
Rui Calçada, diretor da FEUP
Foto: Ricardo Santos
Entrevista a Rui Calçada, diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
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A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) mantém uma relação robusta com o universo da água. Abrange formação académica, investigação de ponta, parcerias com a indústria e um compromisso com a sustentabilidade. A Águas do Douro e Paiva (AdDP) é, desde 2020, um dos parceiros estratégicos da Faculdade e integra o programa FEUP Prime.
Que significado tem esta colaboração entre a FEUP e a AdDP?
Significa que a AdDP é uma empresa que aposta numa relação de colaboração próxima com a FEUP, através de um contacto direto com o talento, o conhecimento e a inovação. Assim, tem a capacidade de se manter na vanguarda e de responder de forma inovadora aos desafios.
Quais os objetivos desta cooperação?
Por exemplo, o desenvolvimento de soluções tecnológicas avançadas para melhorar a gestão de infraestruturas hídricas, incluindo sistemas de monitorização e controlo de redes de abastecimento. Outro é a promoção do uso sustentável dos recursos hídricos, com foco na redução de perdas e no aumento da eficiência energética nos processos de captação, tratamento e distribuição. Acrescento a capacitação técnica e formação para profissionais do setor e para estudantes da FEUP, através de projetos colaborativos e estágios. Finalmente, projetos de investigação que abordem temas como a otimização da qualidade da água, gestão de infraestruturas e adaptação a mudanças climáticas, aplicando os resultados diretamente na prática de gestão da AdDP.
Ambas as partes ganham?
Na colaboração entre a FEUP e a AdDP ambas as partes ganham. Permitem à FEUP aplicar conhecimento de ponta em contexto prático e possibilitam à empresa inovar nos seus processos com base em soluções científicas inovadoras.
Que tipo de projetos estão a ser desenvolvidos em conjunto?
A colaboração entre a FEUP e a AdDP abrange uma variedade de projetos. Focam-se principalmente em áreas de inovação tecnológica e sustentabilidade no setor hídrico. Alguns incluem gestão inteligente de redes de distribuição de água, através da implementação de sensores e softwares avançados; a eficiência energética em sistemas de abastecimento; a qualidade da água e a sustentabilidade ambiental, com investigação de novos métodos de purificação e controlo de poluentes; a adaptação às alterações climáticas com estudos de resiliência da rede e soluções para garantir a continuidade e segurança no fornecimento; e o desenvolvimento de novas tecnologias de tratamento de águas residuais. Um projeto de relevo em que participámos foi aquele em que foram produzidas 13 milhões de telhas a partir de 1700 toneladas de lamas.
Existem outros projetos no âmbito do programa FEUP Prime na área da água?
Sim. Essas parcerias permitem a transferência de conhecimento entre a academia e o setor empresarial, promovendo benefícios mútuos. Além da colaboração com a AdDP, outras empresas estão envolvidas em projetos relacionados com o universo da água, particularmente nas áreas de inovação tecnológica, sustentabilidade e gestão de infraestruturas. Esses projetos refletem a aplicação de soluções tecnológicas avançadas, que não apenas beneficiam o setor hídrico, mas também se alinham com os objetivos de inovação e sustentabilidade das empresas envolvidas.
Porque é cada vez mais importante a investigação aplicada a problemas reais?
É crucial porque aborda desafios complexos e urgentes, como as alterações climáticas e a gestão sustentável dos recursos. A investigação aplicada fomenta a inovação tecnológica, com impacto direto na indústria e na sociedade, proporcionando soluções práticas e eficazes. Este tipo de investigação também é essencial para a transferência de conhecimento entre universidades e empresas, facilitando a colaboração e a adaptação às mudanças globais, como a digitalização e a transição energética. Além disso, atrai financiamento público e privado por oferecer um retorno rápido e concreto sobre o investimento. O seu impacto é direto, resolvendo problemas locais e contribuindo para o desenvolvimento sustentável a longo prazo, beneficiando tanto a economia quanto o meio ambiente.

