contentor com bananas, ficou marcado, esta quarta-feira, por um incidente processual, com um advogado a deixar de defender os arguidos.
O caso deu-se quando um dos quatro alegados operacionais do grupo, natural da República Dominicana, prestava declarações no Tribunal de Braga e procurou afastar-se do seu envolvimento com outros três arguidos.
O advogado Frederico Miguel Alves representa os quatro estrangeiros, todos em prisão preventiva, pelo que, perante a postura do arguido, Frank Canela, viu-se na "obrigação deontológica" de renunciar à defesa de todos.
Em causa está a apreensão de 105 quilos de cocaína, escondidas num contentor com bananas, num armazém de fruta, em Barcelos, em 20 de dezembro de 2022, que levou ao desmantelamento do grupo de nove suspeitos, seis dos quais estrangeiros. Os dois primeiros operacionais a falar, a quem cabia retirar a droga do contentor, o norte-americano Pedro Xavier Garcia e o dominicano Yunior Salvador Suazo, confessaram o seu envolvimento, só que de uma forma solidária.
Já Frank Canela disse que tinha aceite o encargo de retirar a cocaína do contentor em troca de cinco mil euros, tal como os outros três operacionais, mas afirmando que não teve o controlo da situação, passando aos outros os seus contactos.
Entretanto, os principais arguidos, dois espanhóis, Manuel Gonzalez e Adan Vol, recusaram prestar declarações, assim como três suspeitos de participar na entrada e esconderijo da cocaína, em Portugal, Rui Miranda, Eugénio Teixeira e José Vicentini.
O advogado Carlos Melo Alves, que defende Manuel Gonzalez, afirmou ao JN que "a procissão ainda vai no adro, em termos de prova no julgamento". Acrescentou que está longe de se provar o envolvimento do seu cliente no caso, "muito menos que fosse líder do grupo".
O julgamento continuará na próxima semana, no Palácio da Justiça de Braga, com a audição do quarto operacional, Kurvin Anthonio Bergonje, um holandês, assim como dos principais inspetores da PJ de Braga que participaram na operação antidroga.
